Em décadas ou épocas anteriores por volta do século XVI, surge a festa junina. A mesma teve sua origem em países católicos da Europa, onde fieis homenageavam três grandes santos, São João, Santo Antônio e São Pedro. Nesta época, os festejos juninos tiveram influência de alguns elementos culturais oriundos de Portugal, China, Espanha e França. Com o tempo esses elementos culturais misturaram-se com características brasileiras, indígenas, afro-brasileiras e imigrantes-europeias.
Fazendo parte de uma tradição, a festa tem como símbolos, a fogueira de São João, balões que eram usados no intuito de anunciar a festa, mas devido ao risco de incêndio esta prática está proibida no Brasil. Um grande símbolo desta data são os fogos de artifício servindo para despertar São João, pelos fieis. Outra prática de representação é a quadrilha, a dança popular. Durante o período junino nas diversas comunidades são realizadas quermesses, com direito a comidas e bebidas típicas, barracas com jogos de diversão, além da fogueira, tudo organizado.O processo de identificação da tradição da festa junina na região Nordeste aponta, para possibilidade de análise desta festa como fenômeno híbrido e resultado de um sincretismo cultural. Em outras palavras é possível afirmar que os festejo junino adquiriu um novo significado ao ser inserido na região do Nordeste, pelo fato de tratar especificamente de uma mistura de culturas, gerando uma cultura popular.
Na cidade de Campina Grande, assim como em todo Nordeste, a festa junina sempre fez parte do calendário das festas religiosas. Nas primeiras décadas do século XX a festa junina tinha por característica ser um evento familiar, ou seja, um momento de encontro e confraternização entre familiares e amigos, que se reuniam na véspera da noite de São João, dia 23 de junho. E assim aconteciam as primeiras práticas para instruir o hábito de festejar os santos de junho, nesta época não existia ainda participação de órgãos públicos ou privados na tentativa de centralizar a festa em um único espaço.
São João de rua
Apenas a partir do ano de 1976, que surgem às primeiras iniciativas, mesmo incipientes de apoio e patrocínio do que viria a ser denominado posteriormente como “São João de rua”, daí por diante este evento tinha a intenção de promover e aprofundar os laços de sociabilidade entre seus membros e suas famílias, sendo realizados por diversas sociedades de amigos de bairros, objetivando esse estreitamento de laços sociais e cuja renda obtida com o consumo de bebidas e comidas, bem como a venda de ingressos, era revertida em obras nas próprias edificações das SABs. Da mesma forma os festejos eram realizados nos pátios e auditórios das igrejas de bairros.
Em 26 de junho de 1981, a cobertura jornalística do Jornal da Paraíba publicou ”Campina Grande este ano está sendo mesmo a “Capital do Forró. “Quase todos os bairros da rainha da Borborema estão sediando quadrilhas, bailes e outras manifestações juninas. Campina é toda forró”.
A partir de então, a festa assume um contorno diferente, ela passa a ser a expressão da administração municipal, é o prefeito que a constrói e a torna um fato concreto, real, um evento sem precedentes para comunidade campinense e para história do município.
O projeto junino toma forma com a inauguração de uma nova espacialidade em 1986, o Parque do Povo, contando com uma boa estrutura, localização estratégica em termos de barracas, a sua proximidade com as ruas circunvizinhas facilitando o escoamento dos festeiros dos espaços da festa. Não se pode esquecer que na história dos festejos juninos em Campina Grande a “invenção do típico”, através, por exemplo, da comercialização de comidas típicas do período junino, como o milho verde assado e cozido, a pamonha, a canjica, os bolos de milho e mandioca a serem servidos nas barracas instaladas no parque do povo.O fato que, em 1992 que a cidade de Campina Grande vem a ser terra do Maior São João do Mundo, é o espaço da cultura popular no qual são vivificadas as mais profundas raízes de um povo que é festeiro e que adora forró. Desde então, não há mais como imaginar a cidade sem a sua maior festa.
Uma das estratégias utilizadas pelos organizadores da festa até os dias atuais é ter a imprensa como sua principal aliada. Durante todo mês de junho a imprensa local ocupa-se em cobrir a realização da festa junina, destacando os mais variados aspectos do evento, a programação, peculiaridades do cenário, o sucesso mesurado pela frequência dos festeiros, além de entrevistas, crônicas e artigos que fazem menção ao acontecimento junino que vem ganhando espaço dentro e fora do Brasil.
Edição: Felipe Valentim.