REPORTAGEM ESPECIAL: Sentimento que vai além do São João

Campina Grande, 12 de junho de 2015  ·  Escrito por Ivan A. Costa, Sulamita Oliveira e Jayanne Lins  ·  Editado por Bruna Neves

No Dia dos Namorados é sempre a mesma coisa: buquê de flores, bombons de chocolate, ursinhos de pelúcia, perfumes e cartões românticos. A história vem desde a Roma Antiga, há relatos que na época o imperador Cláudio II proibia o casamento durante as guerras, pois acreditava que os solteiros eram os melhores guerreiros. O padre Valentim fazia os casamentos às escondidas, para que os noivos recebessem a benção de Deus antes de partir. Considerado mártir da Igreja Católica, pois foi condenado à morte no dia 14 de fevereiro, por isso o dia de São Valentim é comemorado nos outros países como Dia dos Namorados.

Em 1949 o publicitário João Dória havia retornado de uma viagem dos Estados Unidos e trouxe a ideia para o Brasil, mesmo não tendo uma versão tão romantizada, e como junho era um mês de baixa nas vendas, os comerciantes decidiram introduzí-la no mercado às vésperas do Dia de Santo Antônio, que é popularmente conhecido como o santo casamenteiro.

Todo ano durante os festejos juninos se comemora o dia desse santo que recebe tantos pedidos dos solteiros. O Dia dos Namorados chegou, e entre tantas histórias de amor o Maior São João do Mundo é cenário de várias delas. Dizem que amor de carnaval não sobre serra, e o amor de são joão, dura mais que 30 dias?

Santo Antônio, rogai por nós

Texto: Ivan A. Costa

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Recordando a história através das fotos. Foto: Bruna Neves

Amor é uma coisa incerta, alguns casais são amigos de longa data, outros se conhecem na universidade, trabalho ou em situações rotineiras do dia a dia, porém, as melhores histórias de amor são inusitadas. Essa, por exemplo, aconteceu em meio a uma briga há 26 anos no Parque do Povo.

Joelma, que morava em João Pessoa, não gostava muito de ir para o Parque do Povo, só vinha à Campina Grande nos finais de semana para visitar o filho, que morava com sua mãe.

Sua amiga, Edilma, sempre insistia para ela sair, se divertir e talvez conhecer alguém, pois só se dedicava ao trabalho. Foi depois de muita insistência, que Joelma resolveu ir para o parque do povo no dia 11 de junho de 1989. Juntas, foram à um bar “o namorado de Edilma havia chamado um outro amigo para ir e lá os homens só podiam entrar acompanhados” disse Joelma, a intensão era que os dois casais entrassem juntos já que ele não poderia entrar sozinho.

Foi nesse bar que ela conheceu Antônio, em meio a conversas enquanto todos se divertiam, surgiu uma briga no meio da festa. Antônio, aproveitou o momento e foi defender Joelma, essa situação foi fundamental para se apaixonarem. “Vi a briga se aproximando e puxei ela pra nada acontecesse, foi ai que aconteceu nosso primeiro beijo” disse Antônio.

No dia seguinte, já era dia dos namorados, e marcaram de se reencontrar. Antônio conta que combinaram de ir ao show de Chitãozinho e Chororó, “lembro como se fosse hoje, fui buscá-la para irmos ao show e levei um porta batom, que na época tava super na moda”, fazia apenas um dia que se conheciam e já tinha presente de dia dos namorados.

O Parque do Povo então se tornou o ponto de encontro deles dois, nos finais de semana Joelma tinha que se dividir entre dar atenção ao filho e encontrar com Antônio no local que já fazia parte de suas histórias. Foi no São Pedro que houve o primeiro desencontro, Antônio não apareceu. Alguns dias se passaram e não havia notícias sobre ele, até que de repente ele aparece em sua casa,“fiquei sem acreditar” disse Joelma. Segundo ele, era tradição na família passar São Pedro em Itaporanga – PB, “ela não iria deixar o filho para ir comigo”. Foi no encerramento do São João de 1989, quarenta anos depois que o dia dos namorados tinha sido implantado no calendário brasileiro, que decidiram enfim ficar juntos.

Ela achava muito cedo pra apresentar ele aos pais, mas estava tudo sendo tão rápido que no dia em que o pai de Joelma iria viajar para o Rio de Janeiro,  Antônio apareceu em plena rodoviária, “querendo ou não eu ia conhecer ele”. O mais engraçado era que eles já se conheciam. Os pais de Joelma e Antônio trabalhavam no mesmo ramo automobilístico.

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Joelma e Antônio. Foto: Bruna Neves

Com aquela ar de lembranças, Joelma conta que “depois de um mês que nos conhecemos ele já foi morar comigo em João Pessoa”. Tiveram mais uma filha, e vão todos os anos ao Parque do Povo comemorar sua história de amor de São João.

Para completar, Joelma conta que aos 17 anos fez uma dessas simpatias que são comuns no dia de Santo Antônio. Segundo sua mãe ela deveria jogar uma moeda na fogueira, no outro dia, daria esta moeda a um mendigo o qual o nome dele seria o nome do seu amor verdadeiro. Feito isso ela esperou um mendigo, quando deu a moeda perguntou o seu nome e ele disse que se chamava Antônio. “Até hoje eu lembro dele, se eu o visse passar na minha frente agora o reconheceria. Me criei no bairro de Santo Antônio, a igreja que frequento é de Santo Antônio e casei com um Antônio” conclui Joelma.

Nossa história de São João

O São João embala muitas histórias de amor, relacionamentos sólidos e duradouros também. Não foi diferente com o casal Alex e Priscila, eles também se conheceram nos festejos juninos, e até hoje vivem esse amor de São João. Dentre tantos rostos e olhares, eles se encontraram, e embalados ao som do forró deram início a um amor pra toda vida.

Um amor de São João

Texto: Jayanne Lins

Foto: Dalisson Markel

Foto: Dalisson Markel

Entre tantas histórias de amor, a do casal Luiz Antônio (27) analista de sistema e a antropóloga Jéssica Medeiros (24), que se conheceram no dia de São João chama atenção.

A história do casal têm início no parque do povo em 26 de junho de 2009 dia de São João. Luiz Antônio é um homem tímido, que tinha chegado recentemente em Campina Grande vindo de Olinda, já Jéssica tinha acabado de sair de um relacionamento.

Ambos se destinaram ao Parque do Povo, lugar de festa e diversão. Através de amigos em comum, Antônio e Jéssica se conheceram. E no Maior São João do Mundo as pessoas se conhecem enquanto dançam até que toda química do corpo se une a magia do forró. A tecnologia, nesse caso, só serviu pra unir, se adicionaram nas redes sociais e passaram a conversar, o ponto de encontro sempre era o Parque do Povo, para Jéssica esse lugar está presente na memória do casal, “ele proporcionou nossa aproximação”.

Foto: Dalisson Markel

Foto: Dalisson Markel

Em meio as festas juninas também é possível formar uma história de amor permeada de sentimentos. O casal é um exemplo de amor junino, depois de quatro anos de namoro, eles se casaram no ano passado. Luiz diz que costumam  se basear na frase que Guimarães Rosa apresenta em seu livro Grande Sertão: Veredas onde diz que o mais bonito no mundo é que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. O São João se tornou uma data de comemorar a união do casal.

Tantas histórias deram certo, fazendo simpatia ou não é dia de comemorar ou até, quem sabe, encontrar seu amor verdadeiro. E no Maior São João do Mundo pode encontrar “um xodó mim, do meu jeito assim, que alegre o meu viver.”

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