MATÉRIA ESPECIAL: Tradição da Feira Central de Campina Grande resiste ao tempo

Campina Grande, 1 de julho de 2015  ·  Escrito por Dayane Andrade  ·  Editado por Antonio Andrade  ·  Fotos de Antonio Andrade

Ah, Campina Grande! Cidade do interior, tão formosa pelas suas belezas encantadoras, povo feliz e acolhedor. Considerada um dos principais centros industriais da região Nordeste e um dos maiores pólos tecnológicos da América Latina. É um  lugar de raízes, tradições, culturas, costumes e memórias  que fazem relembrar a infância dos nossos pais e avós. Campina guarda um lugar, em especial,  que hoje é parte constante no nosso dia a dia e que muitas vezes é palco de manifestações culturais. Sejam bem-vindos à Feira Central, a maior feira livre do Nordeste.

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Produtos orgânicos também podem ser encontrados na feira

Um pouco de história

Marcados na história e no processo de ocupação do Brasil, os tropeiros atravessavam as mais diversas regiões para comercializar animais e alimentos. Muitas vezes cansados de suas longas viagens e precisando abastecerem-se para dar continuidade às suas jornadas, estes homens tinham pontos certos para as suas paradas. Um desses pontos foi a então Vila Nova da Rainha, hoje Campina Grande. O saudoso Luiz Gonzaga em uma de suas composições definiu bem a realidade desses viajantes. “Assim caminhavam as tropas cansadas, e os bravos tropeiros buscando pousada, nos ranchos e aguadas dos tempos de outrora, saindo mais cedo que a barra da aurora, riqueza da terra que tanto se expande e se hoje se chama de Campina Grande.

Através desses encontros entre tropeiros que sempre atravessavam a região em direção ao litoral e ao interior, teve início o surgimento da cidade e por consequência o nascimento da Feira Central. Na época, a localidade onde hoje se encontra a feira era ocupada por Theodósio de Oliveira Ledo,  que havia fundado ali  um aldeiamento dos índios Ariús. Os Tropeiros costumavam parar na cidade para descansar os animais e fazer o abastecimento da carga. Por se tratar de uma rota basicamente estratégica os boiadeiros também já tinham uma parada certa e aproveitavam para fazer troca de mercadorias. A partir daí aquele local que servia apenas como aldeiamento tornou-se uma referência de encontro entre os tropeiros e boiadeiros que cruzavam toda a região. Dava-se início a um dos maiores patrimônios históricos da cidade e que está intimamente ligado à sua criação.

 

O coração de Campina que bate ao longo do tempo

“Vai levar o quê, freguesa?” “Olha a banana, mamão, maçã! Tudo num precinho bom!”. Quem nunca andou pela Feira Central e ouviu isso não sabe o que é ter um variado leque de preços e produtos de qualidade a sua disposição. Funcionando diariamente, a Feira Central de Campina Grande é marcada pelo vai e vem de pessoas que buscam produtos fresquinhos e com um preço camarada. Mas, aos sábados, essa movimentação é bem mais constante, pois este é considerado um dia de festa, tanto para os feirantes quanto para os fregueses. É o dia em que famílias fazem as compras da semana e movimentam a economia da região.

De geração em geração a feira de Campina é a responsável pelo sustento de diversas famílias. Uma tradição que é passada dos pais para os filhos e que garante também a existência da própria feira. É o caso de Renata Sales, que  comercializa queijos, bolos e doces de tabuleiros há cerca de 18 anos no Mercado Central. Renata, é estudante de Direito e conta que o trabalho da sua família na  Feira Central já vem de muito tempo, quando seu bisavô veio fugido de Jerusalém na época da guerra, dentro do porão de um navio, trazendo de lá a arte de se fazer os tão deliciosos doces de coco e açúcar e o famoso “quebra queixo”, que hoje são comercializados por ela.

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Renata Sales, que comercializa queijos, bolos e doces de tabuleiros há cerca de 18 anos no Mercado Central.

Para Renata, a feira é o coração da cidade e um dos melhores lugares para se frequentar. “Hoje em dia sou estudante de Direito, mas eu amo a feira, é a melhor coisa que tem dentro de Campina Grande. Eu costumo dizer que se um dia eu chegar a sair daqui, vou continuar fazendo a minha feira aqui, eu amo esse lugar.”, revela.

Uma tradição que dura mesmo depois de tantas facilidades

Apesar das facilidades incorporadas ao longo do tempo com a criação de supermercados e a opção de fazer compras online, a feira continua sendo o ponto certo daqueles que procuram não só produtos com um preço em conta, mas pela comodidade de encontrar uma infinidade de serviços distintos. Dentro da própria feira há uma subdivisão de setores, é muito comum ouvir expressões como “feira de galinha”, “feira do milho”, “feira de troca”… E dentro dessas divisões são comercializados produtos de origem animal e vegetal, como a própria carne bovina, sandália e chapéu de couro, frutas e verduras, roupas, móveis, utensílios de barro, plantas medicinais, fogos de artifício, produtos artesanais, enfim, de tudo se encontra na feira. Confira na galeria abaixo um pouco desse caleidoscópio cultural:

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