Em meio à cerimônia de lançamento do Projeto Repórter Junino, edição 2015, o cantor Roninho do Acordeon encantou o público presente no auditório 1 da Central Integrada de Aulas, na UEPB. O evento, que contou com presenças ilustres de autoridades, professores, alunos e jornalistas, marcou oficialmente o lançamento do projeto e contou com uma programação voltada à comemoração dos 10 anos do mesmo.
Iniciando pouco após as 20 horas, todos foram convidados a se levantar e ouvir o hino nacional tocado de forma emocionante pelos acordes da sanfona do músico. O público acompanhou a canção entoada, cantando as estrofes do hino nacional e encerrando com aclamados aplausos os toques de Roninho.
Batizado como Ronalisson Santos Ferreira, aos 14 dias de janeiro de 1996, o jovem campinense de 19 anos começou cedo sua carreira artística. Com apenas 11 anos de idade, teve seu primeiro contato com a sanfona de Luiz Gonzaga e, aos 12, ganhou de seu pai o primeiro Acordeon de 80 baixos, após vencê-lo num desafio de aprender a canção Asa Branca, feito que cumpriu em tempo hábil.
Tendo como inspirações os ícones da música brasileira Luiz Gonzaga, Sivuca e Dominguinhos, Roninho tinha sonho de tocar junto deste último. Sonho esse que não pôde se realizar devido ao falecimento de Dominguinhos em julho de 2013. “Quando ele faleceu, eu estava em estúdio e não consegui tocar mais. Acho que fiquei três dias de luto; toda vez que eu pegava na sanfona, eu me emocionava. Foi uma tristeza porque além de um músico, ele era um ser humano diferenciado no meio artístico porque a sua grandiosidade nunca lhe subiu à cabeça. Então, é o que eu mais admiro, eu admiro mais a pessoa do Dominguinhos do que o Dominguinhos artista”, contou Roninho.
Ainda sobre sonhos, o jovem músico já almejou ser maestro, porém deixou pelas dificuldades em apoio nessa área. Por outro lado, ele conseguiu realizar o sonho de tocar ao lado de Cezinha do Acordeon e o elogiou: “dessa nova geração, é o que eu considero melhor em termos de instrumentista”.
Com relação às dificuldades na carreira, Roninho do Acorderon criticou o que chamou de “sistema de castas musicais”, em que é mais difícil crescer na carreira sem pertencer a alguma família de músicos, sem apadrinhamento político. “Mas quando a arte chega e a música é de qualidade, as portas se abrem”, ressaltou o mesmo.
No ano passado, ele havia participado do Programa “Gente Nossa” e comentou ter sido um marco na sua carreira, momento em que estava entrando em carreira solo. E, sobre tocar no lançamento do projeto Repórter Junino, contou ter ficado feliz pelo convite e elogiou o projeto com relação ao São João de Campina Grande e na divulgação dos artistas locais, que necessitam de publicidade. ”E é sempre muito bom tocar aqui na UEPB, é uma emoção diferenciada de tocar em outros locais”, complementou Roninho.
O jovem campinense prefere utilizar a música como um hobby e citou Hermeto Pascoal ao dizer que “o importante é que minha música chegue”. Afirma que sua maior preocupação não é em ganhar dinheiro, e repreende os músicos que agem assim. “O dinheiro é fruto do trabalho”, conclui o músico.
Ao final do evento, na UEPB, Roninho foi novamente chamado a tocar. Bossa nova, acordeon gaúcho e frevo, além do forró dançado nas quadrilhas juninas, foram os ritmos que embalaram os ouvidos de todos os presentes que permaneceram no local até o fim. A alegria contagiante com que seguiam as músicas e cantavam junto demonstraram que a espera não foi em vão.
Em seguida, para encerrar a noite da cerimônia, Roninho convidou o público a uma viagem pelo mundo, segundo os acordes da sanfona, mostrando que seu instrumento não serve somente para tocar forró. Argentina, Portugal, Itália, França, Síria, Egito e Nova Iorque, nos Estados Unidos, foram os destinos que o público, foi levado sempre acompanhados por muitas palmas.
Para esse ano, o músico planeja lançar um CD autoral com um estilo próprio, que o mesmo considera eclético, unindo samba e bossa nova ao forró, todos ritmos autenticamente brasileiros. Ele quer que o público conheça o Roninho do Acordeon fora do período junino, que não toca só o forró. O músico estará hoje logo mais à noite no Sesi de Campina Grande.