Detentas do Presídio de CG comemoram o São João

Campina Grande, 4 de julho de 2013

A Secretaria Municipal de Cultura de Campina Grande promoveu na tarde desta quarta-feira (03), uma agradável e animada festividade junina para as 67 apenadas do Presídio Feminino da cidade. A iniciativa que está em sua 2° edição, objetiva por meio da cultura, contribuir com o processo de ressocialização das detentas.

“Esta é a ação de uma política pública, um princípio de ressocialização”, salientou a secretária de cultura Marlene Alves. A

A secretária Marlene Alves falou com a equipe do RJ

A secretária Marlene Alves falou com a equipe do RJ

concepção da prefeitura este ano foi descentralizar o Maior São João do Mundo para além do Parque do Povo e chegar à vários pontos da cidade e seus distritos, “nesse sentido, levamos o festejo à feiras, zona rural e aqui ao presídio” relatou ela, que ainda destacou que mesmo não podendo sair deste local, as pessoas tem o direito de viver este momento.

Integrantes da Junina Cambebas.

Integrantes da Junina Cambebas.

O coordenador da quadrilha Junina Cambebas da Paraíba, Rangel Borges contou que recebeu o convite da secretaria de cultura e adorou a proposta. “Mais quadrilhas deveriam participar, trazendo a cultura para essas mulheres que estão afastadas da sociedade”, ressaltou ele. O grupo iniciou as apresentações de dança, com coreografias que encantaram a todos.

Em seguida, as presidiárias se divertiram com o ritmo e o improviso da dupla de emboladores de Côco “Canário de Guriem e Lavandeira”, que do começo ao fim de sua apresentação ‘arrancou’ risos das presentes. Canário enfatizou que o propósito da dupla é levar coisas boas para essas pessoas. “Queremos que elas reflitam que o bom é ser livre. Que esqueçam o passado e pensem no futuro”, afirmou o embolador.

Peças de artesanato confeccionadas pelas detentas.

Peças de artesanato confeccionadas pelas detentas.

Em meio a decoração da festa foi colocada uma mesa repleta de comidas típicas (Munguzá, canjica e pipoca), feita por elas. Também foram expostos nessa festividade, os materiais confeccionados pelas detentas nas oficinas de artesanato realizadas dentro do presídio. Bolsas, roupas, acessórios de crochê e fuxico. Estas peças estiveram expostas durante os 24 dias da 18ª edição do Salão de Artesanato da Paraíba e tiveram bons resultados nas vendas. Toda a renda obtida será destinada a compra de equipamentos e material para a confecção de novas peças.

O trio “Zabumba Folia” também animou a festa. Quando o grupo tocou a música “Me diz Amor” do cantor Flávio José, todas as presentes se renderam ao autentico forró pé de serra.

No presídio há 1 ano e quatro meses, Liliane Freitas relatou que o festejo é um momento de socialização, “é uma forma da gente desopilar”. O mês de junho é muito importante para a apenada, já que no dia 26 ela faz aniversário. “Já que é meu aniversário, aí é mais um motivo de festa. O que eu mais gosto no São João são as comidas típicas, até porque sou sertaneja”, revelou Liliane.

“O encarceramento traz muita angústia, mas devemos lembrar que elas estão afastadas e não excluídas da sociedade” relatou a diretora adjunta Silmara Araújo afirmando também que outras datas como Dia das Mães, Dia das Crianças e Natal são comemoradas no presídio feminino.

Esta parceria com a prefeitura oportuniza reavivar a cultura nas apenadas, como salientou a diretora da Penitenciária

Arrasta-pé na penitenciária feminina de CG.

Arrasta-pé na penitenciária feminina de CG.

Feminina de Campina Grande, Alinne Cardoso. “Um dos eixos da política de ressocialização é a cultura”. Ela ainda revelou que as detentas adoram estes momentos festivos, pois são uma forma de extravasar, brincar, dançar e interagir com outras pessoas. “A interação com o que vem de fora é muito importante, porque elas se sentem acolhidas, pois erraram e estão pagando por seus erros, mas não é por isso que elas tem que ser criminalizadas ou excluídas”, reforçou Alinne.

“No presídio tem arte, cultura e humanidade. Estas mulheres estão presas, só que não é por isso que vamos torturar ou maltratá-las, mas sim trazer cultura e educação para elas”, concluiu a diretora da unidade prisional. Com estas ações, a direção da penitenciária pretende modificar a maneira com que o resto da sociedade enxerga este espaço.

Fotos: Felipe Valentim

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