Ao longo dos anos, o forró veio passando por metamorfoses sonoras. Em meados dos anos 80, os instrumentos eletrônicos chegaram para revolucionar um estilo de música que até pouco tempo viveu única exclusivamente de três instrumentos: sanfona, zabumba e triângulo. A introdução dos instrumentos eletrônicos deu uma nova roupagem a um dos estilos musicais mais apaixonantes da região nordeste. Categorizada por alguns como forró eletrônico, os instrumentos baixo, bateria e guitarra passaram a ganhar destaque em suas composições.
Quando o assunto é forró eletrônico, imediatamente alguns nomes são lembrados: Mastruz com Leite, Cavalo de Pau, Brasas do Forró, Calcinha Preta, Limão com Mel, dentre outros. Essas bandas juntas mudaram o cenário musical do nordeste e de toda uma época, introduzindo novos elementos, atitude e letras que falavam de verdadeiras histórias de amor.
Em 1989, o sanfoneiro Ivanildo Façanha Moreira (Didi) teve a ideia de misturar o forró nordestino com ritmos do sul do país, como o fandango e o “vaneirão, essa junção acarretou no surgimento da banda Brasas do Forró. O “forronerão”, como ficou conhecido o som que a banda fazia, pouco tempo depois se tornaria a marca registrada da banda e influenciaria tantas outras por toda a região nordeste.
Em 1997, a banda lançou seu primeiro álbum, pelo selo AM Promoções Artísticas, intitulado de “Calorão (Live)” o disco já trouxe de cara músicas que se tornaram verdadeiros hinos do gênero, como os sucessos “Pergunta sem Resposta” e “Todo tempo é pouco pra te amar”. O sucesso da banda fez com que uma das maiores gravadoras do país, a Warner Music, assinasse o contrato com o grupo, tornando-os ainda mais conhecidos no cenário nacional.
No final dos anos 90, a banda gravou o seu quarto CD, intitulado “Super IV”. Tal álbum renderia a eles o Disco de Ouro pela simbólica venda de mais de 100 mil cópias. Este disco trouxe, em especial, algumas das canções mais conhecidas da banda, como “Todo Tempo É Pouco Pra Te Amar” e “Pergunta Sem Resposta”, sucessos de seu álbum de estreia. Logo após essa marca histórica, veio o “Ao Vivo I”, em Fortaleza, considerado por muitos o álbum mais bem sucedido do grupo, atingindo a impressionante marca de mais de 1,5 milhão de cópias vendidas. Daí em diante a banda não parou mais, foram 13 álbuns de estúdio, 9 álbuns ao vivo e 6 DVD’s.
O sucesso dos cearenses abriu a porteira para que outras bandas pudessem beber da fonte e iniciar um verdadeiro movimento, muito parecido com o que as bandas de rock nacional fizeram nos anos 80, com os sucessos da Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial, em Brasília. Se o planalto central é conhecido como sendo a capital do rock, o Ceará pode receber o status de polo musical do forró eletrônico, e tudo isso por conta da ideia de Didi, fundador da Brasas do Forró, que resolveu unir o forró e o vaneirão, dois estilos distintos que tinham como principal instrumento a sanfona.
A banda conta atualmente com três novos integrantes: Zé Airton, Assum Preto e Wesley Ribeiro. Se hoje conhecemos bandas como Cavalo de Pau, Calcinha Preta e Limão com Mel, devemos agradecer a contribuição da Brasas do Forró. Em 1990, o forró era grande parte do mainstream na música nordestina e o sucesso da Brasas do Forró, serviu como fonte inspiração para outros grupos oriundos do Ceará e outros Estados. Por mais que isso pareça distante hoje em dia, o sentimento da época permanece vivo em grandes representantes do gênero na atualidade.