Antônio Dean: o marujo da cultura popular

Campina Grande, 28 de junho de 2017  ·  Escrito por Bianca Mariano  ·  Editado por Adriana Araújo  ·  Fotos de Bianca Mariano
Antônio Dean foi o terceiro homenageado do Programa Gente Nossa 2017

Antônio Dean foi o terceiro homenageado do Programa Gente Nossa 2017

 

Nascido em 9 de agosto de 1948 em Praia do Sítio, uma pequena aldeia na cidade do Conde, interior da Bahia, Antônio Dean Araújo Ramos, filho de Maria Eugenia de Araújo Ramos e Antônio da Silva Ramos, é formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia e atua como advogado trabalhista há 32 anos, mas carrega consigo um forte legado cultural, tanto por sua produção literária como musical.

Influenciado desde cedo pelas cantigas e folguedos folclóricos, Dean teve na infância os primeiros contatos com a cultura, herança advinda principalmente de sua mãe que sempre organizava peças teatrais com os próprios objetos da casa para fazer apresentações dramatúrgicas. Ainda quando morava em sua terra natal, o poeta lembra-se das principais manifestações populares de passagem na porta de sua residência, como os Ternos de Reis, os Reis de Boi e a Marujada, sendo esta última uma de suas principais paixões.

Aos poucos, descobrindo seu talento, começou tocando para si mesmo e a compor canções inspiradas nas vivências de criança no período quando estudava em Alagoinha- BA. Após terminar o ensino médio mudou-se para Salvador a fim de construir sua carreira acadêmica. Aflorando ainda mais sua área musical, participou de diversos festivais universitários baianos, chegando a concorrer como finalista no ano de 1972 com a música “Enredo” no Teatro Castro Alves, conhecido como o “Templo das Artes Baiano”.

No ano de 1973, Antônio Dean teve sua música “A Fábrica” censurada pelo Regime Militar. Ato este que fez o poeta deixa sua paixão musical em segundo plano para seguir viagem rumo a Juazeiro-BA, onde advogou ao lado da classe trabalhadora na região do São Francisco. Graças o incentivo de sua esposa Nair, Dean retornou as atividades musicais, gravando no mesmo ano seu primeiro CD, intitulado “Coisas do Sertão”.

Em 1999 mudou-se para Campina Grande/PB tendo como principal motivação oferecer melhores oportunidades de estudo para os filhos. Aqui abriu um escritório de advocacia e ficou encantado com as expressões culturais da região, como os festejos juninos que lhes deram inspiração para gravar um CD em homenagem ao Sítio São João. Assíduo pesquisador e observador dos folguedos e manifestações religiosas, Dean percebeu uma lacuna aberta no Parque do Povo com a falta de propagação dos santos juninos na festa e, a partir de seu trabalho elaborou o CD “Festa dos Santos – Um louvor aos Santos Juninos que brilham durante os festejos de 30 dias”.

Com o apoio inicial do amigo João Dantas, então coordenador do sítio São João, aos poucos mostrou sua firmeza e grande contribuição para a cultura popular destacando os ritmos musicais do coco, as cantigas de roda e a Marujada. Por cinco vezes foi participou do festival de música regional “Forró Fest”, sendo finalista em uma delas com a música “Bate, bate no pandeiro”, em homenagem a Jackson do Pandeiro. Participou também três vezes do Encontro de Música Regional Raiz quando apresentou pela primeira vez em praça pública o “Canto da Marujada”, uma recriação literária dos poemas dos séculos XV e XVI.

Em 2014, foi classificado na programação do SESC João Pessoa, cantando coco em “Caçoar das Artes”. Nos anos de 2012, 2013 e 2014 se apresentou no palco do Maior São João do Mundo e por duas vezes no Festival de Inverno. Venceu o primeiro concurso literário, com a peça Barriga D’água, promovido pela UEPB, Jornal da Paraíba e TV Paraíba. A nível nacional figurou entre os 25 destaques com o Romance “Luminar”, no concurso literário promovido pelo SESC em 2008.

Inspirado pela obra do cantor e compositor Geraldo Vandré, Antônio Dean se tornou uma referência da cultura popular regional deixando claro seu amor pelas manifestações folclóricas, ocupando o merecido lugar merecido no hall dos grandes artistas paraibanos.

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