Cidade do Maior São João do Mundo sedia lançamento do livro “Mulheres de Gonzaga”

Campina Grande, 17 de junho de 2017  ·  Escrito por Juliana Rodrigues  ·  Editado por Valtyennya Pires  ·  Fotos de Juliana Rodrigues
Livro "Mulheres de Gonzaga".

Livro “Mulheres de Gonzaga”.

Além do Parque do Povo, Campina Grande contempla outros eventos espalhados por toda cidade durante o mês de junho . O Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), conhecido como o museu dos Três Pandeiros, recebe uma grande quantidade de pessoas ao longo do ano, mas que aumenta no período junino com a vinda de turistas. Quem visita o local aproveita para participar dos eventos que acontecem no espaço. Nesta Sexta-Feira (16), houve o lançamento do livro ‘“Mulheres” de Gonzaga’, escrito por Marcelo José Leal Barbosa. O livro tem como objetivo trazer a importância das mulheres que ajudaram e tiveram alguma influência na vida e na carreira do Rei do Baião.

O evento teve comidas típicas para recepcionar os convidados.

O evento teve comidas típicas para recepcionar os convidados.

Uma curiosidade do livro é o uso das aspas no termo “mulheres”, que está no título. Segundo Marcelo, as aspas são utilizadas para abordar a quantidade e a diversidade de mulheres que já passaram pela vida de Luiz Gonzaga. “São cantoras, mulheres santas e pessoas da família. A primeira mulher na vida dele foi Santa Luzia, porque ele nasceu no dia da santa e  por conta disso o batizaram com o nome de Luiz”, enalteceu Marcelo. No livro, o escritor delineou um grupo de 10 mulheres e ainda inseriu um acervo de fotos sobre um dos maiores cantores da música popular brasileira.

Em suas apresentações e lançamentos, Marcelo faz questão de ir caracterizado. Segundo ele, o estilo das roupas nordestinas é justamente para trazer todas as peculiaridades do Rei do Baião. “Ir de paletó e gravata soa meio destoante e eu vou assim para qualquer ambiente”.  Mas, além da representação a Gonzaga, Marcelo comentou que a caracterização é também uma forma de homenagear a primeira profissão no Brasil, a profissão de vaqueiro.

O evento foi organizado pela Bodega Cultural, um projeto desenvolvido pelas alunas do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba, Iara Alves e Gabryella Torres. Segundo Iara, a Bodega tem o objetivo de disseminar, incentivar e resgatar a cultura tradicional nordestina.  As plataformas utilizadas pelo projeto são o canal no Youtube e as páginas no Facebook e Instagram.

Verônica Rios e os Herdeiros do Forró.

Verônica Rios e os Herdeiros do Forró.

O lançamento do livro foi marcado por muito forró. O grupo ‘Verônica Ryos e os Herdeiros do Forró’, deu início ao evento cantando alguns sucessos do Rei do Baião. A integrante do conjunto Verônica Ryos, que também é citada no livro “Mulheres de Gonzaga”, comentou que é muito gratificante participar de eventos como este. “Momentos assim são muito importantes para nossa cultura e não podíamos deixar de vir”, afirmou a cantora.  Além do grupo, um bom público se fez presente, participando, fazendo perguntas e elogiando a obra em lembrança a Luiz Gonzaga. A paraibana Crismaria Andrade, 29, falou que eventos assim são importantes para não deixar que a cultura morra. “É importante porque é uma forma de passar nossas tradições para as futuras gerações”, ressaltou.

Além do livro ‘“Mulheres” de Gonzaga’ Marcelo aproveitou para divulgar alguma de suas obras, a exemplo de ‘Onildo Almeida: O cidadão da “Feira”’ e ‘Luiz Gonzaga no Exército Brasileiro’.

Marcelo José: um grande admirador do Rei do Baião.

Marcelo José Leal Barbosa, residente na cidade de Fortaleza – Ceará, é um fã e apreciador das obras de Luiz Gonzaga. Formado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Piauí e pós-graduado em Técnica de Ensino no Centro de Estudos de Pessoal no Rio de Janeiro,  é oficial superior da reserva remunerada da Polícia Militar do Maranhão.  E por ter uma formação diferente daquela da maioria dos escritores, Marcelo afirma que seu interesse pela  área  da leitura surgiu através do seu pai que também gostava de ler. “Meu pai chegava tarde do trabalho e se debruçava nos livros. Eu acordava de uma hora da manhã e lá estava ele, rodeado de livros”, comentou Marcelo.

Com 62 anos de idade, o escritor está há 42 anos estudando e divulgando as obras do Rei do Baião. O interesse em falar deste grande artista surgiu através da sua paixão pela cultura popular.  Sua casa, construída pelas suas próprias mãos e de seu pai, conta com um memorial sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga. O acervo possui mais de 600 peças que alternam entre livros, discos e obras de arte. Segundo Marcelo, o objetivo é preservar a cultura popular sem ficar apenas no discurso.

Marcelo José em conversa com o público.

Marcelo José em conversa com o público.

Além de todo esse material recolhido, Marcelo anda pelo Brasil divulgando e levando um pouco da cultura popular nordestina. Frequentador da festa de Exu, cidade natal de Luiz Gonzaga, o escritor participa e prestigia outros eventos e locais que falam deste  artista. Para ele é essencial pesquisar e observar lugares por onde o Rei do Baião passou. “Para escrever é preciso ler, mas, além disso, é preciso conhecer, por isso é tão importante visitar os locais que possuem memórias sobre Luiz Gonzaga”.

Todas as suas andanças são custeadas do seu próprio bolso. O seu amor pelas tradições e pela obra do Rei do Baião é que move esse grande nordestino a divulgar aquilo que há de mais bonito no Nordeste: sua cultura.

 

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