O bode, assim como o homem do sertão, sabe arrodear as dificuldades e se adaptar às condições impostas pela natureza por isso é a preferencia dos pequenos criadores da Paraíba. Além da carne, o pelo e o couro do animal são aproveitados e se transformam em arte nas mãos certas.
Através do artesanato o couro trança a vida de luta e seca do sertanejo. Por meio dos gibões, colore nos tons da coragem e da tradição a caatinga, tornando-se assim, parte das referências de formação cultural, social e histórica do povo nordestino.
Usado inicialmente para proteger a pele do vaqueiro, o couro foi imortalizado por dois reis nordestinos: o do cangaço, sendo a vestimenta mais usual de Lampião, e o do Baião, o grande Luiz Gonzaga, que levou, refletida nas vestes, a tradição nordestina para o mundo.
Hoje, o couro se transformou em um negócio rentável, alvo de investimento e exportação. O que antes era marca de um povo simples e trabalhador, agora ganha o país nas passarelas das semanas de moda e na releitura de peças tradicionais.
Há 5 anos na profissão de artesão, Roosevelt Fernandes, proprietário da marca Gibão de Cor, produz e comercializa peças em couro na Vila do Artesão, em Campina Grande, onde investe nessa nova vertente, atendendo a demanda da moda urbana e criativa sem abandonar as peças convencionais e clássicas do nosso interior, como o chapéu e a sela.
Com sogros artesãos, nascidos em Ribeira, terra do couro, Roosevelt não sabia que também possuía esse dom, e se sente emocionado por ter, em tão pouco tempo, levado seu trabalho para vários lugares do país e por produzir roupa de shows para cantores do forró pé-de-serra.
O negócio vem dando tão certo que a preparação para junho começa por volta de fevereiro, e as peças, 100% artesanais, nunca sobram para o próximo São João. “O período junino equivale, para nós, como o fim do ano para o comércio, pois, apesar de nunca pararmos a produção, nosso tempo de maior venda é quando a cidade abre as portas do Maior São João do Mundo e recebe a visita de inúmeros turistas”. Disse o artesão.
Quem visita Campina nesse momento festivo, ou deseja conhecer mais das próprias raízes culturais, pode conhecer o trabalho de Roosevelt e de outros artistas na Vila do Artesão, das 10h às 18h, e também no Salão de Artesanato, que funcionará até o dia 3 de julho das 13h às 21h, na Avenida Severino Cabral.
Conhecer esses espaços híbridos (onde o antigo e o novo caminham juntos) é de um rico valor cultural, pois nesse mundo lúdico de cores, texturas e nuances, a história e a tradição de um povo se transforma em arte.