Ao falar de festa junina as primeiras associações que fazemos é com o forró, o milho, as quadrilhas, as bandeirinhas, as fogueiras e etc, porém os quatro santos comemorados passam longe de serem lembrados de imediato. O real motivo das festividades desse período vem se perdendo, mas muita gente se esforça e faz bonito para resgatar o sentido sagrado dos festejos juninos.
Apesar de ser conhecido na cidade, por muitos, como lugar de festejar e namorar, o Parque do Povo se enfeita e se abre aos turistas em nome das homenagens prestadas a João, Antônio, Pedro e Paulo , são os santos muito prestigiados no meio católico. Por essa razão grupos religiosos, jovens, e até mesmo a prefeitura buscam retomar um sentido cristão para os 30 dias de festa, seja por ações sociais, pelo testemunho do evangelho passado por esses mártires, ou até mesmo, como é o caso da Prefeitura Municipal de Campina Grande, cedendo um dia no palco principal para o projeto Fé e Cultura.
Desse modo, podemos encontrar grupos como o “GerAÇÃO do Bem” que reúne jovens dos EJC’s (Encontro de Jovens com Cristo) de algumas paróquias de Campina Grande e região com a proposta de realizar trabalhos voluntários com pessoas à margem da sociedade. O grupo realizou uma ação no Parque do Povo recentemente onde saíram entre as pessoas cantando e oferecendo abraços a completos desconhecidos. “Muitas pessoas não têm dimensão da diferença e sensação que um abraço faz a vida de quem o recebe. No dia do evento, nos reunimos antes para separar doações de agasalhos […] dali seguimos para o Parque do Povo em missão, como faziam Antônio, João e Pedro. Assim como os santos do período junino, nossa ação não passa só pela lógica da oração, mas pela atitude concreta. As pessoas que precisam de doações são as mesmas que precisam de abraço, de cuidado e atenção.” diz Kaká Nascimento, um dos idealizadores do grupo.
Os movimentos criados pelo GerAÇÃO do Bem, entre outras coisas, prezam pela
partilha, seja ela material ou não. Quem também citou esse sentimento fraterno foi o Bispo diocesano Dom Manoel Delson em entrevista para o portal Canção Nova afirmando que a festa não vem se esvaziando espiritualmente, mas que é necessário cada vez mais relembrar a motivação inicial dos festejos “Vamos falar da vida dos santos e do testemunho que eles deram. Esse eu creio que é o trabalho evangelizador da Igreja. Não devemos excluir uma coisa da outra, mas procurar dar esse sentido forte do Evangelho”. Dom Delson ainda completa: “É uma festa de partilha, de família e de comunidade” e diz que se conseguirmos manter os festejos puros e o ambiente bonito e de família a festa em si será maravilhosa.
Outra iniciativa já citada é o projeto Fé e Cultura que em 2015 trouxe como atração musical para a noite de hoje o Padre Fábio de Melo que além de cantar músicas que falam sobre amor, Deus, amizade e esperança ainda faz pregações evangelizadoras.“Sempre que temos a oportunidade de reunir as famílias e promover junto com elas um evento saudável, sadio, com bom conteúdo e ao mesmo sem abrir mão da alegria sempre é um bom testemunho [..] Campina Grande ao dar esse espaço religioso na festa devolve ao povo o verdadeiro significado dela. A festa de São João é em torno de um santo, os festejos juninos acontecem em torno de figuras importantes da igreja e eu fico muito feliz em fazer parte desta festa”
Para muitos esses tipos de iniciativas e pensamentos ajudam a manter viva a tradição religiosa, sem perder a animação, o balanço do forró e a alegria típica do período. Como nos diz Renata Barbosa, auxiliar administrativa e voluntária em diversos serviços pastorais : “Para nós católicos esse projeto de Fé e Cultura é essencial, pois mostra para as pessoas o real sentido da festa que são os santos, o sagrado, e a religião. Isso sim que é pra ser lembrado durante os 30 dias.”