Em noite de encontros, artistas exaltam a cultura nordestina no Troféu Gonzagão

Campina Grande, 11 de maio de 2017  ·  Escrito por Tamyres Dysa // Produção: Aldair Rodrigues / Ediva Costa / Tamyres Dysa // Edição de Texto: Fernando Firmino e Aldair Rodrigues // Fotos: Ediva Costa // Edição de vídeo: Aldair Rodrigues

O evento aconteceu quarta-feira (11/05), no Centro de Convenções do Garden hotel,  em Campina Grande, com cinco homenageados em sua 9° edição.

Hol de entrada do Centro de Convenções Raimundo Asfora (Foto: Ediva Costa)

                        Hol de entrada do Centro de Convenções Raimundo Asfora (Foto: Ediva Costa)

Com uma enorme expectativa, o Troféu Gonzagão inicia o clima junino na cidade do Maior São João do Mundo com a presença de artistas locais e de todo o Brasil. Em uma noite abrilhantada por artistas e convidados especiais, “O Oscar da música nordestina”, como também é conhecido, diversificou na escolha dos homenageados, mostrando um pouco da importância do trabalho e carreira de cada artista. O cantor e compositor Geraldo Azevedo, o músico Abdias dos 8 Baixos, o cantor e pianista português Mário Mota, cantor padre Fábio de Melo e o grupo de instrumentistas de Pernambuco, Quinteto violado, foram os homenageados da edição 2017. O evento teve em média 600 convidados, dentre eles mais de 150 artistas brasileiros.

Troféu Gonzagão 2017 (Foto: Ediva Costa)

Troféu Gonzagão 2017                              (Foto: Ediva Costa)

Padre Fábio de Melo foi o responsável por abrir as apresentações da premiação. Ele sempre faz questão em deixar claro sobre o seu carinho pelo Nordeste e que começou sua carreira na Paraíba. Para representar o cantor e instrumentista Abdias dos 8 Baixos (in memorian), seu filho Marcos Farias recebeu o Troféu Gonzagão e agradeceu o reconhecimento que o pai estava recebendo de todos no evento e ressaltou o esforço que Abdias teve em sua trajetória, conseguindo assim levar o Nordeste para ser ouvido e aplaudido em outras regiões.

Se engana quem pensa que o Troféu Gonzagão recebe apenas artistas brasileiros. O pianista Português Mário Mota também foi um dos homenageados da noite e sentiu-se lisonjeado pelo convite. O músico estava em Campina Grande pela primeira vez e destacou a sensação de que Brasil e Portugal possuem uma ligação cada vez mais forte, principalmente a partir daquele momento para ele.

Já o grupo Quinteto Violado, que começou a carreira por volta dos anos 70 com interpretações de músicas populares nordestinas e

(Foto: Ediva Costa)

Quinteto Violado (Foto: Ediva Costa)

pesquisas sobre o folclore brasileiro, foi exaltado no evento. O vocalista Marcelo Melo, do Quinteto Violado, concedeu entrevista ao Repórter Junino. Tanto ele quanto os demais integrantes transmitiram emoção pela homenagem. “O Troféu Gonzagão é um acontecimento que o Brasil todo já conhece e é muito importante pra música nordestina. Nos sentimos muito felizes em estar sendo homenageados dentro desse evento consagrado pelo rei do baião,  que deu muita luz para o Quinteto, pois o Gonzaga é a estrela guia da nossa história. A música nordestina hoje tem uma qualidade cada vez mais reconhecida e à medida que a comunicação começou a desmanchar essas barreiras entre centro-sul, Nordeste e Norte a gente percebe que a música nordestina vai ganhando espaço sem dúvida pela sua qualidade”, ressaltou Marcelo Melo.

Ele lembrou também que outro homenageado, o Geraldo Azevedo, teve participação no começo da carreira. “Geraldinho começou praticamente tocando comigo ainda menino. Fizemos parte de vários grupos de teatro e música juntos, a efervescência cultural do Recife a gente também participou nos anos 60 e foi muito importante tudo isso na nossa carreira. Minha relação é quase de irmão com ele e por isso fiquei muito feliz em ver que ele também está sendo homenageado.”

O cantor e compositor cearense Santanna exaltou os homenageados, em particular Abdias dos 8 Baixos: “Abdias era dessas pessoas que é difícil de encontrar de novo com a virtuosidade que ele tinha, sabe? Então eu fico muito contente em saber que há uma lembrança desse mestre por que o músico no Brasil não é tão valorizado assim. Fico feliz em ver que o Troféu Gonzagão está fazendo homenagem a quem merece. Abdias foi o gênio do fole de 8 baixos. Quinteto Violado dispensa comentários e Geraldinho Azevedo é do meu coração, sou até suspeito em falar sobre eles.’’ Santanna também ressaltou o nome de Luiz Gonzaga como grande influente na música e nas festividades juninas do Nordeste, principalmente nos 30 dias de festa da rainha da Borborema: “Foi Luiz Gonzaga quem construiu essa festa em Campina Grande, e tudo isso a gente deve a ele, pois uma festa de dois dias acabou se tornando uma festa de um mês.”

Santanna "O Cantador" (Foto: Ediva Costa)

  Santanna “O Cantador” (Foto: Ediva Costa)

A alegria em dialogar sobre cultura popular nordestina é nítida nas palavras de todos os artistas convidados do Troféu Gonzagão, além do respeito que eles possuem pela tradição e preservação dos costumes da região. Artistas como Ranniery Gomes, Ton Oliveira, Dorgival Dantas, Flávio José e tantos outros que compuseram a noite de ontem, falaram em defesa da cultura popular nordestina e sobre a importância que um evento como o Troféu Gonzagão proporciona nessa união.  “Eu acho que no mundo, aqui acaba sendo o metro quadrado onde tem mais artista. E uma certa vez Vinicius de Moraes disse que a vida era a arte do encontro, aí Santanna o Cantador que sou eu parafraseando Vinícius, digo que se a vida é a arte do encontro, o forró é a arte do abraço e é justamente o que acontece aqui, as pessoas vem se abraçar e tem esse entrelaço fantástico”, finalizou Santanna.

 

ARTISTAS CAMPINENSES

Baixinho do Pandeiro (Foto: Ediva Costa)

Baixinho do Pandeiro (Foto: Ediva Costa)

O Troféu Gonzagão também contou com a presença de artistas campinenses como Biliu de Campina, Gitana Pimentel, Fabiano sanfoneiro e Baixinho do Pandeiro, que acabou relembrando um pouco do passado e das festas juninas em Campina: “Lembro muito de Abdias quando vivia aqui tocando com a gente. Há 64 anos que levo a minha pegada de pandeiro dentro das festas de Campina e o tempo de quando comecei o São João era muito lindo. Acho que as pessoas precisam cada vez mais valorizar o folclore e a cultura do Nordeste”, destacou Baixinho.

 

 

No vídeo abaixo você confere um pouco mais do que foi o “Óscar da Música Nordestina 2017”. Acompanhe algumas entrevistas com os artistas que estiveram presentes no evento.

Veja também o álbum de fotografias feitas no evento em nossa página https://www.facebook.com/rjunino/ com os clicks de Ediva Costa

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