Nas entrelinhas do Salão de Artesanato da Paraíba

Campina Grande, 13 de junho de 2015  ·  Escrito por Nilmara Beserra  ·  Editado por Valdênia Soares  ·  Fotos de Yasmin Alencar

           Dentre o algodão colorido, a renda, o crochê, o cordel, esculturas e pinturas, a arte é manifestada de diversas formas, gêneros e tamanhos. E no Salão de Artesanato é possível achar da mais provável à improvável criação manual, todas juntas conversando em uma mesma intuição artística. Em destaque iremos conhecer o trabalho com reciclagem de pneus,  tear com pregos, e instrumentos musicais estilizados.

           Em meio a tantas cores, objetos, bordados como meio de desenvolver o artesanato, Dona Valdete Pereira encontrou no pneu algo que vai além de sua função especifica. Foi através da internet que ela teve o conhecimento e incentivo de iniciar seu trabalho com reciclagem de pneus. Aprimorando a ideia, Dona Valdete além de montar puffs – almofadões em diversos formatos – com os pneus e sisal, ela deixou uma espécie de baú em seu interior. O material custa caro, e por isso que o produto final não sai tão em conta assim, outro fator equivalente é a escassez do sisal, que derivado do agave se encontra de difícil acesso por conta da ausência de chuvas no estado. A artesã fabrica não apenas puffs, mas também mesas e mesinhas de centro.

            Dona Valdete mostra seus produtos ao público em apenas duas feiras, sendo uma delas em janeiro, na feirinha de Cabo Branco, João Pessoa, cidade em que  reside, e a outra no mês de junho no Salão de Artesanato em Campina Grande.

Dentre tantas bordadeiras que a feira reúne, uma borda diferente, sem agulha chama atenção. Hildete Moreira trabalha com tear de pregos, um investimento próprio onde ela cria peças de roupas, e desenvolve seu trabalho com um procedimento único. Hildete teve que adaptar seu instrumento de trabalho, a tábua de tear, de acordo com suas necessidades. Normalmente quem trabalha com esse tipo de tábua faz todo o processo com ela no colo e, sabendo dos seus malefícios, a artesã teve a ideia de contratar um ferreiro e transformar o pedestal de um microfone em um suporte para levantar a tábua até sua altura. Hildete não vende suas criações em outros locais, senão em feiras especificas.

E no Salão do Artesanato tem espaço para os músicos também, Éder Jensen, músico e luthier, fabrica instrumentos musicais há seis anos, especialmente os de colo. O interesse surgiu apenas por curiosidade. O artista começou esse tipo de trabalho com instrumentos de percussão, e a partir daí a vontade em desenvolver mais produtos foi aumentando gradativamente, partindo para instrumentos com corda, tais como: cavaquinho, bandolim, banjos, violões, lupstil, a famosa guitarra havaiana.

Éder utiliza para a construção de instrumentos de corda, diversos tipos de madeira, desde as da região da caatinga, como a Caraibera (paraibana), ás do Pará: o Cedro, Angelim, o Roxinho, até as importadas. O músico contou sobre como é o processo de um instrumento feito manualmente, adquirindo a madeira bruta e afinando com três laminas de madeira até chegar à espessura correta, que é no caso do bandolim três mm. Em contrapartida, o instrumento industrial, por utilizar muito compensado (laminados de madeiras, colados para dá à espessura exata de fazer o tipo da peça), já o timbre produzido pelo instrumento manual, por levar menos cola, absorve menos impacto e a riqueza se torna vasta. Ao contrário da indústria que produz milhares num dia, o luthier faz um dentro de um mês.

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Éder Jensen, Músico e Luthier expondo seus produtos.

Éder se utiliza de uma loja virtual para vender, unicamente, instrumentos de percussão. Em feiras ou por encomenda é possível achar outros de seus produtos.

Trazendo cerca de 400 artesãos, a 22º edição do Salão de Artesanato da Paraíba teve início nesta segunda-feira (8) e vai até o dia 30 de junho em Campina Grande. O evento, que neste ano tem como tema “As mãos que trabalham nossa cultura” é aberto ao público das 15h às 22h, na Avenida Severino Bezerra Cabral, 95, no bairro do Catolé.

 

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