ESPECIAL: Rui Vieira: o poeta apaixonado pela cultura popular nordestina

Campina Grande, 14 de junho de 2015  ·  Escrito por Manoel Vicente Neto  ·  Editado por Ana Karoline Santos e Victor Posse  ·  Fotos de Aline Herculano

Natural de Remígio, radicado em Campina Grande, Rui Vieira é formado em Jornalismo pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), funcionário do Banco do Brasil aposentado, escritor, pesquisador da literatura popular, é membro da ACI (Associação Campinense de Imprensa) e sócio da Casa do Poeta de Campina Grande. Sua principal atividade hoje é pesquisar a poesia popular, causos e muito humor. Em janeiro de 2015 passou a integrar a academia de cordel do Vale do Paraíba.

O trabalho de Rui Vieira é considerado de muita valia para pesquisadores da poesia popular nordestina. Rui Carlos Gomes Viera nasceu em 15 de Setembro de 1947 na cidade de Remígio na Paraíba, filho de José Félix Vieira e Teresa Gomes Viera. Veio para Campina Grande com três anos de idade, Rui conta que seu pai tinha uma biblioteca admirável, o que possibilitou seu contato com a leitura, desde muito cedo.

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Algumas das obras do poeta Rui Vieira que marcaram sua carreira enquanto literário

O poeta Rui Vieira, lembra que começou a escrever poesia ainda na escola aos 13 anos de idade, “quando menino era apaixonado por uma garota na escola em que estudava, e fiz uma poesia para a garota e foi assim que tudo começou”. O escritor teve influência do poeta Jansen Filho e na prosa poética ele se inspirou em Humberto de Campos. Sua paixão pela cultura popular nordestina surgiu ao acompanhar as cantorias na cidade de cajazeiras. Ao relembrar o inicio de seu trabalho e suas inspirações, Rui define o ser poeta com uma citação de Plínio Salgado, “Os Poetas nascem feitos e os oradores os fazem ser poeta”.

O poeta tem três livros publicados, o primeiro deles intitulado como “Grito” foi lançado em 1992 e reúne uma seleção de poemas que marcam a sua juventude. Seu segundo trabalho foi publicado em 2008, o “Baú de Putaria” é um livro de causos cômicos, dos poetas populares usando o vocabulário próprio ou impróprio dos versos de improviso. Em 2012 lançou o “Dicionário Temático Da Poesia Popular Do Nordeste”, O dicionário é resultado de cinco anos de pesquisa.

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Escultura que retrata Rui Vieira elaborada pelo renomado escultor Isaías Alves da Costa (Mestre Zaia)

Além das obras de sua autoria, Rui participou de edições de livros regionais e nacionais como “A Paraíba 500 anos do Brasil” de 2000, e a coletânea “Inventário Lírico” de 2014. Além de edições de cordéis com temas políticos, esportivos e contra o trabalho infantil. Futuramente o poeta pretende lançar um livro com suas crônicas publicadas na coluna “Raízes e Histórias”, pelo já extinto Jornal Diário da Borborema. “Presepadas para Gente Grande” é seu mais novo livro que será lançado entre o final de junho e o começo de julho de 2015, a obra é uma coletânea de poesias em cordel e presepadas como já define o sugestivo título do livro.

Rui Vieira destaca a importância do poeta e cordelista Manoel Monteiro e do Bibliófilo, Historiador e Professor Átila de Almeida, e os define como divulgadores da cultura popular em Campina Grande e na Paraíba. Manoel através dos seus cordéis e Átila por sua pesquisa e coleção de títulos e obras de caráter raro. A falta de incentivo e divulgação da cultura popular na infância é uma crítica de Rui Vieira. “Falta mais divulgação e apoio para a cultura popular, falta poesia nas escolas e nas Universidades”, lamenta o poeta. Ele ainda defende a existência de uma disciplina escolar dedicada a cultura popular para que nossas raízes poéticas e culturais não sejam esquecidas.

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