Em 16 de Julho de 1933 no então Distrito de Lagoa Seca, pertencente a época ao município de Campina Grande-PB, José Calixto da Silva agraciou o mundo com a sua chegada. Um dos principais instrumentistas, sanfoneiros e compositores da música brasileira, sendo a principal referência quando se fala em sanfona de oito baixos.
Zé Calixto iniciou o aprendizado do instrumento ainda na sua infância, podemos denominá-lo de autodidata, por ter aprendido a tocar o fole sozinho, mas ressaltando que a primeira sanfona de oito baixos que tocou foi a de seu pai João de Deus. Sua intimidade com o instrumento foi visível de imediato e aos 10 anos já tocava para o povo dançar, aos 12 tocava em bailes, e a partir dos 15 anos começou a apresentar-se nos programas das rádios locais, a exemplo das rádios Cariri, Borborema e Caturité.
O sanfoneiro lembra-se dos momentos que viveu, principalmente no início de sua carreira: “Eu me apresentava no programa Retalhos de Sertão na Rádio Borborema, era um programa apresentado e desenvolvido por violeiros como Zé Gonçalves, Cícero Bernardes, entre outros”. A convite do músico Antônio Barros (da dupla Antônio Barros e Cecéu), com o propósito de difundir a música nordestina, Zé Calixto mudou-se para o Rio de Janeiro no fim da década de 50. Desde então o sanfoneiro seguiu sua vida no Rio, sem esquecer de suas origens nordestinas.
Hoje o precursor do fole de oito baixos recorda-se do convite feito por Antônio: “Foi ele quem me incentivou a ir para o Rio de Janeiro, certa vez Antônio me disse: ‘Zé eu fui convidado para fazer um teste de gravação cantando, caso dê certo, você vai gravar também”. Assim Zé Calixto tocou para o produtor o fole de oito baixos e, a apresentação agradou tanto, que o elaborador artístico de imediato fechou contrato para a promoção das músicas. O primeiro LP foi lançado em 1960 “Zé Calixto e sua sanfona de oito baixos”.
Atualmente, aos 82 anos de idade e com mais de 50 anos de carreira, o Rei dos oito baixos possuí oito CD’s gravados, um DVD promocional feito apenas para a distribuição entre amigos, e possui como relíquia 26 LP’s registrados. Já esteve ao lado de grandes nomes da música brasileira a exemplo de Luiz Gonzaga, Genival Lacerda, Dominguinhos entre tantos outros. Devido ao seu grande valor para a cultura nacional, Zé Calixto foi um dos homenageados da quinta edição do programa Gente Nossa.
Com essa vasta experiência, Zé Calixto jamais parou de tocar, nem sequer passou pela sua mente interromper a carreira que se consolidou ao longo dos tempos. “Nunca parei, há não ser alguns dias por motivo de doença, mas graças à Deus estou bem de saúde”.
O futuro do Fole de Oito Baixos
Zé Calixto sempre cultivou a perseverança no instrumento, promovendo a cultura e mostrando que, apesar das dificuldades, é possível sim sobreviver através da arte, da música. Inclusive, seu irmão Luizinho Calixto dar aulas, através de um projeto que ensina as pessoas a tocarem o fole. Mas, como nem tudo são flores, Zé possui um certo pessimismo quanto ao futuro do fole de oito baixos: “As pessoas, em especial os jovens, mostram desinteresse para aprender a tocar o instrumento. É muito lamentável. É uma profissão que está em extinção. Eu não sei como será futuramente essa profissão, essa atividade musical na sanfona de oito baixos”
Os caminhos proporcionados pela arte
No programa Gente Nossa, Zé Calixto pode compartilhar as histórias vívidas e relembrar os velhos e bons tempos que outrora faziam sua vida ser mais intensa. Firme e forte, o artista ainda continua a percorrer pelos palcos espalhados em todo o país. Ao ser perguntado sobre a possibilidade de voltar para Campina Grande, Zé Calixto disse sentir vontade, porém devido aos filhos e netos terem construído suas vidas no Rio de Janeiro, eles não possuem a pretensão de residir no Nordeste e não querendo se afastar deles, Zé não realiza tal desejo, porque ele é feliz pelo que faz e pelos familiares.
Satisfação é o sentimento que o filho mais velho de João de Deus sente por ter uma trajetória musical brilhante que reflete até os dias de hoje. “Graças a Deus, estou feliz! Não arranjei riqueza, mas o pão de cada dia a sanfona meu deu e continua me dando até hoje”.
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