No dia 13 de dezembro deste ano, comemora-se o centenário do cantor, instrumentista e compositor Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que recebeu este título por aperfeiçoar e adaptar à sanfona a batida do baião, ritmo criado pelos violeiros sertanejos. Em Campina Grande (PB), acontece o Maior São João do Mundo, reunindo ritmos e artistas de forró em um único lugar no mês de junho, e, neste contexto, o “tema” Luiz Gonzaga se aplica perfeitamente.
A relação de Gonzagão com Campina Grande foi muito significativa, declarando várias vezes ao longo de sua carreira o amor e o respeito pela Rainha da Borborema. Ele recebeu de Rosil Cavalcanti e eternizou na sua voz, a música “Tropeiros da Borborema”, considerada uma das mais bonitas canções sobre a cidade.
Campina Grande possui o maior acervo sobre a vida e obra de Luiz Gonzaga no Museu Fonográfico Luiz Gonzaga, que fundado em 1995 por José Nobre de Medeiros e é localizado no bairro do Cruzeiro. O fundador do museu presenteou ainda em vida uma Asa Branca esculpida em mármore a Luiz, que depois disso desejou que seu museu na cidade de Exu (PE) fosse transferido para Campina Grande porque sabia que ela se destacava entre outras cidades, em relação a cena cultural.
O acervo de Exu (cidade natal de Luiz Gonzaga), não foi transferido para a Paraíba, no entanto, José Nobre não desistiu de criar um lugar para contar e conservar a história do Rei do Baião para as futuras gerações. Hoje o Museu tornou-se um dos principais órgãos de fonte histórica relacionado não só a Luiz Gonzaga, mas também em acervo que ressalta a cultura nordestina.
A história de Gonzaga é estudada por diversos pesquisadores, seja no âmbito musical, antropológico, social, entre outros. “Algumas músicas do Gonzaga se destacam pelo som do lamento, da saudade, da realidade do sertão e retrata a vida do sertanejo, por exemplo, a música Asa Branca conta a história da seca. Isso tem um cunho social fantástico”, comenta José Nobre. Essa característica é o que diferencia o cantor, pela sua criatividade e pela sua preocupação de retratar a realidade em que vivia.
Além do museu, diversos artistas homenageiam Luiz Gonzaga. Ele é visto como o ícone não só do forró raiz, mas também para outros gêneros que vem surgindo como o “forró estilizado”. O cantor do gênero tradicional e instrumentista Edglei Miguel, afirma que foi a partir da sanfona que Luiz Gonzaga conseguiu transformar o ritmo do baião, incorporando alma, corpo e tradição no São João.
Luiz Gonzaga representa a cultura da região do Nordeste e o seu valor entre os nordestinos é inestimável. Os paraibanos por sua vez, nunca esqueceram a alegria que ele transmitia em suas apresentações e como tradição, todos os anos, o Maior São João do Mundo abre seus festejos com a canção “Olha pro céu”, que se transformou um hino da festa junina.
Devido aos valores dados ao Rei do Baião, a escola de samba do Rio de Janeiro Unidos da Tijuca, adotou como enredo do carnaval em 2012 e tornou-se a campeã deste ano, provando que a região nordestina é rica em termos de cultura e muito bem representada por Luiz Gonzaga.
Matéria: Mayra Luanna
Foto: iParaíba
Edição: Lourival Salviano