Arraiá APAExonante

Campina Grande, 18 de junho de 2017  ·  Escrito por Aline Oliveira e Ana Júlia Morais  ·  Editado por Valtyennya Pires  ·  Fotos de Joyce Lima
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A duplinha envolvida nas apresentações do arraiá

Tarde de Sexta-feira com clima instável. Pessoas estavam se dirigindo a uma determinada quadra de esportes. O som de músicas nordestinas se  fazia ouvir de fora do local. E não apenas isso, ao adentrar, percebia-se a riqueza daquele lugar: não estava apenas cheio, havia pessoas verdadeiramente excepcionais.

Tudo estava bem colorido: bandeirolas e balões cercavam todo o salão. Tinha até um cenário para as apresentações, afinal, os participantes pensaram em tudo, foram dois meses de preparação para que todas as coisas se tornassem especiais.  Mulheres de vestidos coloridos, homens com lenços e chapéus de palha. Havia bigodes pintados no rosto e  sardas produzidas com lápis, contudo, nada disso se comparava com a singeleza da felicidade que transbordava pelo ar daquele lugar. Realmente ‘APAExão’ era o sentido e a motivação para tudo que acontecia ali.

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A alegria contagiante dos meninos

O trio de forró estava fazendo a prévia do que ainda não começara. De repente, os instrumentos pararam e o anúncio foi forte: as apresentações já iriam começar. O xote, a temática daquela tarde, estava no cerne de todas as músicas da raiz nordestina. A primeira quadrilha  estava organizada em fila ao fim do salão. As professoras daquela  primeira  turma fechavam os últimos detalhes. Alguns alunos chegaram atrasados e correram para se juntar ao grupo. Estava tudo pronto. A música começa, a dança se desenvolve sensacionalmente. Os sorrisos, os acenos  em direção a  parentes na plateia,  os pares que se formaram, foi a apresentação mais bonita. A felicidade era palpável. Os aplausos após cada apresentação vinham dos pais e dos amigos daqueles que brilhavam como estrelas no centro do palco.

Igor da Silva, estava com seus cabelos ao gel e com sua camisa quadriculada. Da platéia assistia tudo com sorriso encantado. “Ele adora forró”- dizia sua mãe -, e isso era notável, pois aos seus 22 anos, ele não deixou de marcar presença naquele Arraial. A festa foi feita especialmente para gente como ele, gente que naquele local aprende a viver feliz mesmo com uma sociedade difícil como a de atualmente. Esse foi o motivo pelo qual seus pais estavam com ele ali. Já eram 17 anos de acolhimento, onde Igor pôde ser incentivado a viver da melhor forma possível, com pessoas que o amam e o incentivam  Seu sorriso era encantador e expressava o que palavra alguma poderia dizer. Ali ele era realmente feliz.

Mas antes do início de toda a programação, já havia um cachorro bem pretinho que foi uma grande atração. Junto do seu dono, Bento Souto, o animalzinho estava de chapéu e lenço colorido, todo mundo que passava tirava foto e fazia selfie. Era conhecido como Dr. Negão, pois ele além de cão, era terapeuta, e como diziam ali “ele ajudava na interação das pessoas e em seu desenvolvimento”. A visita do Dr. Negão já fazia parte da rotina de alguns desde o ínicio do ano, não somente daquele local, ele já havia passado pelo Hospital de Trauma e do Instituto São Vicente de Paula. Além de cão e terapeuta, ele também se tornara professor, ensinando outros cães a como fazer pessoas felizes e fazer bem ao coração. Porém, durante a apresentação das diversas quadrilhas, o Dr. ficou deitado e quieto recebendo o afago de quem passava pelo seu caminho.

Como toda festa junina, a comida não faltou. O “Arraiá” tinha cantina com a intenção de arrecadar fundos. A Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais, tinha interesse em levar funcionários para um Congresso Nacional, onde eles seriam capacitados para um melhor desempenho perante os excepcionais. Para este fim, uma mesa gigantesca vendia pamonha, bolo, água, refrigerante, com muita qualidade. Pessoas sentadas em pé e conversando, degustavam alguns dos aperitivos com um bom refrigerante.

Ao final de todo o espetáculo, o trio voltou a tocar. Com alegria pelo dever cumprido, mas aquela tristeza, porque o evento já estava por acabar. Ouviu-se agradecimentos, mas o forró não queria parar. Ao som do ritmo contagiante, pares voltaram a se formar. O movimento dos corpos no ritmo da música, mostravam o clima tão belo daquele lugar. No entanto, era chegada a hora da partida. O horário avançado e a desconstrução de todo o cenário foi dando lugar aos beijos e abraços saudosos de despedida. O clima, antes instável, deu lugar a grossas gotas de chuva. O céu escuro chorou, com  o fim daquele Arraiá APAExonado que nos corações dos expectadores encantou.

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