ESPECIAL: Prostituição no São João: realidade, diversidade e respeito

Campina Grande, 29 de junho de 2017  ·  Escrito por Giovanna Leão, Juliana Rodrigues, Djane Assunção e Lays Mayane  ·  Editado por Diogo Lopes

O cenário da prostituição em Campina Grande é diferente entre os perfis das profissionais do sexo. A altivez com a qual exercem a profissão é uma lição para a sociedade que as discrimina. O que elas querem? Uma vida digna e realizar seus sonhos como qualquer outro ser humano.

Foto: Juliana Rodrigues

Foto: Juliana Rodrigues

“A cidade são as ruas e as praças, mas sobretudo a alma. Parece com tudo, mas não se iguala a nada”. Assim o poeta e romancista José Américo definiu Campina Grande. E ele tinha razão, a Rainha da Borborema é de uma riqueza cultural única. As festas no Parque do Povo, a beleza do Sítio São João e da Vila Junina, a paisagem do Açude Velho, a irreverência do Trem do Forró, o capricho da Vila do Artesão e do Salão do Artesanato: são esses os principais espaços turísticos, dentre tantos outros, que consagraram Campina como a terra do Maior São João do Mundo.

Nesses pontos da cidade se encontram uma diversidade enorme de bares e restaurantes, palcos e palhoças com música diversificada, além das centenas de lojas e vendedores ambulantes que comercializam uma infinidade de produtos. São locais que servem de fonte de renda para milhares de pessoas.

Quando se aproxima o período junino a cidade se transforma. Comerciantes, artistas, rede de hotelaria e moradores em geral começam a se articular para a época mais lucrativa do ano. Juntamente com Caruaru-PE, a cidade de Campina Grande é um dos polos que reúne multidões para as festas juninas. Assim, por conta da renda gerada nos eventos o São João torna-se, para muitos, o natal do Nordeste.

Mas por trás de toda essa grandiosa festa existe um comércio paralelo que movimenta os cofres de muita gente, e que faz com que turistas montem rotinas especiais para tirar proveito de tudo que a cidade oferece. Estamos falando da prostituição feminina no Maior São João do Mundo: um lado oculto que a grande mídia ignora, e que mesmo sendo pouco comentado, também movimenta a economia local.

Caminhos da prostituição em Campina Grande

A mesma grana que compra sexo, mata o amor.

Traz a felicidade, também chama o rancor.

As madruga que testemunha, vermelho sangue na unha.

Sem nome, várias “alcunha” dentro da bolsa de punho.

Garota propaganda da cidade fria em seus caminhos.

– Rua Augusta, Emicida.

Foto: Giovanna Leão

Foto: Giovanna Leão

Popularmente conhecida como a “profissão mais antiga do Mundo”, a prostituição enquanto negócio, diz respeito à prática de comercializar serviços sexuais. Trata-se de uma atividade realizada tradicionalmente por mulheres, mas que também é exercida por homens, travestis e mulheres transexuais.

No Brasil, a prostituição não é crime, sendo permitida pelo princípio da legalidade, desde que não seja praticada por menores de idade. Porém, a profissão não é regulamentada e é muito associada a outras atividades de cunho ilícito, como a exploração sexual de menores, o aliciamento e o tráfico humano, dentre outros crimes previstos pela lei nº 11.106/2005.

Estima-se que 1% das mulheres brasileiras com idade entre 15 e 49 anos estejam envolvidas com o universo da prostituição realizando atividades de sexo comercial, seja por dinheiro ou troca de favores diversos. Um relatório do Ministério da Saúde publicado no ano de 2010*, através de uma pesquisa realizada junto a 2.523 prostitutas em dez cidades brasileiras, mostrou que metade dessas mulheres nunca foi casada e sequer completou o ensino fundamental. Ainda segundo esta pesquisa, o principal local das prostitutas é a rua, seguido de bares, botecos e boates. Em Campina Grande, cerca da metade das entrevistadas cobra R$50,00 ou menos por programa, realizando em média, 10 encontros semanais.

Durante o São João, gente de todo o Brasil e de diversas partes do Mundo visitam a cidade de Campina Grande. Muitos turistas acabam procurando locais onde existam mulheres que disponibilizam a atividade sexual em troca de dinheiro. A procura parte da vontade do turista de saciar seu desejo sexual, ou apenas motivado pela curiosidade em experimentar “coisas novas”.

Os locais mais conhecidos por serem pontos de prostituição em Campina são localizados na região central da cidade, onde a atividade é realizada durante o dia e à noite. Normalmente, os ambientes que atuam nos chamados bordéis são mascarados por trás do rótulo de bares, botecos e restaurantes.

Foto: Giovanna Leão

Foto: Giovanna Leão

A equipe do repórter Junino (RJ) visitou dois famosos pontos de prostituição feminina da cidade e conversou com algumas profissionais do sexo para entender como funciona esse universo do “amor pago”, e como é estabelecida a lógica de trabalho durante os trinta dias da festa de São João. As garotas entrevistadas apontaram alguns fatores de motivação para sua entrada no mundo do trabalho sexual, mas destacaram como principais: a necessidade de uma fonte de renda, que por gerar um dinheiro em tese “fácil”, torna a atividade atrativa; E por pura opção, uma vez que a prostituição gera lucro independente da escolarização da praticante.

Em contrapartida, por não ser uma profissão regulamentada, essas profissionais não possuem direitos básicos como FGTS  e salário mínimo. Todas as entrevistadas pela equipe RJ fazem seus “programas sexuais” em bordéis, mas elas destacaram que muitas de suas colegas estão trabalhando nas ruas expostas aos perigos da violência urbana e à discriminação social.

Pelos olhos de uma “puta”

Mariana (nome fictício), 21 anos, começou a trabalhar nesse ramo ainda como menor de idade, aos 17 e a três meses de completar os 18. Para ela, esta é uma área que gera muitos lucros chegando a faturar, por vezes, um salário mínimo por semana. Ela comentou também que está nessa profissão por necessidade financeira e para seu próprio sustento de vida. Para Mariana, a profissão, diferentemente do que muitos clientes pensam, existem regras e a mulher não deve ser vista simplesmente como um objeto sexual, mas como uma profissional que está a trabalho. Natural do estado de São Paulo, ela já morou em várias cidades do Brasil. Trabalha em Campina Grande, mas atualmente tem endereço fixo no estado do Pernambuco.

Há um ano em Campina, Mariana trabalha durante a parte do dia, fixa em apenas um estabelecimento localizado na região central da cidade. O preço que ela cobra por programa é de R$90,00 e esse dura por volta de 30 minutos. O valor e o tempo podem mudar de acordo com a necessidade da jovem e a oferta do cliente. Porém, desses R$90,00 reais, R$60,00 ficam com Mariana e os outros R$30,00 vão para a dona do estabelecimento, em forma de aluguel do quarto.

Com relação ao período de São João, Mariana relatou que seus lucros não se alteram. Segundo ela, por trabalhar em um local fixo e durante o dia, o acesso de turistas não é grande, uma vez que à noite eles estão nas festas do Parque do Povo e pela manhã dormem para descansar da rotina de shows. Para aqueles turistas que frequentam o bordel em que trabalha, a moça disse que o preço cobrado não se altera. “Não importa se é turista e vêm de fora, ou morador da cidade; o preço do programa permanece o mesmo”, afirmou.

Para a jovem, que adotou Campina Grande como local para ganhar a vida, é muito difícil ser prostituta, uma vez que sua família não sabe que ela é garota de programa. Eles acham que sua renda vem de um emprego em uma ótica da cidade que ela jura ser funcionária. De acordo com Mariana, apenas uma amiga tem conhecimento do seu segredo. “Se minha mãe souber vai ficar muito decepcionada, não quero que isso aconteça jamais. Só contei para uma amiga de confiança porque se algo acontecer, ela saberá onde me encontrar. Também porque eu precisava falar com alguém. É duro carregar um peso desse tamanho sozinha”, relatou. Por passar por essa situação, ela confidenciou que precisou adotar duas personalidades. “Aqui neste espaço sou a Mariana profissional, fora sou a amiga, estudante e família”, concluiu.

Foto: Juliana Rodrigues

Foto: Juliana Rodrigues

Outra personagem que a equipe do RJ conheceu foi Maria (nome fictício), que é natural do estado do Pernambuco e está nesse ramo desde os 18 anos. Hoje com 27, ela falou que já foi casada e desde que se separou do marido, decidiu se prostituir para ter uma renda própria. Antes de vir morar em Campina já fazia programas nas ruas, mas escolheu se mudar para a cidade com o objetivo de ganhar mais dinheiro. Ela passa 15 dias em Campina e 15 dias em Pernambuco. E do mesmo modo que Mariana, para Maria o São João também é um período sem grandes mudanças em sua renda. “No São João vem pouca gente, quando não tem festa no PP é que vem mais. O pessoal gasta muito com as festas”, ressaltou.

Assim como Mariana, Maria disse que o preço cobrado pelo programa não se altera na época junina. “Tenho um preço padrão que é R$50,00. Mas alguns clientes pagam mais e outros menos”. E apesar do movimento ser considerado fraco para o período do ano, Maria comentou que durante o São João já saiu com turistas estrangeiros, que chineses e coreanos á procuraram. Ela também trabalha em um bordel no centro da cidade.

Das esquinas e bordéis para a vida de acompanhante de luxo

Assim como toda profissão, na prostituição existem locais de trabalho mais humildes e também aqueles mais sofisitcados. Para distinguir o nível comercial das profissionais são utilizados diferentes termos. Prostituta é a nomenclatura mais conhecida e que normalmente representa as mulheres que realizam seu trabalho fixas nos bordéis ou pelas esquinas das ruas da cidade. Já acompanhante de luxo é um termo destinado a mulheres que são contratadas exclusivamente para serem acompanhantes de clientes durante visitas a eventos, confraternizações, festas e outras ocasiões. São mulheres que precisam saber se portar em reuniões de negócios, jantares e até em casamento na igreja.

Foto: Giovanna Leão

Foto: Giovanna Leão

Luiza (nome fictício) 21 anos, natural de Cabedelo-PB, começou a fazer programas aos 18 anos. Virou prostituta após o nascimento do seu filho, para poder sustentá-lo, pois só com o que recebia da pensão alimentícia do pai da criança não era suficiente para manter um bom padrão de vida. Luiza faz programas durante o dia no mesmo bordel que Mariana, no entanto, ela também atua como acompanhante de luxo. Dessa forma, a renda de Luiza é bem maior do que as garotas fixas nesses estabelecimentos. No período do São João seu lucro aumenta, uma vez que os programas como acompanhante são mais requisitados pelos turistas.

O fato do período junino ser bom para Luiza e não mudar para Mariana e Maria, deve-se ao agenciamento e à publicidade feitos exclusivamente para as acompanhantes de luxo. Luiza falou que muitos locais conhecidos e bem frequentados da cidade indicam essas mulheres para clientes que procuram pelos seus serviços específicos.

Já quando se trata dos bordéis, Luiza disse que as pessoas que mais conhecem a localização deles são os moto-taxistas. Essa classe de trabalhadores circula por toda a cidade, e assim, são constantemente procurados por turistas para cederem informações de onde ficam os pontos de prostituição. “Há sempre aqueles caras que quando chega o São João querem uma diversãozinha a mais, me entende? A gente costuma levar um ou outro. Mas sabe, não tem puta só nos cabarés [bordéis]. Aqui em Campina tem até jornal que faz divulgação delas. Basta saber procurar pelo nome correto. Sabemos que até existe gente que ganha muito dinheiro com esse negócio, grandes empresários mesmo”, garantiu o moto-taxista Jorge, 35 anos.

O preço da idade

Com 45 anos de idade, Ester (nome fictício) trabalha como cozinheira em um dos bordéis visitados pela equipe do RJ. Natural de Lagoa Seca-PB, é mãe solteira de um adolescente, que conhece o seu local de trabalho, e duas mulheres já adultas que o desconhecem. Mesmo com idade mais avançada em relação às principais garotas do bordel, Ester ainda faz programas. “Quando eu termino meus afazeres na cozinha sobra sempre um tempo livre. Aí, de vez em quando alguém chega procurando. Então, eu vou e faço. Não é frequente, mas eu não nego de maneira alguma o que realizo. Faço programa e já fui muito conhecida por isso”, esclareceu.

Foto: Djane Assunção

Foto: Djane Assunção

Ester veio para Campina Grande em 2002 para trabalhar como doméstica em uma casa de família. Há um mês foi convidada pela pessoa que gerencia um dos bordéis visitados para trabalhar como cozinheira do local. Ela contou que é muito agradecida a essa pessoa pelo acolhimento e que se sente muito bem no ambiente. Ester começou a fazer programa aos 21 anos, por acaso. “Uma vez, eu estava em um ponto de ônibus e comecei a conversar com um cara. Ele fez uma proposta e eu aceitei. Hoje eu faço de vez em quando, afinal panela velha é quem faz comida boa”, relatou ela, sempre bem humorada e sorridente.

Por já ter 45 anos, Ester diz que não faz parte da oferta de garotas que o local disponibiliza. Seus programas são exclusivos para os clientes que já a conhecem, e que a tratam como “bebê”, apelido que ganhou no meio da prostituição e que ela garante ser conhecido em todo o Brasil. Ela não informou quanto ganha por programa e mencionou o fato de que pouco antes de sua mãe falecer recentemente, descobriu que ela era prostituta, mas por já ser bem experiente, a relação entre as duas permaneceu igual. No entanto, seu pai até hoje não tem noção da vida oculta que sua filha leva.

Salto agulha, maquiagem forte, cabeça erguida e vida que segue!

Foto: Juliana Rodrigues

Foto: Juliana Rodrigues

Todas as entrevistadas têm seus próprios motivos para terem se tornado garotas de programa. No entanto, todas ressaltaram que não querem permanecer a vida inteira nessa profissão. Possuem sonhos e desejam construir uma família como muitas outras mulheres. Mariana sonha em trabalhar com marketing digital, uma vez que paralelo a essa profissão, é estudante de um curso universitário. Maria quer acumular um pouco de dinheiro e voltar de vez para Pernambuco. Luiza possui diversos cursos técnicos, com destaque para o de enfermagem.  Está construindo uma casa de alto valor em um bairro nobre de João Pessoa e espera casar com um dos seus acompanhantes. Ester sonha em conseguir dinheiro para não precisar mais trabalhar como doméstica ou cozinheira e quer se dedicar em dar conforto e uma boa educação para o seu filho.

São mulheres destemidas que enfrentam as batalhas diárias com garra e sem desacreditar no futuro. Não sentem vergonha do que se tornaram e agradecem a profissão que as proporcionam sua fonte de renda para viver. Cuidam da sua saúde, principalmente externamente e internamente do seu corpo, realizando seu trabalho, mas sempre atentas aos cuidados acerca das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s).

Foto: Djane Assunção

Foto: Djane Assunção

Campina Grande possui uma organização não governamental que presta auxílio as profissionais do sexo. O Centro Informativo de Prevenção Mobilização e Aconselhamento aos Profissionais do Sexo de Campina Grande (CIPMAC), localizado na Rua Irineu Joffily, 207, Centro de Campina Grande. A instituição preza pela prevenção e promoção da saúde (orientações, entrega de preservativos, palestras, capacitações em saúde etc.), disponibilizando atendimento médico nas áreas de ginecologia e odontologia, com parceria da Secretaria de Saúde e o centro de saúde Dr. Francisco Pinto. Os trabalhos realizados pelo CIPMAC também têm por objetivo promover políticas públicas de inclusão social, prestando e auxiliando às prostitutas com relação aos seus direitos básicos, como saúde, educação, cidadania, luta contra a discriminação, assuntos jurídicos, etc.

A coordenadora do  CIPMAC Milena Ferreira relatou que os projetos realizados com as garotas proporcionam visibilidade e valorização do seu trabalho. “Combatemos qualquer tipo de violência,  discriminação e preconceito. Desenvolvemos vários projetos com estas temáticas,  financiados e não financiados. Nosso trabalho envolve saúde, a educação e os direitos humanos”, disse Milena.

A prostituição feminina é também uma profissão cercada de riscos, uma vez que na maioria dos casos, a garota não conhece o cliente, sendo o programa apenas uma relação comercial. Nesse cenário de incertezas, as prostitutas estão constantemente expostas a diversos tipos de violência. Nas ruas estão vulneráveis a assaltos, assédio sexual e moral, estupros, tráfico humano e agressões arbitrárias por parte de agenciadores e principalmente situações envolvendo a negociação do seu trabalho com os clientes. Nos bordéis, esses riscos são menores, mas ainda sim são frequentemente relatados.

Outro grande problema social envolvendo a prostituição é no que diz respeito a realização da atividade por menores. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sujeitar criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual é crime com uma pena que varia de quatro a dez anos de prisão.

Segundo dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República**, nos primeiros quatro meses de 2016 o disque 100, setor responsável por atender denúncias contra a violação dos direitos humanos, recebeu 116 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes no estado da Paraíba. A maioria das vítimas tinham entre 12 e 14 anos de idade. O registro de denúncias contra esse tipo de violência também chegou nas faixa etária entre 8 a 11 anos,  4 a 7 anos anos e 0 a 3 anos.

Dessa forma, é possível perceber que existe a vulnerabilidade na profissão, como também a exploração e a violação dos direitos básicos, por isso é necessário a fiscalização e controle pelos órgãos competentes como também ações sociais, a exemplo das realizadas pelo CIPMAC. Estas precisam de apoio governamental e necessitam ser sempre estimuladas.

A prostituição é uma profissão de risco, além de que há muita discriminação com o trabalho destas profissionais do sexo, pois a sociedade as expõem como pessoas vulgares e que contradizem princípios morais estabelecidos historicamente por costumes patriarcais.

Seja em época de São João ou não, se faz necessário refletir acerca do papel da prostituição na sociedade campinense. Falar sobre um universo tão polêmico, muitas vezes ignorado, significa levantar um debate sobre as diferenças culturais entre gêneros, e principalmente abrir espaço para que grupos marginalizados possam expressar sua representatividade. Não é somente falar sobre prostitutas, acompanhantes de luxo, garotas de programa, “putas” ou como queiram chamar. É acima de tudo falar sobre pessoas, sobre mães, sobre mulheres!

*Dados obtidos em: https://goo.gl/BbgKDv
**Dados obtidos em: https://goo.gl/7DrSFL

 

Coordenação da reportagem: Diogo Lopes

Texto: Giovanna Leão, Juliana Rodrigues, Djane Assunção e Lays Mayane

Entrevistas: Giovanna Leão, Juliana Rodrigues, Djane Assunção e Lays Mayane

Edição: Diogo lopes

Fotos: Giovanna Leão, Juliana Rodrigues, Djane Assunção

 

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