Pé na estrada: no busão também tem São João!

Campina Grande, 18 de junho de 2015  ·  Escrito por Tamyres Dysa  ·  Editado por Bruna Neves

Universitários de Alagoa Grande enfeitam o ônibus com adereços juninos

Uma hora e meia de viagem cansativa, vez ou outra é lotado, às vezes é vazio. Para que ninguém seja esquecido na partida, uma lista de assinaturas é feita por eles mesmos. Essa é a rotina diária dos estudantes universitários da cidade de Alagoa Grande, que partem do brejo paraibano até à rainha da Borborema de segunda à sexta rumo a obter um dia o tão sonhado diploma. Poderia ser desmotivante essa rotina? Sim! Mas não é o que aparenta ser.

        Fora da Central Integrada de Aulas da UEPB, existe um campo específico para os ônibus que transportam os estudantes das cidades vizinhas até o campus universitário de Bodocongó. Sem ter muita procura, existem dois ou três nas épocas juninas que adentram no clima de São João, e o ônibus de Alagoa Grande é um desses. Cheio de bandeirinhas coloridas e bem colocadas, o “busão” como é chamado o ônibus pelos estudantes, transmite aos seus passageiros uma alegria e preservação tradicional mais forte que os transportes que estão descaracterizados.

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        Ao circular no centro da cidade de Campina Grande, no percurso que os levam à universidade, os estudantes sentem-se climatizados com as festividades. Observam a movimentação da rainha da Borborema, passam rapidamente o olhar pelo parque do povo, mas recebem também os olhares dos pedestres e veículos vizinhos que param no sinal.

        Nada injustificável, o ônibus está totalmente dentro dos requisitos juninos, e seus passageiros também. A “galera do fundão” faz questão de entrar no clima de festa e muitas vezes criar diálogos com quem olha para o transporte. Antes de ter uma noite de aulas que vai das 18:30 às 21:30 da noite, é importante para eles que ocorra uma descontração. A estudante de filosofia Fernanda Guedes já criou até paródia que será hino de quem viaja no “fundão”.

“Olha pra trás meu amor

Veja que todos ‘tão rindo’

A alegria, que contagia

É a de trás que vem surgindo…”

        Tudo começou no ano passado, a ideia de climatizar o ônibus partiu das alunas Juscelina, Silva estudante de letras espanhol, e Adeilza Araújo, estudante do curso de pedagogia. Acreditando que o transporte merecia uma ornamentação, as meninas agiram por conta própria com um custo de em média 13 reais em cada ano. Os demais colegas preservam a ação das jovens e são a favor de atos que preservem as tradições juninas culturais.

        Em relação a preservação e cultura, a idealizadora da ornamentação e futura pedagoga, Adeilza, se posiciona como profissional sobre o assunto,  “É essencial preservarmos, não só pela pedagogia, mas por nossa cultura em si. A essência junina é revigorante e pode ser trabalhada em vários âmbitos acadêmicos. Gostaria que a mesma perdure por um longo tempo. Todos devem sentir o quão espetacular é a nossa tradição.”

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        A viagem segue, e ações simples acabam gerando reações magníficas, tanto do olhar de quem vivencia e faz valer a continuidade das festividades juninas, quanto de quem observa de fora. Os universitários serão futuros profissionais e carregaram consigo as práticas que exercitam.

        Jovens como Adeilza, Juscelina, Fernanda e os demais componentes do ônibus serão educadores das novas gerações e transmitirão essa essência aos estudantes que certamente um dia entraram na carreira acadêmica em busca dessa mesma jornada estudantil. E se assim prosseguir a transmissão cultural, a continuidade da cultura junina não será mais uma dúvida, será sempre um ciclo de certezas.

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