ESPECIAL: Chico de Assis: o artista da palavra rimada

Campina Grande, 29 de novembro de 2014  ·  Escrito por Mayra Pereira  ·  Editado por Giordani Matias
DESTAQUE CHICO DE ASSIS - 803 X 400

Chico de Assis em entrevista no “Gente Nossa”

Filho de Francisco Paulo da Silva e Rita neves, Francisco de Assis Silva nasceu em 17 de outubro de 1956 na cidade de Ouro Velho, Paraíba. O universo poético sempre esteve presente na vida do Francisco de Assis desde a infância, pois os seus pais escreviam versos e estrofes que retratavam o cenário onde moravam, na cidade de Ouro Velho.
Deste então, Franscisco começou a desenvolver o dom e a prática de escrever poesias. Em 1976, quando se mudou para a cidade de Campina Grande, escrevia cartas para seus familiares em formas de versos, expressando a saudade que sentia da sua terra natal. Em 1978, o seu irmão Luís Paulo resolveu registrar todas as estrofes escritas por Francisco num caderno, formando o primeiro acervo de versos do poeta.
Aos 22 anos, Francisco passou a ser conhecido como Chico de Assis, pois começou a escrever suas poesias com a intenção de publicá-las profissionalmente. Nesse período, ele conheceu o cordel através do romance “O Pavão Misterioso”, obra de José Camelo de Melo Rezende com mais de 90 anos.
A partir do primeiro contato com o cordel aprimorou a leitura e aprofundou as suas produções no contexto da literatura popular. “Quanto mais eu me envolvia com a poesia, mais eu me aprofundava nas histórias dos meus cordéis”, afirmou o poeta.
Para escrever as suas poesias, Francisco se inspira no sentimento da saudade que sente pela cidade de Ouro Velho. Segundo o poeta, seus primeiros versos foram surgindo devido às viagens que ele realizava em busca de trabalhos para oferecer uma qualidade de vida melhor para sua família. Com essa personalidade de viajante, Chico produziu os seus poemas e, até hoje, ainda continua a evidenciar o sentimento da saudade pelo cariri paraibano nos seus versos.
O primeiro livro publicado foi publicado em 1984, chamado “Bom dia as coisas do mundo”. Em 1988, Chico de Assis firmou a sua carreira como cordelista em Campina Grande – PB. A sua família apoiou a iniciativa em disponibilizar para o mercado os seus cordéis e seus livros de poesia.
Entre os seus trabalhos publicados também estão: “O pedaço do pão dela”, “Doutor Amatutado”, “O ‘Q‘ da minha história”, “Ideia de bicho”, “Sonho de paz” e “O baú da nega”.
No cordel “Ideia de bicho”, cada página no cordel que Chico conta a história de algum animal, a poesia é acompanhada com uma ilustração e costuma ser lida pelo público infantil. Muitos contos escritos por Francisco surgem da experiência cotidiana e dos sonhos. “Minha criação vem daquilo que eu já vivi e do que costumo sonhar”, comentou o cordelista.
Chico já recebeu homenagens na cidade de Ouro Velho, por sua autoria na criação da bandeira e do Hino da cidade. Além disso, chegou a ser condecorado pelos serviços prestados a cultura paraibana.
No ano de 1984, Francisco de Assis participou de um concurso de poesia promovido pelo Serviço Social do Comércio (SESC), onde ganhou o primeiro lugar. Possui poemas na coletânea “Poética I”, em 2003, e no livro “Gotejar de Rimas” de Pedro Paulo da Silva, irmão de Chico e também escritor. Tem participação na coletânea “Poetas de Campina Grande” e é membro da Associação Campinense de Poetas e Escritores (ACPE). O poeta é sócio-fundador da Casa do Poeta Brasileiro (POEBRAS), seccional de Campina Grande – PB. Em 1986, participou do “Cadernos Literários”, nº 8, pela Edições Caravela.

Em sua trajetória, o poeta construiu o Centro de Recreação e Atividade Infantil (CRAI), onde a sua esposa Suely Brasileiro e a equipe de professores trabalham com o ensino e a prática dos cordéis para as crianças. A escola foi fundada em 1999 e possui 15 anos de história. “O cordel deveria ser inserido nas escolas e devem trabalhados com bastante vigor nas aulas de literatura, pois é uma forma de valorizá-lo e trata-se de um trabalho que surgiu da cultura popular nordestina”, relata Francisco.
Segundo Chico de Assis trabalhar apenas com o cordel é difícil. Logo, é necessário buscar atividades profissionais paralelas a sua produção de poesias. O repentista exerce atividades como eletricista, encanador e pedreiro, de onde ele retira o sustento da sua família e financia as publicações de seus cordéis e livros.
Em seu novo trabalho: “Rima, Métrica e Conteúdo”, Chico apresenta uma produção crítica voltada para as práticas poéticas que saíram das escolas e o seu livro pretende proporcionar ensinamentos sobre as técnicas utilizadas para escrever um cordel. Para o escritor, esse trabalho constitui um manual para quem deseja produzir essa literatura popular e a publicação está prevista para o final de 2014, “o livro irá ajudar muitas pessoas que desejam escrever poesias, mas não sabe por onde começar”, comentou.
Em suas visitas pelas escolas de Campina Grande – PB, já chegou a vender cerca de 100 cordéis em 40 minutos. Nas apresentações Chico de Assis declama e ensina para os jovens o que é uma quadra, uma trova, um quarteto, um terceto e um soneto nos textos poéticos. O repentista explica que a poesia, segundo o dicionário, é a arte de expressar o sentimento e a beleza através da palavra rimada.

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