Foto: Eliata Nascimento

Dia 13 de junho muito conhecido por ser o dia de Santo Antônio está se aproximando, e com ele surgem alguns questionamentos: será que vale fazer uma simpatia para dá um empurrãozinho ou uma apressadinha no destino? Santo Antônio já ajudou muita gente, será que agora chegou a sua vez?

Batizado de Fernando de Bulhões e Taveira de Azevedo, Santo Antônio era um frade franciscano que nasceu em 1195 na cidade de Lisboa em Portugal, mas viveu durante a maior parte de sua vida em Pádua, na Itália. Conhecido e considerado como o santo casamenteiro, é o mais requisitado para ajudar as mulheres a encontrarem um marido, e toda essa fama é dada a esse santo franciscano por ter realizado matrimônio das moças humildes gratuitamente.

Alguns relatos contam que tudo começou em Nápoles, com uma moça desesperada para casar, porém sua família não podia pagar seu dote, então a moça ajoelhou-se aos pés da imagem e pediu com fé a ajuda do santo, que milagrosamente lhe entregou um bilhete e disse para procurar um determinado comerciante. No bilhete estava escrito que o comerciante desse a moça moedas de prata equivalentes ao peso do papel. Para surpresa do homem, que achava que o peso daquele bilhete era insignificante, foram necessários 400 escudos de prata para que a balança atingisse o equilíbrio, naquele instante o comerciante lembrou de que havia prometido 400 escudos de prata ao santo, e nunca tinha cumprido a promessa. Essa foi a forma que Santo Antônio encontrou para fazer a cobrança. A moça se casou, e a partir daí, a atribuição de “O Santo Casamenteiro”.

Outra história que dá ao santo a fama de casamenteiro é a de uma moça muito bonita, que já não tinha esperança de casar. Ela conseguiu uma imagem do santo e colocou-a em um oratório. Todos os dias, colhia flores para oferecer ao santo pedindo que lhe trouxesse um marido. Mas, dia após dia, passaram-se semanas, meses, anos, e nada do noivo aparecer. Aborrecida e chateada pela ingratidão do santo, atirou a imagem pela janela, e esta atingiu um jovem cavalheiro que passava no momento. O rapaz apanha a imagem e entrega a jovem, que se apaixona por ele e atribui seu surgimento a fé por Santo Antônio.

Santo Antônio morreu na Itália, no dia 13 de junho de 1231, aos 36 anos. Foi canonizado pelo papa Gregório IX apenas 11 meses após sua morte, e chamado de “santo de todo mundo” pelo que tinha feito em vida, propagar a verdade de sua fé, amar e ajudar os pobres.

Simpatias ao Santo

Foto: Eliata Nascimento

Entre as simpatias mais populares estão: comprar uma pequena imagem do Santo, tirar o Menino Jesus do colo, e só devolver quando o pedido for realizado, ou ainda, deixá-lo de cabeça para baixo, colocar na geladeira ou num poço. Mas as moças que fazem isso ficam até tranquilas, em relação a estarem cometendo algum pecado contra o santo, pois segundo alguns estudiosos, elas o “martirizam” quando não atende seus pedidos, por alegarem que quando vivo, Santo Antônio tinha o desejo de ser mártir.

Para as mulheres religiosas que não têm coragem de martirizar o Santo e para as que não se consideram com tanta fé, e mesmo assim querem tentar a sorte no amor, a alternativa é realizar outras simpatias populares como a de comprar um facão e à meia-noite do dia 12 de junho cravá-la numa bananeira, o líquido que escorrer da planta deve formar a primeira letra do nome do seu futuro amor. De acordo com Irene da Silva Bezerra, 55 anos, essa simpatia funciona, “comprei uma faca virgem, no acendimento da fogueira de Santo Antônio empurrei a faca no pé de bananeira, pedi pra no outro dia aparecer à letra do nome do meu amado, e amanheceu a letra M., justamente, casei com um homem chamado Manoel e moro com ele faz 37 anos.”

Foto: Eliata Nascimento

Outra maneira de apelar por um casamento é visitar a Pedra de Santo Antônio, ponto turístico e religioso localizado na Serra do Bodopitá, município de Fagundes – PB. De acordo com a lenda, a pedra recebeu esse nome para homenagear o santo devido sua imagem ter aparecido numa fenda da pedra de forma inexplicável. A imagem foi encontrada pela primeira vez por migrantes escravos, no século XIX, vindos de Pernambuco. Por três vezes a imagem encontrada foi transferida para a Igreja de Fagundes, mas, misteriosamente dias depois desaparecia e era descoberta na pedra, seu local de origem. No terceiro desaparecimento a imagem nunca mais foi vista, e a passagem na Pedra tornou-se de difícil acesso.

Em 1904, foi construída uma pequena Igreja no lugar, com uma estátua de Santo Antônio, que serve de ponto de encontro para os romeiros até os dias de hoje. A cada ano o fluxo de visitantes que frequentam o templo no mês de junho aumenta. Os fiéis garantem que quem passar por debaixo da pedra e realizar o sacrifício, conseguem pretendentes, ou no ano seguinte o casamento acontece.

Outras sugestões de simpatias podem ser para saber quantos anos faltam para se casar como, a do “dente de alho”. Ao acender a fogueira de Santo Antônio ou de São João, molha um pouco e colocam atrás da fogueira três dentes de alho, se amanhecer o dia e os dentes de alho tenha saído da casca, casa no mesmo ano. Tem também a da “aliança”, onde você pega um Fio de cabelo e uma aliança de alguém que foi casado na igreja e a aliança foi benta, e coloca pra bater em um copo d’água, quantas vezes a aliança bater na borda do copo são quantos anos vão demorar pra você casar.  E ainda podemos citar a simpatia para saber se o futuro companheiro será jovem ou mais velho, onde é preciso arranjar um ramo de pimenteira e de olhos fechados deve pegar uma delas, se a escolhida for verde o pretendente será jovem, caso contrário o casamento acontecerá com alguém de idade avançada.

Da Simpatia a Fé  

Foto: Arquivo pessoal

Beatriz Vieira, Servidora pública, 27 anos.  

Repórter Junino: Você conhecia a pedra de Santo Antônio?

 Sempre conheci a pedra de Santo Antônio pelo que as pessoas falavam. Sempre tive um desejo de conhecer, minha formação desde criança é católica e minha mãe sempre incentivou por se tratar de uma pedra que leva o nome de um santo, e pela questão da fé sempre tive vontade de passar.  

R.J – O que te motivou a passar por baixo da pedra de Santo Antônio?

Minha vontade não era tanto de passar por baixo, pois as pessoas falavam que se não tivesse fé ficava presa debaixo da pedra, e eu tinha muito medo.  Eu fui e me desafiei a passar não só pela questão de casar, mas pela questão da fé mesmo, de provar minha fé, a questão de casar veio na segunda vez em que eu fui, – as pessoas dizem que pra casar você precisa passar três vezes em baixo da pedra, só que eu só passei duas- passei na intenção de que na terceira vez eu iria arrumar um namorado, mas só precisei passar duas mesmo.

R.J – Acredita que a pedra de Santo Antônio realmente ajuda?

Eu acredito sim, e aconselho as pessoas a passarem, não pela questão de arrumar um namorado, mas acho que às vezes as pessoas precisam um pouco de algumas provações, mas se elas tiverem indo para arrumar um namorado também aconselho, pelo menos eu encontrei, e a gente ta muito feliz.

R.J – Quantas vezes você precisou passar?

Não precisei passar às três vezes. Acho que quando se tem fé desde a primeira vez já é válido

R.J – No que essa experiência resultou?

Um tempinho depois conheci uma pessoa e a gente começou a namorar e estamos com casamento marcado para o dia 21 de janeiro de 2017.

Foto: Arquivo pessoal

R.J – Acredita em simpatias em um modo geral?

Acredito nas simpatias, apesar de não ter feito muitas. Acredito que tudo é valido desde que você tenha fé, se você crer que aquilo ali vai acontecer, então acho que é valido sim. Fiz da pedra de Santo Antônio, e da aliança.

R.J – Como foi a experiência?

Acho que além de ser uma experiência incrível, de você se autodesafiar, porque a pedra é muito baixa, você tem que rastejar, ficar deitada e sair se arrastando ate lá em cima, é muito difícil chegar lá em cima, um desafio realmente de fé.  A vista é maravilhosa, tanto da pedra de Santo Antônio como nos outros lugares da pedra, é maravilhosa. A culinária lá é excelente, e durante o mês de junho tem forró, então indico as pessoas a irem com namorado (a), esposo (a), ou amigos, indico muito o lugar. É maravilhoso.

As simpatias podem não ter êxito, mas não tem uma definição concreta se são porque se tratam apenas de superstições, crendices, ou por ser apenas momento de sorte para algumas mulheres. Milene de Sousa Silva Gomes, 38 anos, disse ter feito uma simpatia, no entanto a dela não deu certo. “A minha simpatia foi do alfabeto com farinha de mandioca. Pega o alfabeto corta em pedaço pequeno, dobra, faz os bolinhos da farinha e coloca a letrinha dentro. Quando tiver seco, depois de uns vinte minutos à meia hora, pega uma panela com água do rio corrente, joga o alfabeto dentro e a letra que sair é a do seu namorado ou do futuro esposo”, afirma ela.

Na geração atual dificilmente encontra-se mulheres que se dispõe a fazer simpatias, e não se tem uma conclusão porque isso está acontecendo, suponha-se que seja por motivos da não realização do pedido, ou por não acreditarem mais nas crenças populares. De todo modo para as moças e moços solteiros e encalhados não custa nada acreditar, pelo menos ninguém nunca perdeu nada tentando. Tá querendo casar apela pra Santo Antônio, se ele escutar, teu desejo vai se realizar.

Seja como for, través de simpatias, ou apenas ajudinhas do destino, não importa a forma que você irá chegar até o seu amor, importa que chegue até ele. O dia de Santo Antônio e o dia dos namorados são celebrados pelos casais apaixonados, e por todo lado paira o cheiro de amor, casais de mãos dadas, beijos roubados, abraços apertados, homenagens carinhosas, sorrisos soltos, ah, o amor! Ele não tem idade, nem distinção.

Toda forma de Amor