Exalando poesia e ‘nordestinidade’, Santanna encerra o São João de Sumé

Campina Grande, 1 de julho de 2015  ·  Escrito por Luana Gregório e Maryanne Paulino  ·  Editado por Dayane Andrade  ·  Fotos de Emanuelle Carvalho e Maryanne Paulino

Chegou ao fim na última terça-feira (30) as festividades juninas da cidade de Sumé, interior do estado. A programação da noite não poderia ser mais especial: contou com duas bandas sumeenses, Forró Kent e Forró do Vale, e a atração principal, Santanna, o cantador, que atraiu um grande público para a “princesinha do Cariri”.

Santana o Cantador cantando e encantando o público.

Santana o Cantador cantando e encantando o público.

Cria da terra, Forró Kent abriu os festejos da última noite. Com seu tradicional forró pé de serra e um pouco de xote, a banda levantou o público e colocou os forrozeiros para dançar até a meia noite e meia, quando a grande atração da noite começou seu show.

Pela primeira vez na terra de Zé Marcolino, Santanna pediu licença ao poeta e compositor, que assim como ele, retrata de forma autêntica e singular a cultura nordestina. “Muito difícil descrever com palavras a genialidade de Zé Marcolino”, disse o cantor.

Intercalando canções e declamação de poemas de Antônio Pereira, João Paraibano, Pedro Bandeira, Pinto do Monteiro, Victor Hugo e outros, Santanna mostrou o que há de melhor e mais bonito na cultura popular nordestina. As letras de suas músicas retratam com singularidade a vida do caboclo nordestino, a exaltação do amor e da saudade, as belezas naturais da nossa região. “É mais do que obrigação homenagear esses caras que cantam e versam o nosso Nordeste, os que começaram tudo isso”, afirmou sobre a abertura que ele dá em seus shows para “cantar e recitar outros artistas”.

Não teve quem ficasse parado ao som do Cantador.  Sucessos como “Tamborete de Forró”, “Canção da Saudade”, “Me Dá Meu Coração”, “Chamego Proibido”, “Doidim Por Você”, “Homem Passarinho, “Lápis de Cor” e a famosa “Ana Maria”, foram cantados e dançados por todos. Teve coco, baião, xote e muito arrasta-pé, animando os forrozeiros.

Santanna fez ainda uma homenagem a Luiz Gonzaga e a Zé Marcolino, cantando “Hora do Adeus”, “Cantiga do Vem-vem”, “Numa Sala de Reboco”, “Santo Fingido” e outras. O cantador, que possuía uma amizade íntima com o Rei do Baião, disse que o teve como grande exemplo e influência direta na sua trajetória musical. Ao ser questionado sobre a diferença entre o forró estilizado e o cantado por ele, Santanna diz “Eu não conheço o forró estilizado, eu não escuto. Agora se me perguntarem o que é o forró que Luiz Gonzaga deixou, eu sei, porque ele me ensinou. Se é estilizado porque tem guitarra, contrabaixo, bateria, Gonzaga já fez isso. Nada de novo há debaixo do sol,” ressaltou.

O poeta também falou da importância em realizar as comemorações juninas, preservando e priorizando as tradições e a cultura popular. “Você só é notado se fizer diferente, se fizer igual é só mais um. Parabéns a Sumé”, destacou quando foi perguntada sua opinião sobre as cidades que no São João fazem grandes festas com nomes que fogem do contexto junino e da autêntica cultura nordestina.

20150701193254 (2)Carisma e ‘nordestinidade’ fizeram do show de Santanna um dos maiores já realizados na praça pública da cidade, Praça José Américo. O cantor esteve muito a vontade no palco: fez selfies com algumas pessoas e dançou bastante, além de fazer uma crítica às “músicas que tornam a mulher um objeto de uso, descartável”. “Se respeitem, escutem canções que façam com que autoestima de vocês se erga mais ainda, que vocês se tornem muito maiores do que vocês são”, disse às mulheres presentes.

Já perto do fim de seu show, cantou a música “Paraíba jóia rara”, de Ton Oliveira, em coro com todo o público, que ficou muito emocionado e o aplaudiu veementemente.

A última atração da noite foi a banda Forró do Vale, que com uma proposta diferente das bandas anteriores, apresentou seu “forró estilizado”, animando os forrozeiros de plantão madrugada adentro.

Nesta grande festa esteve presente uma multidão de pessoas das cidades próximas, como Prata, Serra Branca, Monteiro, Amparo, Ouro Velho, São José dos Cordeiros, e até de Campina Grande e João Pessoa. Forró, coco, xote e muito arrasta pé marcaram a última noite da programação do São João do município de Sumé, que trouxe como prioridade as raízes e a cultura popular. Com essas manifestações, a verdadeira essência dos festejos juninos está permanecendo viva no cariri paraibano.

 

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