Fé e tradição: Vaqueiros realizam Cavalgada em CG

Campina Grande, 23 de junho de 2013


A figura do vaqueiro aboiador, valente “herói do Sertão”, ainda se mantêm como uma das mais significativas fontes da rica iconografia da cultura nordestina. Homem de bravura e obstinação, de pele marcada pelo sol e mãos encrespadas pelo diário e árduo trabalho, o vaqueiro também é conhecido pelo apego às tradições do seu povo, bem como pela sua fé, força que os norteia pelos difíceis caminhos da caatinga.

Foi com a proposta de aliar tais costumes e crenças, que a Diocese de Campina Grande juntamente com a Prefeitura Municipal, realizou na manhã deste domingo (23) a 1ª Cavalgada de São João, que integra o projeto “Fé e Cultura” e o calendário de festividades juninas da cidade.

O evento teve concentração às 6h da manhã na Igreja Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Lagoa Seca, cerca de 500 cavaleiros rumaram para Campina em direção à Catedral, onde ocorreram simultaneamente às 10h, as Missas do Vaqueiro e do Agricultor, presididas pelo Padre Márcio Henrique, Vigário Geral da Diocese.

Ainda segundo o Padre Márcio, esta iniciativa vem sendo há muito tempo desejada pela Diocese, partindo da necessidade de inserir a igreja no contexto do São João Campinense. “A ideia é juntar as propriedades da nossa cultura com a expressão da nossa fé, resgatando assim o cunho religioso dessa festa”, assegura.

Também estiveram prestigiando, o Bispo diocesano de Campina Grande, Dom Delson Pedreira e o Prefeito de Lagoa Seca, José Tadeu Sales.

O grupo Vaqueiros Tradição

Um dos grupos que participaram da procissão veio diretamente de São Vicente do Seridó, município de pouco mais de 10 mil habitantes localizado no Seridó Oriental Paraibano. Com 10 anos no ramo da cavalgada, o “Vaqueiros Tradição” é formado por 26 integrantes, sendo 3 mulheres, pertencentes às mesmas famílias em sua maioria.

De acordo com um dos coordenadores da equipe, Juarez Rodrigues, de 56 anos, o grupo surgiu de uma viagem à cidade de Cubati e desde então mantêm a prática de cavalgada, que vem sobrevivendo ao longe do tempo graças ao respeito mútuo pela família e pelo trabalho como vaqueiro, que é repassada a cada nova geração. “Os filhos e netos estão presentes pois admiram o ofício dos pais e avôs. Eles estão aqui por apreço a esta cultura, por orgulho de serem vaqueiros e, principalmente, por serem nordestinos”, enfatiza Rodrigues.

Dentre os mais experientes está José Francisco de Alcântara, ou simplesmente Mestre “Zé Cupira”, 76 anos de idade e 50 de profissão. Com sua indumentária característica, formada por gibão, peitoral, perneira, luvas, botas e chapéu de couro, Zé Cupira diz ser um homem de fé que tem paixão pelo que faz. “É uma devoção que tenho pelo meu trabalho, uma paixão que tomei como tradição”, afirma.

Os “Vaqueiros Tradição” visitaram ontem (22), na véspera da 1º Cavalgada de São João, o Arraial Hilton Motta e o sítio São João, pois de acordo com Rodrigues, esta é uma forma de inserí-los dentro do contexto da festa de São João e do ‘Maior São João do Mundo’ de Campina Grande.

Edição: Jaime Guimarães
Fotos: Felipe Paiva

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