“Mestres da Sanfona” é o nome da série que homenageou a cultura nordestina através da música. A iniciativa faz parte do projeto Música no Teatro, que já acontece há dois anos na sala Paulo Pontes do Teatro Municipal Severino Cabral.
A primeira edição da série “Mestres da Sanfona”, realizada em 2015, homenageou Dominguinhos e teve como convidado Roninho do Acordeon. Já na segunda, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião foi homenageado pelo Sanfoneiro João Batista. Na noite desta terça, 30, a terceira e última edição da série fez uma homenagem ao maestro paraibano Sivuca e teve como convidado o sanfoneiro Erivelton Nóbrega (Vevel). “Muitas pessoas não sabem tudo que Sivuca foi, em 1962, ele ganhou um prêmio na França como instrumentista do ano”, comenta o coordenador do projeto, Fabrício Ferreira.
Sobre as escolhas dos artistas homenageados, Fabrício afirma: “eu escolhi esses três artistas porque eles, além de representarem a cultura nordestina, também representam o desenvolvimento da sanfona como instrumento e como instrumento com linguagem brasileira.”
Nascido em Pocinhos – PB, Vevel foi o convidado de honra da série “Mestres da Sanfona” do projeto Música no Teatro, incubido da tarefa de homenagear o Maestro Sivuca, levando para o palco um repertório eclético com composições originais do mestre. “Fazer uma homenagem à Sivuca é simplesmente homenagear um dos maiores sanfoneiros e músicos, não só do Brasil e do nordeste, mas reconhecido no mundo inteiro. Ele conseguiu ir do regional ao erudito, escreveu arranjos de músicas regionais para grandes orquestras e o repertório do Sivuca é um leque de vários ritmos. Então pra mim, especialmente, é uma honra muito grande”, afirma o sanfoneiro.
Por ter um caráter de viés educativo, o projeto é composto por uma palestra seguida de apresentações de vídeos ou fotos do artista homenageado e então, encerra-se com a parte musical. O show ainda contou com a participação das cantoras Gitana Pimentel e Nívea Soares, os percussionistas Emerson e Vitor Emanuel e o violonista Alexandre Couto, escolhidos para reverenciar os diferentes estilos musicais que o mestre dominava.
A professora Roseli Corteletti, é aluna de violão do coordenador Fabrício, apaixonada por música e dança e acompanha o projeto desde a sua primeira edição. Ela busca sempre divulgar a iniciativa com seus amigos, familiares e alunos, principalmente pela internet: “venho normalmente com meu marido, mas como hoje ele não pôde eu vim sozinha. Acho isso aqui muito legal e procuro trazer sempre bastante gente comigo”, conta a professora, ressaltando que “não é sempre que tem coisas desse tipo por aqui, então quando tem a gente tem que aproveitar”.
“Música no Teatro”
O idealizador do projeto, Fabrício Ferreira, primeiro bacharel em violão de Campina Grande pela UFCG e hoje coordenador de música do teatro municipal diz que, a princípio, o projeto tinha o objetivo de proporcionar à população de Campina Grande um tipo de concerto diferente, o chamado “concerto didático” em que, além de ouvir a música, podemos entender todo o contexto que a envolve. No evento, a função do coordenador é a de palestrante e há sempre um convidado para tocar sobre aquilo que ele falou. Ao longo desses dois anos, o projeto já conseguiu abordar toda a história da música, desde a renascença até o século XX, passando também por alguns gêneros de música popular como o chorinho, o jazz e o blues.
O projeto Música no Teatro acontece através de grandes parcerias que foram conquistadas ao longo do tempo, não envolve recursos financeiros de nenhuma parte e tem entrada do evento franca, já que um de seus objetivos é promover participação popular.
Vevel sobre “Feira de Mangaio”, do Maestro Sivuca
“Quando a gente fala em Sivuca, Feira de Mangaio é a maior referência. Ela foi uma música composta por Sivuca juntamente com a sua esposa, Glorinha Gadelha. É muito forte porque é a nossa cara. O Sivuca morou um tempo nos Estados Unidos e Glorinha Gadelha juntamente com ele, em uma certa época, estava com saudade de sua terra, da cultura, da sua cidade (Itabaiana-PB), do nordeste… e a primeira coisa que veio a mente deles foi a feira. Então ela fez a música remetendo a gente dentro de uma feira. E o Sivuca magistralmente, como gênio que ele ainda é, fez a melodia da música e até hoje ela é reconhecida não só no Brasil, mas também fora” comenta Vevel.