As pessoas assistidas pelo Instituto dos Cegos de Campina Grande vivenciaram nesta quarta-feira (19) um dia diferente em suas rotinas. Elas puderam se confraternizar e comemorar as festividades juninas, com muito forró pé de serra, quadrilha, comidas típicas e apresentações dos alunos.
A Programação começou pela manhã, com atividades voltadas para os adultos, embaladas pelos trios, Guerreiros do Forró, Forrozão Pé de Serra e a Banda Pé de Moleque. A tarde, as crianças continuaram com os festejos, iniciando com uma quadrilha junina formada por elas e seus acompanhantes, logo depois foi apresentada uma canção sobre o São João. O Coroné Grilo, também marcou presença e levou ainda mais alegria para o evento.
Fundado em 1952, pelo professor José da Mata Bonfim, o Instituto dos Cegos de Campina Grande, ao longo dos seus sessenta e um anos de história foi responsável pela escolarização e inclusão no mercado de trabalho de centenas de pessoas com deficiência visual.
Atualmente, cerca de 130 pessoas cegas ou com baixa visão são atendidas no local. Pela manhã elas estudam em escolas regulares e no período da tarde desenvolvem práticas de realidade adaptada, tais como disporto, música, informática, braille, locomoção e atividades para a vida autônoma, como relatou o superintendente do Instituto, John Queiroz.A confraternização junina acontece todos os anos e desde a criação do Maior São João do Mundo, passou a ser realizada com mais intensidade. “É um instante de sociabilização, integração entre familiares, comunidade e o alunado da casa. Momento de descontração que foge da rotina em sala de aula, um espaço para o entretenimento”, afirmou o superintendente.
Uma festa sem barreiras
A deficiência não é motivo para abalar o astral desse pessoal, que curte o São João intensamente. Como destacou a deficiente visual, Isaura Nascimento, assistida no instituto há três anos. “Me apresento em várias cidades, com grupos de terceira idade e da APAE. Hoje dancei a manhã toda, pois amo forró”.
Lutador de judô, zabumbeiro e amante do forró pé de serra, o deficiente visual Adivanildo Fernandes confessou que a festividade junina do instituto é a sua favorita, pois consegue distraí-los com muita alegria.
Adenise Queiroz, presidente do Instituto dos Cegos enfatizou que expectativa, euforia e ansiedade são os sentimentos que tomam conta deles nos dias que antecedem estes eventos. “Festas como esta, onde as crianças, jovens e adultos podem brincar e se divertir, demonstram que para eles não há barreiras”.
Para abrilhantar ainda mais a tarde, o evento contou a alegria do Coroné Grilo, que este ano comemora 20 anos de carreira lançando um DVD duplo, gravado na cidade. “Sou sempre convidado, não apenas para os grandes palcos como o Parque do Povo e em outras cidades, mas também para pequenos eventos”, falou com alegria e satisfação. “Participar de eventos solidários, é o lado social do artista”, completou.
O papel social
Logo após o Coroné cantar alguns de seus sucessos, as crianças apresentaram, juntamente com a professora de musicalização infantil Lívia Pontes, a canção “Festa Boa”, que retrata o preparo de algumas comidas típicas. Alguns alunos cantaram, enquanto os outros tocavam flauta e violão, no número que foi ensaiado por eles durante duas semanas, como nos revelou Lívia.Momentos como estes, trazem a tona a importância do festejo junino como elemento de inclusão e alegria para pessoas que muitas vezes estão a margem da sociedade. Léa Paula, mãe de Ryan Levi de 12 anos, deficiente visual desde o nascimento e atendido há 9 anos pelo Instituto, comentou a importância do festejo. “Eles não tem festa junina na “escola normal”, isso aqui significa muito para eles, pois se sentem importantes e se confraternizam”.
Fotos: Felipe Valentim
Edição: Joaresa de Mendonça