Lenira Rita durante apresentação de sua quadrilha numa escola pública (Foto Hugo Rocha)

 Com 83 anos de vida, Lenira Rita tem sua história entrelaçada na cultura popular nordestina. Fundadora da quadrilha Arraial da Felicidade (criada há 40 anos), essa senhora de voz calma e olhos atentos enfrenta os desafios para manter viva a arte de expressão nas quadrilhas juninas. Batalha esta constante, em tempos onde a modernização se consolida no meio cultural. Arraial da Felicidade representa as classes populares engajadas em preservar uma tradição tipicamente nordestina. Quadrilheiros, organizadores e vizinhos cumprem um papel importantíssimo para que, de maneira coletiva, a cultura da quadrilha junina seja reavivada a cada ano.

   Tendo Lenira Rita como o eixo central que move toda essa massa no mês de junho, busca através do seu conhecimento e pensamento enraizado no folclore, manter as características das quadrilhas tradicionais, onde, como a própria diz “era a melhor época, onde não se pensava em competição, em prêmios, só era pela cultura, pelo folclore mesmo”.

   O Arraial da Felicidade, quadrilha organizada por Lenira, é considerada a quadrilha junina mais antiga de Campina Grande, título este, que enche de orgulho a senhora que abre as portas da sua casa, no bairro do José Pinheiro, e mostra todos os troféus conquistados e as homenagens públicas recebidas por seu envolvimento na manutenção da cultura popular paraibana. Saudosa, lembra de quando comandava o Pastoril em uma escola onde ensinava: “era bom mostrar a cultura para aquelas meninas, ensinar mesmo sabe? (…). Hoje em dia me deixa triste não ver mais isso nas escolas. Não se ensina mais a cultura do pastoril”, completa dizendo que, no Arraial da Felicidade ela se realiza, pois mantem viva a cultura que tanto move a sua vida.

   Contar a história de Lenira Rita é falar do surgimento do Maior São João do Mundo. É impossível desvincular. E é essa cultura que move Lenira Rita a continuar a propagar o folclore por onde passa com o entusiasmo de uma quadrilheira em vésperas de apresentação e com a calma de uma senhora sentada numa cadeira de balanço em sua calçada.