Há três dias da abertura oficial do Maior São João do Mundo, a noite de terça-feira (05), foi abrilhantada pela 5º edição do São João do Carneirinho, que uniu a liturgia sagrada e os festejos profanos com as artes populares nordestinas. “É uma forma de trabalhar as artes populares, a poética junina, de juntar o religioso e a fé do povo com as artes e com a liturgia. Tem a dança, a música, a poesia e religiosidade. É uma composição das artes com a fé do povo”, afirma a idealizadora do evento, Eneida Agra Maracajá.
Realizado pelo Festival de Inverno de Campina Grande-PB, junto à prefeitura da cidade e a Pró-Reitoria de Cultura da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o evento aconteceu na Casa Memorial Severino Cabral e reuniu artistas da terra, grupos folclóricos, muita música e religiosidade. A noite foi iniciada com a participação do ‘Coro em Canto’ da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com um repertório de músicas religiosas e de forró pé de serra que abrilhantaram o início do evento. Um dos momentos de mais atenção do público presente foi a celebração religiosa realizada pelo Padre José de Assis Soares, que destacou o papel e a importância do santo São João Batista, como profeta e precursor.
Além de momentos de religiosidade, a programação do São João do Carneirinho contou também com a apresentação de diversos grupos folclóricos como Acauã da Serra, Caetés, Tropeiros da Borborema, grupo Caísca de Dança e Cia de Dança Raízes. Criado há 32 anos o coreógrafo do grupo Acauã da Serra destacou a importância de evento como esses para a dança folclórica: “Todos os eventos que são feitos pelo Instituto Solidarium é muito importante, pois os incentivos a cultura paraibana estão acabando. Ele é ainda uma dos que buscam trazer eventos que contempla o folclore da região”. A noite continuou com a apresentação do ‘Concerto de 8 baixos’ do grande Luizinho Calixto e Percussão do Centro de Arte e Cultura ( CAC) da UEPB.
Com o público animado, e pessoas de todas as idades participando, cantando e dançando durante toda a noite a educadora Física Mônica Ribeiro, em conversa com a equipe do Repórter Junino afirmou que frequenta a festividade desde a sua primeira edição há cinco anos atrás, e percebe que o público vem crescendo a cada ano. Quando perguntada sobre o que o São João do Carneirinho representa ela afirma: “Ele traz as crenças antigas, poucas pessoas vêem o São João como antigamente. Conta a história através da religião e da cultura dentro do são João, do São Pedro e Santo Antônio.”
Homenagens
Com a presença de cantores da música paraibana como Biliu de Campina, Ton Oliveira, Alexandre Dantas, Capilé e entre outros que colaboram com a propagação da cultura da cidade, foram homenageados. O cantor Ton Oliveira participou pela primeira vez da festividade, “Muito feliz e honrado em estar aqui e presenciar essa mistura do religioso com o profano, e ver que tem pessoas se preocupando realmente com o São João não só como festa, mas sim como primo de Jesus Cristo, como São João, como santo que é. É muito importante, que isso sirva de exemplo também para outras pessoas, para que não esqueçam e a que gente não perca essa tradição. O cantor campinense e também um dos homenageados da noite Biliu de Campina ressaltou o valor do festejo para a cidade “É Campina mostrando sua cara para a Paraíba, para o nordeste para esse Brasil afora, está de parabéns.”
O encerramento da noite ficou por conta dos Três do Nordeste, criado a 49 anos pelo saudoso Carlos Albuquerque de Melo, o Parafuso como era conhecido, o grupo possui sucessos como “É proibido Cochilar” e “Forró do Poeirão”. Com uma nova formação composta por Curió no triângulo e voz, Luka na zabumba e Pingo na sanfona. “A festa do São João do Carneirinho é de fato uma cultura religiosa onde jamais poderíamos ficar de fora, um imenso prazer saber que essa nossa cultura ainda é muito forte no São João de campina grande”, afirmou o zabumbeiro do trio.
A noite foi encerrada com chave de ouro e muito forró pé de serra. O São João do Carneirinho há cinco anos vem ganhando espaço na cidade e principalmente a admiração por parte da população, deixando como legado em todas as edições que a fé e a cultura caminham juntas, sendo os protagonista da festa a cultura popular e a religiosidade.