A tradição e o culto popular ao principal Santo Junino
O São João é marcado pela alegria da confraternização entre as famílias, além de sua variedade de tradições que são mantidas de geração em geração principalmente em cidades do interior do nordeste e da Paraíba. Entre os costumes mais antigos relacionados às festividades de São João, a fogueira se destaca. Segundo a tradição católica, ela lembra um acordo feito entre Isabel, mãe de João Batista, e sua prima Maria, que morava distante, para se comunicarem após o nascimento do menino. E esse costume perdura até hoje.Todos os anos, nas noites do dia 24 de junho as fogueiras são acesas, relembrando esse momento através de danças e festejos.
Com o passar do tempo à fogueira foi adotada não somente, em homenagem à São João, mas para representar o culto aos outros Santos lembrados no mês de junho. Santo Antônio, que se atribui a fama de Santo casamenteiro, e São Pedro. Esse ciclo permitiu que as festividades se estendessem durante todo o mês de junho, e pela força das tradições aos Santos, recebesse o nome de festa junina.
Graças às comunidades rurais e pequenas cidades do interior a tradição da fogueira ainda sobrevive. Na cidade de Massaranduba, que fica à aproximadamente 16 km de Campina Grande, as pessoas aproveitam o mês de junho para realizar seus rituais, como é caso dos batizados na fogueira de São João. Para Dona Claudina Ferreira, de 89 anos, essa é uma forma de agradecer a Deus e São João pelas graças alcançadas.
Foto: Jeani Silva
Na noite de São João os padrinhos e afilhados se reúnem. Fogueira acesa, vela na mão, um pouco de água e sal, são oferecidos àquele que será batizado, em seguida são dadas algumas voltas ao redor da fogueira, finalizando com as seguintes palavras: “(Nome da pessoa que vai ser batizada) Eu sempre dizia, que noite de São João Batista, você iria ser batizado, por São João; São Pedro, São Felipe e São Tiago, os anjos da corte do céu sirvam de testemunha que você foi batizado”.
Assim acontece mais um batismo de fogueira. Conversando com Dona Claudina ela explica: “João Batista batizou Jesus, a tradição pede que batizemos os outros e eu já fiz quase trinta batizados e tenho 15 afilhados”. O costume foi transmitido à todos da família, que são padrinhos de outras pessoas ou foram batizados na infância, ao passar por alguma enfermidade.
Em entrevista ao Repórter Junino, o casal Alderi e Silvana que foram padrinhos do pequeno Renan, afirmam crer na tradição do batizado de fogueira. “Para nós é sempre uma alegria, pois os batizados representam mais que uma crença, a gente passa a fazer parte da família e se cria uma amizade”, concluiu o casal. Para o Pe. Erinaldo Lima,administrador paroquial da cidade, o batismo na fogueira não substitui outros ritos oficiais, porém é uma tradição popular de fé no Santo reconhecida pela igreja. É através, de costumes simples como esse que o São João se tornou a mais Tradicional festa nordestina com uma pluralidade de crenças e elementos da cultura popular.
Edição: Roberta Lucena
