Comidas típicas vendidas no PP têm preços elevados que variam com os estabelecimentos

Campina Grande, 20 de junho de 2015  ·  Escrito por Djane Assunção e Juliana Rodrigues  ·  Editado por Anthony Souza  ·  Fotos de Karlla Ferreira e Juliana Ferreira
Bares e Restaurantes no Parque do Povo

Bares e Restaurantes no Parque do Povo. (Foto: Karlla Ferreira)

Em sua 32ª edição do São João de Campina Grande, o Parque do Povo (PP), principal local do evento, conta com mais de 42 mil e 500 metros quadrados de área que reúne as grandes atrações musicais, quadrilhas, danças, bebidas e é claro as comidas típicas que fazem parte da tradição desta importante festa da cultura popular brasileira. São pratos tradicionais referentes, principalmente, à cultura do interior nordestino.

Mais estabelecimentos para vendas no Parque do Povo. (Foto: Juliana Rodrigues)

Mais estabelecimentos para vendas no Parque do Povo. (Foto: Juliana Rodrigues)

De uma ponta à outra do PP, é possível degustar um variado cardápio oferecido pelas diversas barracas que trabalham na comercialização de bebidas e alimentos. As barracas são bastante democráticas, oferecendo comidas que agradam aos mais variados paladares. São pratos que vão desde derivados do milho, arrumadinho, carne de sol, macaxeira, guizado e outros tantos pratos tradicionais da festa junina. Há também as comidas que não são tão tradicionais na região, como acarajé, receitas mexicanas ou mesmo as comidas conhecidas das cozinhas chinesa e japonesa.

Tratando-se especificamente das comidas tradicionais da festa e traçando um mapeamento das barracas, identifica-se uma variação significativa nos preços. Os restaurantes mais sofisticados possuem um preço “padrão” dos alimentos. A carne de sol varia entre 33 e 48 reais por porção. Já o arrumadinho e o guizado chegam a custar, respectivamente, 27 e 48 reais. Segundo pessoas que trabalham nesses locais, as tabelas de preço devem ser fixadas na frente do estabelecimento, pois é uma exigência do PROCON (Programa de Proteção ao Consumidor), órgão público responsável pelo controle e fiscalização das taxas de preços estabelecidas.

Consumidores e vendedores

Em entrevista com alguns vendedores tradicionais e populares do PP, percebeu-se que os mesmos alimentos citados acima tornam-se bem mais acessíveis nas barracas que não possuem um amplo espaço e detalhes de sofisticação. A carne de sol diminui para 15 reais e o arrumadinho chega a custar apenas 10. Por trás dessa diferença na tabela de preços, existe toda uma logística. Segundo informações dos próprios vendedores, a diferença está no local do estabelecimento. As barracas que ficam afastadas de locais com pouca movimentação de pessoas possuem valores menores, mas aquelas que estão situadas próximas à Pirâmide ou nos arredores da área central do Parque do Povo estabelecem preços mais elevados.

Marizete, 43 anos e sua funcionária trabalhando nas noite de são joão. (Foto: Juliana Rodrigues)

Marizete, 43 anos e sua funcionária trabalhando nas noite de são joão. (Foto: Juliana Rodrigues)

Marizete da Silva, 43, trabalha há 18 anos no local e reclama do preço do arrumadinho. “O pessoal está vendendo por 30 [reais]  o arrumadinho,  eu coloquei  a 10,00 reais. Então, a menina da outra barraca me chamou e disse o porquê de não estar vendendo quase nada. Realmente não tinha condições. O preço normal é 20,00 reais. Trinta reais é uma exploração”, explicou.

Muitos turistas que visitam o “Maior São João do Mundo” e vão ao PP dançar o tradicional forró pé-de-serra aproveitam para degustar comidas típicas da região, como pamonha, canjica e milho. O casal Ingrid, 30, e Darsson, de 35, que vieram do estado de São Paulo, falou da dificuldade em encontrar lugares que vendem essa comida típica. Além disso, a única coisa que lhes chamaram atenção foi o caldinho, mas ainda assim, o preço não era bom. “Achamos caro. O copinho pequeno, em média 200 ml, por cinco reais, está caro. E, quando fomos tomar, estava frio”, explicaram.

Comidas como os derivados do milho e feijão, que são as mais típicas em época de São João, e também as mais procuradas pelos turistas, acabam perdendo espaço na comercialização pelas barracas. Isso se dá pelo fato de que a falta de chuva no estado prejudicou a plantação desses alimentos e o resultado é o encarecimento dos produtos. Segundo comerciantes, alguns dos produtos do setor econômico primário que são utilizados para fazerem as receitas típicas estão com preços elevados. Como explica novamente Marizete: “os cremes eu vou manter o mesmo valor, agora o arrumadinho eu vou ter que aumentar para 20,00 porque realmente o quilo de feijão verde está caro, eu não comprei porque os produtos subiram muito, aí não compensa”. Também ressaltou que uma das dificuldade em vender as comidas típicas está na locomoção, pois além de ter mais gastos para mover os produtos, o espaço destinado às vendas é muito pequeno.

Estabelecimentos no PP.  (Foto: Juliana Rodrigues)

Estabelecimentos no PP. (Foto: Juliana Rodrigues)

São João das comidas típicas

O São de João de Campina Grande aderiu não só a culinária local, mas também a de outras regiões do Brasil e de países distintos. Muitos turistas que vêm visitar a cidade, em especial o PP, não encontram comida típicas da época junina, como milho, pamonha e canjica. Outro fator importante que pesa no aumento dos preços desses tipos de alimentos está em que o Brasil vive uma crise econômica profunda que acaba atingindo todos os setores da economia.

Diante disso, aplica-se a lei da procura e da oferta. Em tempos como esse, é sempre importante tabelar preços e saber torná-los acessíveis à população, afinal de contas, os consumidores não abrem mão de saborear as comidas típicas da culinária local, que são umas das marcas registradas dos festejos juninos d’O Maior São João do Mundo.

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