Um dia repleto de criatividade, tradição, alegria e cultura popular parece raro de reunir em um só lugar, ainda por cima com a modernização de algumas práticas que ocorriam no São João. A cidade de Alagoa Grande vem sobrevivendo com seus costumes há muitos anos, e quando chega o dia de São João, independente dos incentivos, a população não esquece da sua tradição e inova cada vez mais a atratividade de sua festa. Essa junção de elementos é realizada em uma comunidade específica da cidade, a “Vila São João”.
Como já diz seu nome, o local possui a estética de uma vila simples, porém agitada. No dia do santo do carneirinho, a comemoração exibe não só a religiosidade da população, como também dinâmicas específicas e muito forró. Comparado aos anos anteriores, Alagoa Grande teve, em 2016, uma festividade junina resumida em relação as bandas musicais, estrutura moderna e investimentos financeiros. Talvez por essas razões, toda a população resolveu se concentrar mais na prática tradicional e mostrou aos visitantes a força de vontade e a criatividade da comunidade.
Logo no início da Vila, pode-se acompanhar muitas residências com “cruzeiros” nas suas portas, representando a devoção religiosa que a comunidade possui pelo santo São João. O cruzeiro geralmente é confeccionado e colocado na frente da casa em oferenda a São João.
Há 17 anos a comunidade realiza a corrida de jegue que conta com o apoio das autoridades do município e doações dos próprios conterrâneos da cidade. Como forma de destacar o evento, o locutor da rádio comunitária, Sátiro Ayres, resolveu realizar o seu programa corpo a corpo com a comunidade da Vila, e em locução ao vivo surgiram os personagens que tornaram desse dia algo inesquecível. Empresas que atuam dentro e fora do município doaram premiações ao programa de rádio para dinamizar com os ouvintes e animar o evento. Aproveitando esse apoio foram realizadas brincadeiras juninas como competição para premiar o vencedor e um dos prêmios o locutor doou para o realizador da corrida de Jegue, destinando ao dono que levasse o jegue mais enfeitado para corrida, que ocorre sempre ao fim da tarde do dia 24 de junho.
Estavam presentes no programa o professor e escritor José Guedes, um dos membros do conselho Estadual de Cultura Severino Bibiu e nossa representação repórter junino. Um dos assuntos discutidos de forma intensa foi a preservação da cultura popular que segundo Guedes, mais nomes como Jackson já existem em Alagoa Grande e precisam de destaque para reconhecimento. Durante o programa, um garoto chamado Thalissom Ramos, com apenas 7 anos de idade, mostrou seu talento tocando sua sanfona. Ele conta que aprendeu a tocar o instrumento sozinho aos 5 anos de idade. Segundo sua mãe, o pai de Thalissom toca teclado e só criou o interesse pelo acordeom após ver que seu filho desejava muito aprender a tocar, pois além dos pedidos do garoto, ele utilizava a bolsa da escola na frente do corpo para encenar o uso do instrumento. Thalissom recebeu uma das premiações pelo talento e ousadia. Ele completou que seu sonho era conhecer o cantor e poeta paraibano Amazam.
No espaço da festa a culinária não deixou a desejar com variedade para todos os gostos. O Coffee Shop Expresso é um espaço alternativo que terá um estabelecimento inaugurado brevemente no centro da cidade mas de antemão levou uma barraca para a Vila com suas cachaças artesanais. Próximo à barraca estava o estabelecimento do Toinho, que esse ano recebeu o nome de “Arraiá pizzaria São João”. Em outras datas, Toinho tem seu ponto apenas como pizzaria, mas esse ano ele resolveu abrir um espaço para diversas categorias gastronômicas. Várias palhoças foram montadas dentro do local com as separações de caldinhos e caipifrutas, comidas de milho, fast food, e por incrível que parece também existia a palhoça da saúde. Essa última contava com profissionais concluintes do curso de enfermagem que estavam palestrando sobre os riscos do Aedes Aegypti.
Por fim ocorreu a 17ª Corrida de Jegue da Vila São João, oferecendo premiação com troféus e dinheiro do primeiro ao sétimo colocado e contado com a criatividade da comunidade que apresentaram um casal de jegues carregando uma carroça com crianças faziam representação aos personagens da novela das seis da rede globo “Êta mundo bom!”. Logo após, ocorreram apresentações de quadrilhas juninas e essa grande festa foi finalizada com o “forrozão pai e filho”, artistas da cidade que trouxeram o que faltava, o arrasta pé.