Encerrou nesta sexta-feira o X Seminário Folkcom no Teatro Paulo Pontes (anexo do Teatro Municipal Severino Cabral). A primeira mesa-redonda “Os Festejos Juninos na Pesquisa em Folkcomunicação e Cultura Popular” discutiu acerca da construção de uma visão científica sobre as tradições juninas. Veja a cobertura do primeiro dia.
A pesquisadora Elizabeth Christina comentou sobre a ressignificação dos festejos juninos. Segundo ela, “O que se encontra no Parque do Povo não é cultura popular, são apropriações e ressignificações do saber dessa tradição”, diz.
Elizabeth elencou alguns pontos abordados em sua tese e falou dos vários sentidos que a festa representa para os agentes culturais, para o comércio, os grandes empresários e os participantes. “Pesquisar festa é tentar conhecer o sentido que ela tem”, destaca.
Como resultados, a pesquisadora relatou que a festa é uma invenção da tradição, pois migrou do rural para o urbano; uma apropriação do poder político tentando desconstruir uns aos outros durante suas administrações; e, uma conservação da tradição, já que mantém elementos ícones próprios da festa.
Elizabeth também indicou livros de sua autoria: “Fábrica dos sonhos: a invenção da festa junina no espaço urbano”; e, “Festa de São João nos discursos bíblico e folclórico”.
A segunda palestrante, a professora e pesquisadora Cristiane Nepomuceno, discorreu sobre as mudanças nas tradições da festa junina, citando como exemplo a minimização da comercialização de comidas típicas no espaço de realização da festa.
Cristiane definiu festa, numa visão antropológica, como uma das primeiras formas de organizações sociais instituídas pelo homem. “A festa tem função social, é a reprodução das práticas de determinado grupo”, afirma. Além disso, ressaltou a pesquisa como um mediador que estabelece uma relação dialógica entre prática e teoria.
A segunda mesa tratou da temática “Tendências e Desafios das Festas Juninas em Campina Grande e na Paraíba”. André Piva abordou uma discussão sobre a visibilidade dos festejos juninos através da mídia, citando as manifestações que estão ocorrendo no país como exemplo.
Piva também discorreu sobre a economia criativa e citou como exemplo uma parte da entrevista exibida ontem com Ronaldo Cunha Lima que falava sobre o patrocínio da Coca-cola no Maior São João do Mundo. Também destacou seu projeto de extensão na UFPB sobre a produção cultural paraibana, o qual pode ser acessado através do site www.paraibacriativa.com.br
A secretária executiva de turismo de Campina Grande, Catharine Brasil, falou sobre investimentos nos festejos juninos, inovações que modificam as tradicionais quadrilhas, e da falta de conhecimento sobre São Paulo, um quarto santo junino. Além disso, destacou o trabalho da secretaria de cultura em resgatar os símbolos da festividade levando emboladores de coco e repentistas, por exemplo, para apresentações na cidade.
Por fim, ressaltou a importância da relação que deve haver entre turismo e cultura e avaliou a festa junina aqui em Campina Grande. “O movimento aqui deve ser aquecido e discutido”, diz.
Giselli Sampaio, representando a Secretaria de Cultura do município, de forma breve falou das quadrilhas e da implementação de um novo olhar nas escolas públicas acerca da preservação da forma que se dança um folguedo.
O X Seminário Os Festejos Juninos no Contexto da Folkcomunicação e da Cultura Popular – Folkcom, é uma realização do Departamento de Comunicação Social – Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.
Fotos: Raimundo Noberto