Comunidade LGBT busca redutos para curtir o São João de Campina Grande com mais segurança

Campina Grande, 2 de julho de 2017  ·  Escrito por Andrey Cardozo, Giovanna Lima, Kaique Henrique e Thiago Lima  ·  Editado por Franklin Alves Gonçalves  ·  Fotos de Kaique Henrique e Thiago Almeida

Locais específicos ajudam homossexuais na prevenção de crimes homofóbicos

Espaço no Parque do Povo onde fica localizado o Bar do Tenebra

O Parque do Povo é um local que atrai várias identidades sociais diferentes durante os 30 dias de festa d’O Maior São João do Mundo, e o público LGBT, que, apesar de ter ganho bastante força ao longo dos anos, é um público que ainda é alvo constante de preconceito.

Em virtude disto, na tentativa de esquivar-se das investidas violentas e constrangedoras, este público busca redutos em locais específicos da festa, como por exemplo, o Bar Tenebra que sempre foi ponto de encontro da comunidade LGBT.  Em edições anteriores, o bar localizava-se na Rua Sebastião Donato, próximo a entrada principal e há alguns anos foi transferido para as proximidades de uma das escadarias que dá acesso ao Parque do Povo pela Rua Paulino Raposo.

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Gabriel Fernandes, frequentador do Bar do Tenebra

A escolha de um local específico para permanência durante a festa vem através de um único motivo: evitar os crimes homofóbicos. Puxões, piadas, desdenhas, risadas, agressões verbais e até físicas são alguns atos praticados contra os homossexuais. “ “A gente sempre escuta piadinhas, as pessoas tratando os gays como mulheres, tentando nos desmerecer. Mas é uma coisa que eu não ligo mais, se eu for ligar vai ser pior”, comentou o estudante Jardel Medeiros, 21. Apesar disso, Jardel não fica recuado, ele conta que anda por todo o Parque do Povo: “ Eu vou pra todo lugar. Muita gente fala que gay tem que ficar só onde tem gay. Não! Eu vou pra todo lugar. Passou essa fase de gay ter que se esconder, de ter vergonha de ser quem é”, disse o estudante que também trabalha como Drag Queen.

Gabriel Fernandes, 21, recepcionista e amigo de Jardel falou que “A gente nunca pode baixar a cabeça, a gente tem que se impor. Isso nunca vai parar, a gente luta, tenta, se impõe”. No entanto,  o recepcionista disse que não se sente à vontade em qualquer lugar no Parque do Povo: “ Não, é mais por aqui mesmo (Tenebra). Tem outros ambientes que a gente não se sente tão à vontade”.

Na iminência dessas pessoas que não aceitam pessoas do mesmo sexo se relacionando em locais públicos, os casais homoafetivos ficam ligados nas pessoas que os rodeiam, justamente para prevenir qualquer repressão.

O cuidado é tanto que até os locais específicos da comunidade LGBT – que são os mais seguros para uma livre demonstração de afeto – merecem atenção, assim como conta o estudante Henrique Chaves de 23 anos: “me sinto mais a vontade de beijar meu companheiro naquele ambiente (Bar Tenebra), mas mesmo assim tomo cuidado e olho sempre pra saber se as pessoas que estão ao meu redor são seguras e não fariam nada contra nós dois’’.

Henrique ainda relatou que sofreu agressões verbais na edição passada d’O Maior São João do Mundo e que queria que a comunidade tivesse mais liberdade e aceitação dentro do ambiente do Parque do Povo. “Queria sim que o PP fosse um local seguro para a comunidade, onde pudéssemos andar de mãos dadas e demonstrar algum gesto de afeto sem precisar se esconder ou ter medo de apanhar ou até mesmo morrer, visto que não estamos fazendo nada de errado”, disse.

Em entrevista, o capitão da Polícia Militar Ribamar falou que, até agora, não houve nenhuma denúncia sobre crimes homofóbicos. Ele ainda alertou que é muito importante entrar em contato com a Polícia Militar para que sejam tomadas as devidas providências.

Polícia Militar ainda não registrou ocorrências sobre crimes homofóbicos

 

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