Mesmo desativado Museu preserva obra Gonzaguiana

Campina Grande, 8 de julho de 2013

Acervo do museu

Luiz Gonzaga do Nascimento, ou simplesmente Gonzagão, foi um dos mais completos e importantes artistas da música popular brasileira. Pernambucano do século, mestre da sanfona de 120 baixos e figura recorrente da cultura nordestina, o “Rei do Baião” ainda cativa milhares de pessoas ao redor do mundo com sua história de vida simples e uma arte singular e imutável.

Foi na tentativa de conservar parte do legado deste grande artista que o Museu Fonográfico de Luiz Gonzaga, situado em Campina Grande na Paraíba, veio reunindo ao longo de duas décadas um acervo de mais de 5 mil registros obra Gonzaguiana. Localizado na Avenida Presidente Costa e Silva, no bairro do Cruzeiro,  o museu foi fundado pelo professor José de Nobre de Medeiros de 69 anos, que desde a década de 90 vem sustentando o espaço com recursos financeiros próprios.

“As histórias mais bonitas que nós temos conhecimento em torno do seio da humanidade se construíram através do amor, da dedicação, da pertinência e da objetividade. A ideia deste espaço também partiu disso, do amor à nossa terra, de ser nordestino, bem como o amor pela obra de Luiz Gonzaga, seja pelo artista ou pelo líder que ele foi”, defende Zé Nobre.

Atualmente desativado por causa da falta de incentivo de orgãos públicos e privados,  o museu ainda se mantém graças aos esforços de Zé Nobre e de alguns colaboradores, como é o caso do jornalista e pesquisador Xico Nóbrega. Nascido no Vale do Açu no Rio Grande do Norte, Francisco Antonio Vieira da Nóbrega, 54 anos, se tornou conhecido por ter feito a cobertura do sepultamento de Luiz Gonzaga, no dia 04 de agosto de 1989, com exclusividade para a mídia paraibana e ainda como repórter iniciante.

Desde então, Xico vem desenvolvendo diversas matérias e artigos sobres temas e personagens da cultura nordestina e da música popular, destacando o trabalho de artistas como Gonzagão. “Minha ligação com o museu surgiu daí, quando comecei a me debruçar sobre a produção de Luiz Gongaga. O lugar foi uma grande fonte de pesquisa, o que me ajudou muito”, afirma.

Mesmo com um valor inestimável para a cidade, José Nobre afirma que muitos campinenses não tem conhecimento do Museu e o mais preocupante é que as novas gerações não possuem familiaridade com tal herança cultural. “Muitos jovens já desenvolveram trabalhos sobre Luiz Gonzaga tomando o museu como referência ou até sobre o museu em si, contudo a maioria deles são de fora, de outras cidades ou estados. Ou seja, as pessoas de fora têm reconhecido mais do que a nossa própria comunidade”, conclui.

Gibão usado por Luiz Gonzaga

O acervo do Museu Fonográfico de Luiz Gonzaga contém mais de cinco mil discos, com as mais diversas fases da evolução do suporte fonográfico, desde os vinis aos cds digitais. O arquivo que foi construído através de capital próprio está distribuído em cinco partes: discografia completa, coletâneas, homenagens, participações e músicas de Luiz Gonzaga regravadas por cantores nacionais e estrangeiros.

O museu conta também com uma grande quantidade de fotos e pôsteres do Rei do Baião, bem como jornais, livros, revistas, artigos, monografias e especializações que citam a produção Gonzaguiana. Um gibão, chapéus de couro, facas e um fole de 8 baixos, também podem ser encontrados na coleção.


Edição por: Carmem Nascimento
Imagens por: Ana Cláudia Cavalcante 
Comentários