Pluralidade e Magia: Música nordestina é marcada pela diversidade de estilos

Campina Grande, 4 de agosto de 2023

Cada região do Nordeste possui seus gêneros musicais próprios para muito além do forró.

Repórter: Matheus Farias

Fotógrafa: Bianca Menezes

Editora: Louyz Rodrigues


Grupo Aralume se destaca pela variedade de instrumentos. Foto: Bianca Menezes.

A música nordestina é conhecida pelo ritmo envolvente e por letras que retratam o dia a dia da vida sertaneja. Nomes como Luiz Gonzaga, Marinês e Jackson do Pandeiros são sempre citados pelos admiradores do forró, sobretudo nas tradicionais festas juninas que ocorrem por todo o Nordeste durante o mês de junho. Mas a música nordestina não é marcada somente pelo forró. Outros estilos têm se destacado sempre ressaltando a cultura popular a exemplo da música armorial que vem sendo apresentada em Campina Grande durante os Encontros Petrobras de Música Armorial.

O Movimento Armorial criado por Ariano Suassuna na década de 1970 promoveu o desenvolvimento de várias linguagens artísticas como a gravura, pintura, tapeçaria, teatro e a música. O Quinteto Armorial surgiu nessa época e buscava integrar as tradições musicais europeias e populares do Nordeste. Antônio Madureira era o líder do grupo e seu objetivo era reunir as práticas culturais dos períodos medieval e renascentista com a arte dos cancioneiros populares do interior nordestino e seus instrumentos tradicionais.

A instrumentação, aliás, se destaca nesse movimento por ser bastante variada, como foi possível ver ontem no segundo dia do Encontro Petrobras de Música Armorial. Na ocasião, o Grupo Aralume trouxe para o palco do Teatro Municipal Severino Cabral a flauta transversal, a viola brasileira, o violoncelo e a percussão através do triângulo. A base do grupo é composta por três músicos, algo parecido com a formação musical criada por Luiz Gonzaga ainda na década de 1950, mas com instrumentos distintos e alguns pouco conhecidos como a flauta transversal. Renan Rezende contou o que é mais difícil na hora de tocar esse instrumento: “Tem algumas músicas que exigem um nível técnico bastante alto. Então, não é fácil alcançar a sonoridade em determinadas canções como as mais espirituais que nos cobram muita atenção para conseguir cativar o público além de exigir muito fôlego”.


O canto faz parte da cultura nordestina. Foto: Bianca Menezes.

O músico e pesquisador Francisco Andrade foi o responsável por tocar violão e viola brasileira e destacou a importância da música nordestina para além do forró no cenário cultural do Brasil: “O forró é um gênero muito importante para mobilização dos músicos e dos folguedos mas o Nordeste é um verdadeiro mosaico quando falamos de estilos musicais. A gente descobre esses estilos nas localidades. Se você adentrar na Zona da Mata, você se depara com maracatu, folguedos tradicionais e caboclinhos. Já no Sertão, é possível ver o cancioneiro popular e o cordel que também é cantado”.

A cantora Leticia Torança ressalta que a música armorial é predominantemente instrumental mas tem partes cantadas: “ Antônio Madureira, grande mestre desse estilo musical, queria que o canto também fosse conhecido e é isso que estamos fazendo aqui”.


A dança e a música expressam valores de um povo. Foto: Bianca Menezes.

A produtora da Mostra Regina Godoy explica que o Movimento criado por Ariano Suassuna é marcado pela pluralidade, magia e multiculturalidade: “Esse movimento é brasileiro e nacional. Nós conhecemos os movimentos internacionais mas os nacionais não são muito conhecidos. Quase ninguém sabe que a tapeçaria e a música fizeram parte do Armorial que queria destacar que nós brasileiros somos multiculturais e multicoloridos.”

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