“Da beleza dessa voz
Vem a cor do meu sertão
A sanfona chega brilha
Bem pertim do coração
Se forró é coisa boa
O Nordeste em pessoa
Se reflete no baião.”
(Trecho do prefácio – Beto Brito)
Aconteceu na noite deste sábado (20), no Centro Cultural Lourdes Ramalho, em Campina Grande, o lançamento da obra “Por Amor ao Forró”, de autoria do escritor Onaldo Queiroga. O livro, que é uma publicação da editora universitária da Universidade Estadual da Paraíba – EDUEPB , demorou cerca de dez anos para ser escrito e conta a trajetória de Francisco Ferreira Lima, mais conhecido como Pinto do Acordeon, natural de Conceição do Piancó, no Alto Sertão paraibano. Estiveram presentes na solenidade artistas, admiradores e autoridades como o reitor da Universidade Estadual da Paraíba, Rangel Júnior, o organizador do Maior São do Mundo, Temístocles Cabral, e o coordenador de comunicação da Prefeitura Municipal de Campina Grande, Marcos Alfredo Alves.
O livro tem o prefácio escrito pelo cantor e compositor Beto Brito e está dividido em uma entrevista longa feita com Pinto, algumas crônicas tratando de outros aspectos da vida e obra dele, posteriormente foram selecionadas algumas músicas para fazer uma critica em relação a essas canções. O livro também foca as participações do cantor no filme “Paraíba Meu Amor”, no programa “O Milagre de Sta. Luzia” e também em um programa que ele fez na Rádio Tabajara, que era o “Humor e Forró”, juntamente com Marcelo Piancó. No final, a obra tem vários depoimentos de artistas como Dominguinhos, Chico Bezerra, Chico Cesar, Vital Farias, Biliu de Campina e Fagner.
Onaldo Queiroga contou que a ideia surgiu para prestar homenagem a Pinto do Acordeon, que ele considera o principal herdeiro musical de Luiz Gonzaga no momento. “Havíamos feito a biografia de Gonzaga no seu centenário, no ano de 2012 e agora decidimos fazer esse registro para poder mostrar não só a Paraíba, mas deixar registrada toda a história desse sertanejo lá de Conceição, que tem uma similaridade muito grande com a vida e a história de Luiz Gonzaga”.
O diretor da EDUEPB, Antonio Roberto Faustino, destacou a importância de Pinto do Acordeon para a cultura nordestina. “Pinto do Acordeon representa um dos maiores patrimônios da música popular regional brasileira, tornando fortemente viva na alma do nosso povo a tradição e atualidade da riqueza artística de grandes nordestinos, como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro”, lembrou. “O que o escritor Onaldo Queiroga e a EDUEPB acabam fazendo é, definitivamente, marcar na história da nossa literatura um dos legados musicais, melhor dizendo, um dos cantos mais bonitos do Vale do Piancó paraibano”, finaliza.
Segundo o jornalista e professor, Cidoval Morais, a obra se desdobra em duas plataformas diferentes. “Este projeto não é único. Ele é um projeto que tem duas dimensões. A primeira dimensão é a literária, que está posta no livro, e a outra dimensão é a audiovisual, porque o livro é acompanhado de um dvd, onde tanto tem entrevistas, tem a trajetória do artista e tem músicas de Pinto. Então é uma obra, digamos assim, completa, sobre uma das maiores estrelas do forró paraibano.” Cidoval, que também é pró-reitor adjunto da Pós-Graduação da UEPB e ex-diretor da EDUEPB, destacou ainda o trabalho do projeto Repórter Junino para tornar esta obra mais acessível. “A nossa tarefa, a sua tarefa, como divulgador da mídia, e minha como professor universitário ou como jornalista, é fazer com que essas coisas ganhem uma dimensão pública. Você pode fazer isso divulgando no Repórter Junino, no seu Facebook, no Twitter, no Instagram. Mas o livro ainda é caro. Minha ideia é de que um dia tudo isso possa ser disponibilizado publicamente, não em papel, mas para as pessoas baixarem e lerem a qualquer momento.”
O reitor da Universidade Estadual da Paraíba também esteve presente e destacou que a UEPB cumpre mais uma etapa do seu papel. “A UEPB tem o papel de levar a cultura e projetar valores da cultura nordestina mantendo um projeto de uma política editorial voltada para ciência e para a literatura de um modo geral”. Ainda segundo o reitor, pelos registros, este é o primeiro livro com o perfil biográfico lançado pela UEPB, já tivemos livros de resultados de pesquisa, mas com esse perfil não”, pontuou.
A apresentação da obra foi feita pelo reitor Rangel Junior, seguido pelas falas de Onaldo Queiroga, Temir Cabral, e por fim a do cantor e compositor Pinto do Acordeon. O organizador do São João, Temi Cabral, em nome da Prefeitura, da Coordenadoria de Turismo e da Coordenadoria de Comunicação, disse que o livro vai para a história. “Quero dizer da nossa satisfação. Você [Pinto do Acordeon] faz parte desse amor que temos por você. Esse livro vai para a história da música da Paraíba. Você engradece esse evento do São João que representa o o seu nome, de Jackson do Pandeiro do que existe de mais autêntico na música brasileira que é o forró”, enalteceu.
Pinto do Acordeon encerrou agradecendo pela homenagem e relembrou sua amizade com Ronaldo Cunha Lima (in memorian), ao citar alguns versos que foi feito em parceria com o poeta. O cantor demonstrou grande satisfação ao ter seu trabalho reconhecido e divulgado. “Fiquei muito fofo, um rei. Um rei negão.”, concluiu. O público presente pode adquirir o livro autografado e participar de um momento de confraternização.