Formado por João Batista, na sanfona, Amaro Neto, na zabumba, Vanessa Vidal, no vocal, e Rumenning Tavares, no triângulo e vocal, o grupo “Forró Bunito” atua na vertente do autêntico forró popular brasileiro. Alguns dos seus integrantes passaram pela Quadrilha Junina Tradição da Serra, da cidade de Campina Grande – PB, animando as apresentações. Posteriormente, a convite do cineasta e idealizador do Festival de Cinema de Campina Grande (Comunicurtas), André da Costa Pinto, se uniram, formando um trio de forró pé-de-serra com vistas a atender o evento. Em 02 de novembro de 2012 nascia o “Forró Bunito”.
“Eu tocava e ainda toco em vários grupos (…). Então surgiu a necessidade de fazer algo meu, não só pensando no lado profissional, mas algo que me desse prazer, como eu costumo dizer ‘com a cara da gente’. Então resolvemos convidar alguns colegas. Vanessa e Amaro já tocavam comigo na quadrilha. Romenning chegou depois”, disse João Batista.
Apesar do pouco tempo de carreira, o “Forró Bunito” conquistou o público através do carisma e do repertório com músicas consagradas nas vozes de grandes nomes da música nordestina, a exemplo de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca, Marinês e Jackson do Pandeiro. Atualmente, o “Forró Bunito” continua sendo a base harmônica da Quadrilha Tradição da Serra. Porém, durante o mês de junho, além das apresentações culturais, chegam a realizar 22 shows, passando pelas palhoças do “Parque do Povo”, eventos particulares e, de forma voluntária, em instituições etc.
Por que “Forró Bunito”?
Questionado sobre o nome “Forró Bunito”, o sanfoneiro João Batista revelou que o padrinho e patrocinador do grupo, Lima Filho, sugeriu que o trio, além de animar as apresentações da Quadrilha Junina Tradição da Serra, seguisse carreira. Na ocasião chegou a apresentar algumas de suas composições aos integrantes, entre elas “Paixão Maluca”.
A partir do encontro, surgiram opções de nome, a exemplo de “Forró da Tradição” e “Boêmios do Forró”. Porém, a decisão veio de um elogio. “Estávamos citando os nomes, quando Lima Filho nos disse que achava bacana o nosso forró, a maneira como a gente tocava, por sermos jovens, disse que era um forró bonito”, contou João Batista. Foi um consenso. Pra completar, a pedido do padrinho, o “bonito” seria com “u” e não com “o”, para manter o regionalismo.
Jovens e talentosos
A qualidade do trabalho do “Forró Bunito” pode ser explicada pelo potencial e bagagem de cada integrante. A partir da contribuição da música regional, da música clássica, da arte etc., o grupo se aventura no cenário musical e conquista admiradores.
O sanfoneiro, João Batista é descendente de uma família de músicos. O pai, por exemplo, atuou em bandas filarmônicas como percussionista, além de trios de forró pé-de-serra, tocando o zabumba e o triângulo. Porém, o desejo de aprender a tocar um instrumento surgiu a partir da admiração pelo irmão, que dominava instrumentos de corda. Assim, começou a estudar violão, contrabaixo e teclado. A paixão pela sanfona se deu quando conheceu o Mestre Sivuca. “Eu admirei a forma como ele manejava aquele instrumento, de forma tão instigante, aí foi quando eu comecei a pesquisar sobre a sanfona”, revelou.
A primeira música tocada foi “Asa Branca”, considerada o hino do forró e que todo sanfoneiro deve aprender. “Ela é uma música desafiante! Muita gente acha que é fácil de tocar, mas não é”, comentou. Sobre suas referências musicais citou o Rei do Baião Luiz Gonzaga, e com relação ao lado instrumentista, o Mestre Sivuca. “A obra deles e a forma que eles tocam o instrumento, é atual e contemporânea, eles estavam muito a frente do nosso tempo. Acredito que o artista precisa beber de varias fontes para dar origem a sua identidade. Sou um eterno aprendiz”, ressaltou.
João Batista participou do “Sanfona Fest” na sua cidade natal, Zabelê, região do Cariri paraibano, conquistando o segundo lugar. Em 2013, participou novamente, desta vez na cidade de Areia, Brejo paraibano, mantendo a colocação. Também é professor do Curso de Extensão da UEPB de Acordeons. “Inicialmente a proposta seria de que o aluno se familiarizasse com o instrumento. Porém, muitos alunos já estão tocando em grupos de forró e em bandas. Isso é muito prazeroso de se ver (…). Esse curso é uma semente que vai se plantando, o aluno vai gostando, vai pesquisando, e assim vai caminhando”.
Já Rumenning Tavares, triangueiro e vocalista do grupo, além a música, transita por outras vertentes da arte, que acabam contribuindo para o seu trabalho. “Participei de uma gincana na escola e um dos desafios era criar uma coreografia para uma música. Eu fiz a coreografia e meu grupo ganhou. Foi horrível, mas eu gostei da experiência. A partir daí eu comecei a me interessar, primeiramente pela dança, em criar coreografias, e dar continuidade nesse ramo”, contou.
Em relação à música, seu primeiro instrumento foi o pandeiro. Depois veio o violão, o triângulo e o zabumba. “Comecei a cantar essas músicas antigas e meus pais viram que eu cantava bem, tinha ritmo e tudo mais”, disse. Nunca passou por cursos de canto, mas recebeu orientações do professor Lemuel Guerra, da UFCG. “Ele me deu várias dicas, mas tudo partiu da minha força de vontade, eu queria cantar”. Rumenning ainda participou do Programa “Dom Musica” e “Dom Dança” da TV Itararé, afiliada à TV Cultura.
O zabumbeiro Amaro Neto, que chegou a presidir a Quadrilha Tradição da Serra, foi o responsável por movimentar os músicos e formar, a princípio, um grupo com o objetivo de acompanhar a quadrilha. João Batista, o sanfoneiro, estava entre os convidados. Até aquele momento Amaro não tocava profissionalmente. A partir do incentivo dos amigos, dedicou-se, tomou gosto pelo instrumento e, posteriormente, também integraria o “Forró Bunito”.
Vanessa Vidal é a única mulher do grupo. Casada com João Batista, o sanfoneiro, começou a cantar na igreja. “Um dos berços de muitos cantores é a igreja e lá eu me descobri”, contou. Sua primeira experiência com a música regional aconteceu no grupo “Descendentes do Forró”. “João tocava violão na igreja e era sanfoneiro do grupo. Então me convidou, junto ao dono da banda, para fazer uma participação. Eu cantei duas musicas. Foi minha primeira vez no placo, com muito nervosismo, mas marcou a minha vida”, revelou.
A cantora também transita pela música erudita. Participou do “Coro em Canto”, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), e do “Coral Canto da Gente”, da FURNE, ambos em Campina Grande – PB. “Participar dos corais é uma experiência muito rica, porque a gente conhece os dois lados da música. Sou apaixonada por música popular, pelo forró, mas participar de um coral é uma experiência que nos enriquece musicalmente. Lá eu aprendi técnicas, teorias que acabaram aprimorando o meu trabalho”, destacou.
O grupo está finalizando o primeiro CD de divulgação e está trabalhando em um novo projeto, com músicas autorais e shows com toda a banda.
Mensagem do “Forró Bunito”
Os integrantes agradeceram o convite feito pelo projeto “Gente Nossa” e ressaltaram a importância de cada um valorizar a sua história. “Valorizem a nosso cultura, ela é a nossa raiz, se você não a tem, não terá sustento. Nós somos um grupo jovem, mas valorizamos a musicalidade que veio antes de nós, não é porque somos jovens que devemos gostar apenas do atual, tem muita coisa boa das antigas, muita coisa que valoriza a imagem da cada pessoa. O que é bom permanece”, finalizaram.