Em meio à multidão que marca presença no Parque do Povo nos trinta dias do Maior São João do Mundo para prestigiar as mais diversas apresentações musicais e demais atrativos oferecidos pela festa, algumas pessoas acabam passando despercebidas aos olhares do grande público.
Enquanto alguns cantam, dançam e bebem, sem maiores preocupações, outros precisam trabalhar em pleno festejos juninos para garantir o sustento familiar. É o caso de Dona Rosângela Duarte, 46, que há dezenove anos consecutivos recolhe o lixo deixado pelos visitantes. Todo lixo descartado em local indevido significa mais trabalho para equipe de limpeza.
“Fico de seis da tarde às seis da manhã trabalhando. Consigo me divertir enquanto trabalho. A gente conhece várias pessoas de diferentes lugares. Quando acaba o São João volto a trabalhar como diarista”, disse. “Se todo mundo tivesse consciência com o descarte do lixo facilitaria bastante o meu trabalho”, completou.
Para ter acesso ao Quartel General do Forró é preciso passar por uma revista criteriosa na entrada para garantir a segurança de todos. Durante os trinta dias de festa Alexandro Silva, 33, chega a passar dedez a doze horas desempenhando sua função de segurança. “No momento estou desempregado, o São João vem sendo o meu ganha pão. Aqui ainda aproveito para me divertir ouvindo as músicas que gosto”, revelou.
Quando se fala em São João vem logo à mente o cheiro e o sabor do milho verde. Um dos responsáveis por manter essa tradição na culinária regional é Genilson Oliveira, 23, que pela primeira vez comercializa essa delícia nas dependências do Parque do Povo. “Chego a vender cem espigas de milho por dia. As vendas da semana passada foram melhores, mas está valendo porque consigo me divertir realizando meu trabalho”, conta o vendedor, pronto para atender mais uma leva de clientes que se aproxima.
O São João de Campina Grande também abre espaço para que os artistas populares possam mostrar sua arte. O casal de namorados, Isthar Montoya e Jorge Figueroa atravessaram a fronteira da Venezuela até chegarem a terra onde o forró reina. Os venezuelanos fazem apresentações circenses envolvendo malabares, monociclos e bambolês em chamas, encantando o público de todas as faixas etárias. “A gente veio de fusca do nosso país. Escolhemos Campina por causa da sua famosa festa junina. O dinheiro que recebemos com nossas apresentações usamos para abastecer o nosso velho transporte”, contou Isthar, fascinada com a magnitude da festa.
Mesmo estando escondidas entre a multidão, acompanhadas do fétido lixo, do vapor do milho verde, das grades de segurança ou até mesmo de malabares, estas pessoas seguem empenhadas em realizar seu trabalho com otimismo e determinação, cientes da importância de suas funções para a execução deste grande evento.