O trio de forró “Jeito Nordestino” existe desde 18 de maio de 2004. Criado por Adeildo Targino Lopes, o Dinho Bulau, vocalista e triangueiro do grupo, nasceu a partir de uma brincadeira entre seus familiares e amigos. Natural de Campina Grande-PB, Bulau teve seu primeiro contato com a música ainda na infância e a família representa a sua primeira referência musical. Em casa admirava o trabalho de quatro sanfoneiros e dois zabumbeiros, além de sua mãe, cantora. “Minha canção de ninar era o forró e minha primeira palavra (…) já falei cantando, não tinha como ser diferente, está no sangue”, brincou.
Acesse aqui o conteúdo multimídia “Gente Nossa” apresenta: Jeito Nordestino
Em 2014 o grupo chega à sua terceira formação. Dinho Bulau e o zabumbeiro Geovanni Campos Sousa estão no grupo desde o início. Já Cristian Weverton Barbosa Rodrigues é o quarto sanfoneiro a atuar na história do “Jeito Nordestino”, integrando o trio há três anos. A proposta do “Jeito Nordestino” é renovar o forró pé-de-serra com canções que falam do povo paraibano, das suas histórias, tradições, de suas alegrias e tristezas, letras que cantam o Nordeste. “Nosso trabalho é esse, é renovar. Vemos que grandes nomes, ícones da música nordestina estão partindo, por isso acreditamos que o mercado precisa de novos artistas, jovens que cantem e levantem a bandeira desse segmento musical”, ressaltou Bulau.
O nome “Jeito Nordestino” foi uma sugestão de Antonio Brito, cunhado de Bulau. Ele observou que o povo nordestino traz consigo características próprias, fortes e marcantes, um jeito único e especial de ser, traços compatíveis com a proposta musical do grupo, que também faz referência a grandes nomes da música nordestina como Luiz Gonzaga. “A maior influência para quem se diz forrozeiro é Luiz Gonzaga. Estamos com uma década, o “Rei do Baião” já está com cem anos e a força de sua música vem se fortalecendo mais e mais. Costumo dizer que o forró pé-de-serra é como ‘fogo de monturo’, aquele fogo que fica por baixo das cinzas da fogueira, que quando a gente pensa que a fogueira se apagou, basta soprar que ela reascende”, contou. Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Marinês, Trio Nordestino e Os Três do Nordeste também foram citados.
O “Jeito Nordestino” já levou o som do forró a vários recantos do país e exterior. Em 2005, participou de um evento divulgando o São João do Nordeste em Brasília, na presença do então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Também estiveram em cidades como Bruxelas, na Bélgica, Paris, na França, Buenos Aires, na Argentina, e Quito, no Equador. Em 2014 completa 10 anos de estrada com 5 CDs e 2 DVDs gravados. O último trabalho celebra a década, contemplando releituras de clássicos da música popular nordestina. Dentre as composições de Bulau está “Nordeste Aclamar”, finalista do “Forró Fest” e regravada pelo padrinho do trio, o cantor Alcymar Monteiro.
A identidade do “Jeito Nordestino”
Dinho Bulau (30), vocalista e triangueiro do grupo, apesar de formado em Geografia (UEPB) buscou conhecimentos na área da música, sua paixão. Estudou na Escola Sinfônica do Maestro Edmar Miguel e seguiu carreira musical. O amadurecimento levou o cantor e o trio “Jeito Nordestino” a buscarem uma identidade própria. Assim nasceu o personagem Dinho Bulau, que traz consigo traços culturais nordestinos do repertório às vestimentas.
O gibão, o bizaco e o chapéu de couro são elementos indispensáveis às apresentações do vocalista. As tradicionais vestimentas dos vaqueiros nordestinos incorporadas por Bulau foram determinantes no processo de criação da identidade do “Jeito Nordestino”. “Notamos que cada grupo possui características próprias, além do estilo musical. Nos “Três do Nordeste”, por exemplo, todos se apresentam de coletes. Eu quis tornar a imagem do vaqueiro uma das nossas características”, disse.
O primeiro contato com o gibão aconteceu numa das apresentações da quadrilha junina “Moleka 100 Vergonha” de Campina Grande-PB. O tema era “Lampião” e os quadrilheiros estavam devidamente caracterizados. Bulau cantava e pediu para também usar o gibão. “Na hora que eu coloquei o gibão, me arrepiei dos pés a cabeça. Eu pensei comigo mesmo: achei o que eu estava procurando. A partir desse dia, eu nunca mais tirei o gibão para cantar (…) eu sinto, como se ele (Luiz Gonzaga) estivesse presente”, contou.
O mercado musical e as dificuldades
O “Jeito Nordestino” trabalha de janeiro a janeiro e no período compreendido entre os meses de maio e julho – com destaque para o mês de junho, realizam uma média de 40 shows. Em 2014 o grupo participou d’O Maior São João do Mundo – a festa junina de Campina Grande-PB, pela oitava vez consecutiva, se apresentando no palco principal do evento.
Porém, o grupo já passou por alguns obstáculos, sobretudo no tocante a desvalorização e apoio à música de raiz. Segundo Bulau, o grupo nunca pensou em desistir, mas confessa que já pensaram em “dar um tempo”. O cantor acredita que a grande mídia está sufocando o forró tradicional e não dá espaço para os artistas dessa vertente, sejam iniciantes ou consagrados. “Nas rádios e televisão tocam música de baixo escalão, músicas vendáveis por uma semana, falando de prostituição, pornografia, desvalorizando a imagem da mulher”, disse.
Por outro lado há o apoio da família, dos amigos e do empresário – Alvésio Nascimento, que incentivam e dão força, fazendo com que o “Jeito Nordestino” continue trilhando o seu caminho, levantando a bandeira do autêntico forró de raiz.
A mensagem do Dinho Bulau e Jeito Nordestino
Dinho Bulau, em nome dos demais integrantes do “Jeito Nordestino”, agradeceu o convite e ressaltou a importância do projeto “Gente Nossa” para a valorização da cultura, do cenário musical, das histórias de vida e do trabalho de cada artista paraibano. “Que vocês valorizem mais a família, amem mais, o amor é a base de tudo”, concluiu.