Instrumentista, compositora, cantora e vem de uma família paraibana que desde cedo se acostumou a valorizar a música nordestina, essa é Lucy Alves. Ela ganhou destaque nacional ao participar do programa de televisão “The Voice Brasil”, da Rede Globo. Ela foi finalista do programa e a sua presença nele representou bem a música tradicional da região Nordeste.
Lucy segue carreira solo após se destacar no grupo Clã Brasil, retornou à região do Vale do São Francisco para apresentar o que faz de melhor: animar o público com um repertório variado de música regional, que vai de Jackson do Pandeiro a Zé Ramalho. No seu show, também não faltaram os clássicos de Luiz Gonzaga, Marinês, Sivuca e Dominguinhos.
Em entrevista, a cantora falou da responsabilidade de receber o chapéu e o legado musical da cantora Marinês, do contato que teve com o instrumentista Sivuca e de como a sua participação no programa The Voice Brasil ajudou a quebrar os estereótipos da região nordestina para o resto do país.
RJ: Em uma entrevista, você disse que uma imagem marcante na sua vida foi quando a cantora Marinês colocou um chapéu de couro na sua cabeça, como se estivesse repassando o seu legado. Como você se sente, com essa responsabilidade de continuar a perpetuar a música nordestina de raiz?
Eu sei agora que a minha responsabilidade e o meu compromisso com a música aumentou, e principalmente com essa visibilidade toda que eu tive… E eu pretendo fazer o que eu já vinha fazendo com o Clã Brasil, meu grupo. A gente sempre se dedicou à música, principalmente nordestina, e respeitou a música. E eu continuo querendo levar esses princípios à frente, então, eu estou muito feliz por tudo. Sei da minha responsabilidade, mas sei também que estou no caminho certo. Vou continuar cantando com essa alegria e com essa responsabilidade que eu sempre tive.
RJ: Você também falou que um dos momentos emocionantes na sua vida foi tocar ao lado de Sivuca. O que isso representou para você como instrumentista?
Foi muito importante, né?! Estar ao lado de Sivuca. que também era paraibano e foi um dos maiores sanfoneiros que tivemos, porque Sivuca também, além de ser nordestino, ter nascido e se criado numa feira de Itabaiana, cantando ele conseguiu ir para as salas de concertos no mundo inteiro. Então, Sivuca sempre foi uma referência para mim muito forte e, para mim, foi muito importante ter se aproximado dele. Pude aprender e conviver um pouco com Sivuca, que era uma pessoa supergenerosa. Foi muito importante para mim enquanto musicista.
RJ: Com o seu grupo Clã Brasil, a proposta era repercutir a diversidade da cultura musical nordestina. Como você vê essa mistura numa festa tipicamente nordestina?
Acho superbacana! Hoje o palco, principalmente aqui em Petrolina, é visto como um dos palcos mais importantes dos festejos nordestinos, e para mim é importante estar podendo trazer aqui não só o forró, como você falou, mais passear por todos esses ritmos nordestinos. A gente tem essa propriedade de poder cantar o maracatu, o caboclinho, o forró… E aí eu acho muito importante estar por aqui participando de uma noite maravilhosa, uma festa que prima pela organização… E para mim é muito importante, enquanto cantora, estar podendo aqui mostrar o meu trabalho.
RJ: Você acha que a sua participação no “The Voice Brasil” projetou uma imagem melhor do Nordeste, que é tão estereotipado pela mídia, considerando que você foi uma das finalistas e representou muito bem a região?
Eu acho que a minha participação foi bacana, né?! Porque, realmente às vezes as pessoas têm a visão de que aqui só tem seca e tudo mais… Aquilo que a gente sabe que não é bem assim. A gente é um povo muito rico e eu acho que eu consegui deixar bem claro. Tive uma infância muito legal, uma infância muito feliz e consegui chegar lá com minha sanfona. Fui bem respeitada do início ao fim e consegui provar que a nossa música é muito bem aceita, o pessoal todo gosta da música nordestina, da música brasileira, então eu acho que o meu dever foi cumprido lá. Me senti realizada porque eu pude ser eu mesma.