Quadrilhas juninas expõem diversidade: homens vestidos de dançarinas

Campina Grande, 26 de junho de 2015  ·  Escrito por Sulamita Oliveira  ·  Editado por Fernando Firmino  ·  Fotos de Dalisson Markel
Participante mostra-se feliz em dançar transvestido. Foto: DALISSON MARKEL​

Participante mostra-se feliz em dançar transvestido. Foto: Dalisson Markel

As quadrilhas juninas são um mar de cultura e de diversidade de gêneros. As cores, roupas e a dança chamam a atenção daqueles que param para ver o espetáculo. O que também  chama a atenção  de algumas pessoas é a presença de homens vestidos de mulheres e de travestis nas quadrilhas. Eles fazem uma super produção de roupas, cabelo e maquiagem para dançar e encantam com sua desenvoltura e simpatia.

Algumas quadrilhas juninas de bairro sempre tiveram a tradição de quadrilhas em que há homens vestidos de mulheres e mulheres vestidos de homens, mas num sentido mais de humor. Nas quadrilhas juninas que disputam prêmios na Pirâmide do Parque do Povo é diferente. É um trabalho levado a sério e respeitado pelos pares. Há quadrilhas com seis ou dez dançarinos com homens vestidos de mulheres e muitos chegam a confundir o público, que nem sempre percebe.

Mais o que levaria eles a dançarem como travestidos nas quadrilhas? A falta de mulheres interessadas em danças? São obrigados a isso? Nenhuma das duas coisas. Aline Lima é travesti e dança na quadrilha Paixão Junina, de Cuité. Ele diz que é normal para ele dançar vestido de mulher, e que a sensação é de dever cumprido quando a quadrilha se apresenta e é por opção própria que ele dança travestido. Lima comenta ainda que são seis meses de preparação para o espetáculo, e que se sente lisonjeado de participar da quadrilha.

Já para a travesti Rafaely Cruz, da quadrilha Fogueirinha, de João Pessoa, a sensação de dançar na quadrilha como travesti é um orgulho, e quando a apresentação acaba deixa um gostinho de quero mais. Ela ainda disse que alguns meninos se travestem apenas para dançar a quadrilha, e não são travestis na vida,fazem isso pelo prazer e o orgulho que sentem de se produzir para dançar pela sua quadrilha. Da parte dela e da quadrilha também é opção própria. Ela se monta por sua vontade e escolheu dançar travestida na Fogueirinha.

Mais um participante da quadrilha que faz sucesso pela sua irreverência. Foto: DALISSON MARKEL​

Mais um participante da quadrilha que faz sucesso pela sua irreverência. Foto: Dalisson Markel​

O prazer de se vestir, produzir cabelo, maquiagem, sapatos e adereços, tornam ainda mais prazeroso e instigador para que os homens se vistam de mulheres para participem das quadrilhas. E o encanto que a própria quadrilha tem chama a atenção não só deles, mas de todos que rodeiam este belo espetáculo. E eles continuarão sendo peças fundamentais para que o espetáculo continue sendo original como é, continuando a distribuir o brilho, destaque e beleza, juntamente com as suas quadrilhas.

 

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