Tradição e regionalismo marcam mais uma edição do Momento Junino

Campina Grande, 19 de junho de 2016  ·  Escrito por Cleide Dias, Max Marcel E Ricardo Júnior  ·  Editado por Ivan A. Costa  ·  Fotos de Max Marcel

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Na última edição do Momento Junino, realizada na tarde de ontem (18), passaram pelo palco Capilé, Sussa de Monteiro e Waldonys, artistas que buscam, através de suas composições, manter vivo o forró tradicional em tempos onde o estilizado ganha cada vez mais notoriedade. A comerciante Vilma Ferreira da Silva acha importante a proposta do programa ao selecionar artistas com essas preocupações.

  “A gente não pode sair daqui [de Campina Grande] sem vir ao Momento Junino”, declararam à Kalilka Vólia alguns turistas que estão na cidade para curtir o Maior São João do Mundo. À frente do programa desde 2015, ela reconhece a importância e o prestígio alcançados nesses 17 anos de história. “É o maior programa de forró da televisão brasileira. Pra nós, é um orgulho muito grande fazer parte e levar o nome da Tv Borborema, principalmente quando está completando seus 50 anos”.

  O estreante Cléber Oliveira passa a dividir o comando da atração com Kalilka e não esconde a felicidade em atuar no projeto. “O sentimento é indescritível: estar aqui, acompanhar a interação do público que vem nos prestigiar ao vivo, direto da Pirâmide do Parque do Povo; que nos acompanha todos sábados. O carinho que a gente recebe se estende às ruas”, conta ele.
13499887_288642294813592_767929429_o  A Pirâmide ficou pequena em meio à agitação provocada pelo ritmo eletrizante de Capilé, o primeiro a se apresentar, com seu estilo irreverente e original. Ele, que também é um dos fundadores do Maior São João do Mundo, destacou a relevância da festa para a economia local: “Não é apenas uma festa. Ele [o São João] gera emprego, e renda. Como nós não temos praia, temos que fazer o turismo de eventos. E hoje é um dos quatro maiores eventos do país”.

  Não se pode falar no São João de Campina sem falar na tradição que se mantém viva, manter a regionalidade tem sido uma tarefa difícil, pois a mistura de ritmos e a junção do pé de serra com o estilizado deixa esquecido o que tem de melhor na região. “O Maior São João tem vários estilos, mas a partir do momento em que numa mesma noite coloca uma banda estilizada e um forró pé de serra é uma falta de respeito com a tradição” diz Sussa de Monteiro.

  A cada ano, a realização do programa convida artistas locais, uma maneira de manter presente a tradicionalidade. A mídia tem um papel determinante no que se ouve hoje. Porém, um programa como este, que em duas horas, resgata a cultura local, ao som de muito pé de serra, de versos e rimas, que remetem a história do nordeste. Sussa ainda diz que “a desigualdade, desleal, não dá oportunidades dos artistas locais ganharem seu espaço, a própria mídia só toca forró estilizado, mas continuarei mantendo viva nossa memória através de minhas composições e de outros que cantem o nordeste”.
13460822_288770528134102_1226930187_o Encerrando as apresentações de mais um sábado no programa, Waldonys levanta poeira com seu repertório cheio de energia. Ao som de “Eterno Aprendiz”, grande sucesso do cantor, a Pirâmide vibra, e acompanha o ritmo quente desse artista da terra e dos ares. Um detalhe que poucos sabem: Waldonys, além de ter uma carreira sólida como cantor e acordeonista, também se aventura na aviação, que é uma outra grande paixão em sua vida. Mais uma vez abrilhantou o Momento Junino mostrando o poder do forró cearense em território paraibano.

  A cada música tocada o público cantou e se emocionou, pois sabe que suas raízes estão sendo preservadas. O Maior são João do Mundo já passa dos seus 15 dias, mas a certeza de ter levado tradição e muito forró é algo visível, pois só quem está presente num evento como esse pode sentir e viver as emoções da vida de um nordestino.

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