Diversidade é sinônimo de Parque do Povo. Em época de São João, o ambiente abriga diferentes opções de comidas, de vestimentas e entretenimento. Dessa forma, o forró, ritmo que embala os festejos juninos da festa mais popular do mundo, também possui várias nuances.
Passando por inúmeras transformações, hoje, o tradicional Forró Pé-de-Serra disputa lugar, no Maior São João do Mundo, com o atual forró estilizado. Se de um lado se tem os trios, com suas indispensáveis sanfonas nas palhoças e ilhas, do outro , no palco principal, é comum se deparar com as grandes bandas da indústria da música.
A batida, os instrumentos, a quantidade de pessoas envolvidas… Basicamente tudo é diferente de um estilo para o outro. Nas ilhas, onde a tradição é preservada, o público é visivelmente mais velho e concorda que as mudanças são naturais e benéficas, mas percebem, nesses mais de 30 anos de são João em Campina Grande, o quanto a zabumba, o triângulo e o acordeom foram perdendo espaço. “ As pessoas hoje preferem a bateria, a guitarra e as grandes produções. Nós que puxamos para um lado da raiz estamos enfrentando um desafio para reconquistar o público jovem” diz Rita de Cássia, porta-voz do trio “Pé de Moleque” que toca nas palhoças do Parque do Povo há mais de 14 anos.
Não muito distante dali, próximo ao palco principal, o cenário muda completamente. Talvez confirmando o que foi dito por D. Rita, a maioria do público jovem se encontra lá, esperando a grande atração da noite: o cantor Gabriel Diniz, conhecido pelo seu “forró ostentação” e uma levada eletrônica inconfundível. Para Hebert Iury 23 anos, geógrafo e ouvinte de Gabriel, o panorama que temos hoje da festa é misto: “As raízes, dentro do Parque do Povo, permanecem presente nas palhoças, o que é bem importante, só que esses outros estilos mais pops são interessantes, pois atingem um público mais novo que é a grande massa do evento”, diz.
Para o “GD” , como é mais conhecido a atração principal da noite, o forró mudou bastante e esse novo swing do ritmo é muito prazeroso: “ O forró evoluiu tanto que virou um novo ritmo nordestino maravilhoso , inclusive eu gosto muito dessa batida atual e me alegro em ser peça chave disso.” Contudo, para ele, apesar desse novo estilo o regionalismo não se perde: “A gente é nordestino, a gente é paraibano e o que a gente estiver fazendo vai ser regional e vai ser novo, então a música se atualiza, a música se evolui, mas, como é a gente que tá fazendo isso, ela acaba sendo regional e atual também”, finalizou.
Apesar dessa dicotomia entre o antigo e o novo, o que se tem certeza é que aquele que frequentar o Parque do Povo, nesse período, encontrará os dois estilos lado a lado e não só poderá apreciar os trios de forró com sua carga de historicidade e essência junina, mas também poderá conhecer o que é produzido hoje com uma nova visão e perspectiva.