Não é possível precisar com total exatidão quando surgiu o São João. A festa Junina remonta a época distante, antes do século XVI. Chegou, através dos portugueses durante a colonização.
Em conversa com o Repórter Junino, Elizabeth Christina de Andrade Lima, antropóloga, professora da Universidade Federal de Campina Grande e especializada em festas populares brasileiras, afirmou que para alguns autores, como o antropólogo evolucionista Sir. James Frazer, em sua obra “O Ramo de Ouro”, a festa de São João, bem como o culto ao santo São João, nada mais seria que uma reminiscência de antigos cultos pagãos e o São João seria na verdade, o substituto de um antigo Deus da fertilidade e da vegetação, chamado Adônis. Tais posições também são compartilhadas pelo historiador Peter Burke.
Campina Grande além de ser conhecida como uma cidade universitária é também associada a grande festa junina. Antes as festas eram comemoradas nos bairros da cidade, entre amigos e familiares. O prefeito da época, Ronaldo Cunha Lima observou o impacto que as festas tinham na cidade e resolveu criar o “Maior São João do Mundo”, que desde sua primeira edição ocorre no Parque do Povo e tem a participação massiva da população.
Realizado pela Prefeitura de Campina Grande, o evento é uma festa junina que ocorre durante todo o mês de junho, através de espetáculos, quadrilhas e muita música. Com o passar dos anos, o local do evento tomou novas dimensões e formas. Também chamado de “Quartel General do Forró”, no Parque do Povo é possível encontrar artesanatos, shows, cenários, casamento coletivo, entre outros.
Com o objetivo de ser muito mais que uma festa, mais que um evento histórico-cultural, o “Maior São João do Mundo” foi destaque nos jornais e a EMBRATUR lançou o evento em seu calendário oficial de turismo de eventos do País que recebe turistas de diversas partes do mundo.
A música
Grandes nomes da música popular passaram pelos palcos do “Maior São João do Mundo”, este, que tem oferecido oportunidades para o lançamento de novos artistas. Em junho os turistas dançam forro até dentro de trem com o passeio no expresso do forró.
Assim como o Sítio São João é um dos mais importantes atrativos turísticos da festa por retratar a história e passado da vida nordestina, através de um cenário rural, fazendo o visitante relembrar os tempos passados. A réplica da catedral, pirâmide e as ilhas de forró fazem uma viagem pela história da cultura nordestina.
A memória
Fotos, matérias jornalísticas e cartazes, retratam a trajetória do evento marcada no decorrer dos anos. Foi pensando nisso que a historiadora, Cléa Cordeiro, teve a iniciativa de criar o Memorial do Maior São João do Mundo. Sentimentos, lembranças e análises envolvem os visitantes do espaço que encontram registros históricos da maior festa popular de Campina Grande.
As fotografias destacam o início da festa em 1983 que so foi inaugurada em 1986, também a registros da expansão do local em 1989. É possível ver que a festa não perdeu seu brilho. Todo o acervo representa as diversas fases da maior festa popular de Campina Grande.No Parque do Povo, a Vila Nova da Rainha, idealizada por Cléa na época em que era Diretora de Marketing do evento impulsionou e alegrou os artesãos com um espaço lúdico, lembrado e associado a uma cidade antiga. “No rastro da excelente receptividade que tiveram no “Maior São João do Mundo” quando puderam mostrar seus trabalhos aos turistas dentro do Parque do Povo, os artesãos campineses chegaram a uma constatação: a cidade pode oferecer algo melhor para o segmento por ter esse espaço físico e seguro”.
Em conversa com o Repórter Junino, Cléa destaca seu carinho pela festa, a importância da memória para manter a tradição e os aspectos que levaram a festa perder sua identidade, “A união do amor pela festa, história e interesse da população foram os fatores que me motivaram a criar este espaço”.
Segundo ela, a festa sofreu algumas modificações em termos de música e layout, “O evento é feito para pessoas de diversas idades, então tem que ser pensada para todos. É importante realizar alguma atração no período da tarde, além de estimular a apresentação de quadrilhas”. Ela ainda destacou que hoje em dia está sendo mostrado o São João do Nordeste não de uma forma individual.
É necessário procurar o diferencial e entender de festa junina, cultura, turismo e marketing “A festa junina é lúdica e estamos perdendo a brincadeira, o vestir-se, a rosa no cabelo, o chapéu, a roupa junina. Se não resgatarmos estes fatores, vamos decepcionar os turistas que chegam a cidade com um pensamento e há uma quebra de expectativa” afirma a historiadora.
Editado por Emmanuela Leite