Nascido na cidade Macaparana/PE, em 20 de dezembro de 1915, Rosil de Assis Cavalcanti, naturalizado na Paraíba, foi uma figura ilustre e irreverente do cenário nacional, não só através de suas composições, mas pela sua coragem e irreverência. Com a veia humorística acentuada a usava tanto em suas canções como em seus trabalhos radiofônicos, porém também através da música e do radio denunciou o que acreditava ser errado o que o tornou um personagem ativo na sociedade em especial Campinense.
Suas composições foram imortalizadas nas vozes de grandes intérpretes da música brasileira, a exemplo de Jackson do Pandeiro, que foi muito mais que interprete de algumas obras musicais do compositor, foi parceiro de alguns sucessos, além da parceria na área musical, a interação entre esses mestres se deu ainda e primeiro no radio, com o programa Café com Leite comandado pela dupla na rádio Tabajara em João Pessoa, no ano de 1947. Há registros de que Jackson do Pandeiro gravou mais de vinte músicas em parceria com Rosil.
As suas obras musicais chamaram a atenção de outros artistas renomados, como Luiz Gonzaga, Marinês, Ary Lobo, Genival Lacerda entre vários outros. Há catalogadas 82 composições do artista. Por ser uma obra atemporal, atualmente Rosil Cavalcanti ainda é referência na música brasileira, tendo suas composições interpretadas por artistas da nova geração, como Gitana Pimentel, que no ano de 2015, ano do centenário do artista, produziu um show apenas com composições de Rosil, um tributo intitulado “Num Instante A Gafieira Virou Um Forró”.
Rosil Cavalcante era conhecido como Zé Lagoa, devido ao programa “Forró de Zé Lagoa” apresentado na Radio Borborema na cidade de Campina Grande. O programa mesclava personagens, humor, canções, poemas, notas de utilidade pública, piadas, e sem dúvida tantos ingredientes tornaram “Forró de Zé Lagoa” um dos principais programas radiofônicos das décadas de 50 e 60. Atuando nessas duas artes, música e radio, Rosil se tornou ativista cultural e político, através dessas duas áreas, em especial o rádio, ele teve grandes desafetos, porém a aceitação do público era inquestionável.
Rosil foi casado com Maria das Neves Coura (Nevinha), sem filhos, Dona Nevinha foi a dona de seu coração até o último suspiro que aconteceu no ano de 1968. Aos 53 anos o compositor sofreu um infarto fulminante, deixando o cenário artístico brasileiro um pouco mais pobre.
Rômulo Nóbrega: “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti”
Rômulo Nóbrega é Campinense, formado em Ciências Econômicas, atua no ramo empresarial. Porém, partindo do desejo de conhecer de forma detalhada a história de Rosil Cavalcanti lançou em outubro de 2015, ano do centenário do artista, em parceria com o pernambucano José Batista Alves, um dos principais pesquisadores da música brasileira, o livro “Pra Dançar e Xaxar na Paraíba: Andanças de Rosil Cavalcanti”.
De acordo com Rômulo no lançamento do livro, o que motivou a escrever foi “a ausência de informações catalogadas de um cidadão tão importante para nossa cultura. Ele [Rosil] foi do cordel à musica e ao teatro, foi radialista e cômico”.
Os pesquisadores realizaram todo o processo de pesquisa e produção durante vinte anos, realizando consultas a vários documentos, e entrevistas para a produção da obra. Um livro de cunho biográfico traz de forma detalhada toda a história de Rosil, onde o leitor tem a oportunidade de conhecer minuciosamente, da infância até a sua morte, a história desse artista que marcou o cenário nacional.
Ao leitor a obra permite uma leitura agradável, apresentando detalhes desconhecidos até pelos admiradores da obra de Rosil. O volume traz ainda fotografias do compositor em inúmeros momentos de sua vida, fatos que foram retratados e relatados no livro.
Gitana Pimentel: quando a gafieira virou forró
Versátil. Palavra que define Gitana Pimentel. Essa artista nascida na cidade de Patos, interior da Paraíba, tem as mais diversas influencias de gêneros musicais em seus trabalhos. Iniciou sua carreira profissional aos 17 anos quando recebeu o convite para cantar na Banda Som Estéreo Rock Club, depois passou pelo forró ao se tornar back de Tom Oliveira, e ainda teve experiência com o sertanejo ao ser back vocal de Léo Sttar.
Mas como sempre afirma que “Não é mulher de deixar oportunidades escaparem”, ela tomou a decisão no ano de 2010 de seguir carreira solo, atualmente seu estilo é o samba, de raiz e também um samba com uma pegada jazz. Mas eclética assumida Gitana diz amar música pop, sem nenhum imbróglio a artista diz que vai de Luiz Gonzaga à Beyoncé. Seu primeiro CD tem como principal canção de sua autoria “Enfim Só”, nome aliás do primeiro álbum da cantora. Em 2016 Gitana lançou o CD “Fazendo Charminho”.
Gitana iniciou sua carreira aos 14 anos, ao participar de alguns festivais de sua cidade natal, atualmente a artista mora em Campina Grande-PB. A cantora que também é compositora diz que o divisor de águas de sua trajetória musical foi a participação no Prêmio Multishow 2013 na categoria “Nova Canção”, a artista inscreveu a música “Pra Cima de Mim” que ficou entre as quatro mais votadas no júri popular, o que proporcionou a gravação de um clipe produzido pelo canal.
Um momento marcante na carreira da cantora foi um tributo feito a Rosil Cavalcanti. Em edital lançado pelo Sesc para o Projeto “Sete Notas”, onde artistas escolhem outros artistas para homenagear, estava entre os grandes nomes sugeridos, a exemplo de Luiz Gonzaga, o de Rosil Cavalcanti, o escolhido de Gitana Pimentel para ser homenageado, em um ano muito propicio, ano do centenário do músico.
Segundo a cantora a escolha se deu ao descobrir que Rosil era compositor de grandes sucessos da música brasileira, e em especial pela junção que o mesmo fazia do forró e do samba, que são duas paixões de Gitana, essa admiração pela obra de Rosil inspirou o show “Num Instante A Gafieira Virou Um Forró” onde ao lado de Roninho do Acordeon clássicos de Rosil foram interpretados, como “Meu Cariri”, “Cabo Tenório”, “Forró na gafieira”, entre outros.
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