Começou, nesta sexta (9), o XV Concurso Campinense de Quadrilhas Juninas organizado pela Associação de Quadrilhas – ASQUAJU-CG e pela Prefeitura de Campina Grande. As apresentações foram realizadas na pirâmide do Parque do Povo com a presença de um grande público. Onze juninas participam do concurso que levará três delas à disputa estadual. Na primeira noite, cinco apresentações animaram o público. A abertura do concurso ficou por conta das crianças da Arraial da Felicidade, quadrilha do bairro do José Pinheiro com 43 anos de história.
A Trilha Junina trouxe para a pirâmide o debate sobre a violência contra a mulher através da história de superação da personagem Penha que foi incorporada pela noiva da quadrilha, Priscila Ohara. O enredo dividiu-se em partes: primeiro, em um diálogo com uma amiga que alertara Penha sobre os machucados e perigos que ela vivia, seguido pela negação e o silêncio da personagem por “amor” e medo de perder o cônjuge. Em seguida, Penha é agredida e com apoio de outras mulheres e da polícia consegue se ver livre do agressor. A Trilha Junina apostou na superação, na sororidade entre as mulheres e na força feminina para marcar o desfecho do enredo.
As quadrilhas Tradição da Serra e Escorrega Mai Num Cai não chegaram no tempo previsto e foram remanejadas para outro horário de apresentação. Os jurados concordaram em não penalizar nenhuma das juninas.
Seguindo as apresentações, a Arraial em Paris, dos Cuités, coloriu a pirâmide com o enredo “Na sintonia do Rádio meu coração é quem diz: Chegou São João, canta Arraial em Paris” que contou parte da história do rádio e do amor entre os noivos da junina. A apresentação também fez referência ao amor presente no rádio, desde as declarações apaixonadas até as letras de músicas tocadas. Os componentes sintonizaram o público na frequência da alegria e finalizaram empolgando a arquibancada.
A terceira apresentação da noite ficou por conta da Tradição da Serra, que apostou em uma história de fé, trazendo as procissões católicas e Frei Damião para o forró. A quadrilha fez o público cantar alto a música ‘Romaria’ de Renato Teixeira e ‘Maria, Maria’ de Milton Nascimento, lembrando-nos da garra para lutar por dias melhores.
Escorrega Mai Num Cai veio falar da história real que muitos nordestinos e sertanejos passam devido a grande seca na região. O enredo baseou-se na última gota de esperança alimentada, diariamente, por quem tanto precisa de água para sobreviver e pede aos céus a chuva. A junina sediada no bairro da Palmeira, e que havia sido remanejada pelo atraso, veio ao pátio sem a presença de todos os componentes e roupas. Claudinho, um dos responsáveis pela quadrilha e puxador do enredo, não escondeu os improvisos do público e nem dos jurados, mostrando raça, fé e amor pelo trabalho desenvolvido por todos.
Aguardada por um grande público, a Mistura Gostosa foi a última a se apresentar, já na madrugada do sábado (10), contando a mágica história de Uirá, um ser místico protetor. A quadrilha trouxe para o São João de Campina a cultura indígena manifestada em todos os componentes, roupas e adereços presentes. A Mistura surpreendeu a todos pela sincronia dos passos, atuação cênica e inovação musical com os batuques que remetiam à sonorização característica dos índios.
As apresentações seguem na noite de hoje na Pirâmide de Jackson do Pandeiro, com apresentações das quadrilhas Moleka 100 Vergonha, Expressão Junina, Rojão do Forró, Junina Cambebas, Pisada Nordestina e Filhos de Campina que iria se apresentar na sexta, mas foi transferida para o sábado. Na disputa acirrada, três das onze quadrilhas estarão classificadas para o concurso estadual Paraíba Junino 2017 que ocorrerá nos dias 16, 17 e 18 de junho na cidade de Patos.