Já consolidados no calendário de Cabaceiras ou “Roliúde Nordestina” como é conhecida, os festejos destacados como “Festa do Bode Rei”, são conhecidos por gerar uma grande movimentação na cidade, e, em sua 21° edição, trouxe centenas de pessoas que compareceram para prestigiar os três dias de comemoração.
O evento possui um comércio popular e cultural muito amplo, no qual dispõe da caprinocultura que movimenta a administração e racionamento da cidade. A produção de couro e o leite da cabra para fabricação de iogurte e queijo, são alguns dos benefícios que favorecem a renda de dezenas de trabalhadores do ofício municipal.
A diretora do departamento de turismo, Mariana Castro, informou sobre a preparação para a chegada do festival: “Cabaceiras não só produz nesses três dias, a festa do Bode Rei é como se fosse uma prestação de contas. Durante o ano temos uma cadeia produtiva. O bode é nosso, e pelo clima e vegetação daqui, nós o aproveitamos em nosso favor. Antes o clima era um empecilho, mas agora traz benefícios para as pessoas. O que seria algo ruim como a seca ou falta de chuva, nós transformamos em esperança e economia.”
Segundo Mariana, a Roliúde Nordestina passou por fases no qual já houve vergonha e orgulho por parte da população. “Antes os moradores tinham vergonha de ser de Cabeceiras, mas depois que o filme da globo ‘O Auto Da Compadecida’ foi produzido por aqui, foi que eles começaram a perceber que são diferentes, e que essa diferença é boa. Hoje, estamos com mais de 40 produções audiovisuais no município, isso é algo que tende a crescer muito. Todo turismo que é divulgado durante os três dias de festas, serve como divulgação para todo o ano”, desabafou a diretora.
Muitos dos artesãos da localidade aproveitam a festa para ganhar uma renda extra. Davi Renovato, artesão da barraca “Arte na mão”, comenta a importância da arte do artesanato para a feira do Bode Rei: “É muito importante. Passo 25 dias produzindo tudo que será vendido, e graças a Deus vende muito bem na época da festa.” O artesão também contou que produz diversos tipos de arte que são vendidas na exposição: “Nós temos chaveiro de bode, cacto em três tamanhos, flores regionais, como a flor de mandacaru e uma variedades de produtos que são naturais, e também utilizamos a madeira, que é a madeira do cariri”, explica o escultor.
Gabriel Castro, artesão que trabalha com o couro para a barraca “Artesanato Bruno e Gabriel”, relatou como funciona a economia da cidade: “Produzimos bons produtos. É uma vitrine bem ampla e aqui é um lugar em que diversos artesãos trazem sua arte a procura de um emprego, e por sua vez, conseguem um rendimento extra, além da economia da cidade que circula de cinco a oito vezes mais”. O comerciante também salientou como é produzido sua mercadoria: “Ele é feito aqui, ele é tratado aqui lá no distrito de Ribeira. Tratam o couro do bode e fazem o produto. Produzimos essas peças durante um mês.”, explicou.
Tendo um alcance extremamente forte nos estados vizinhos, o festival, que ocorre na região Nordeste, acaba “seduzindo” turistas de várias outras regiões, que sentem-se instigados a conhecer a cidade e todos os atributos encontrados no evento, como é o caso de Carlos Richter (80) e sua esposa, que vieram do Rio de Janeiro para conhecer a Roliúde Nordestina. “É a maior festa do Sertão da Paraíba e eu estou gostando muito porque é uma grande oportunidade de conhecer uma parte do Sertão. Comprei uma carteira de bode que vem do povo mais famoso do nordeste”. Quando questionado se pretendia voltar a festa no ano que vem, o aposentado afirma rindo: “com certeza, pode me esperar no próximo ano”.
A cidade de Cabaceiras é um exemplo de evolução a ser seguido, tendo em vista toda sua história e o reconhecimento que possui atualmente. A festa do Bode Rei acontece todos os anos graças a equipe dedicada que a administra, promovendo a organização e gerando empregos para mais de 850 habitantes, que se unem em vários ofícios de produção vindos do bode, para que tudo ocorra bem.
A consequência de tal preparação, resulta no imenso número de pessoas que vêm para conhecer toda a produção, que gera um forte crescimento na economia local. Para Mariana Castro, todo esforço e dedicação dos meses anteriores ao evento valem a pena, “é cansativo e estressante, mas toda preparação existente durante os 11 meses de produção valem a pena.” encerra a diretora de turismo satisfeita com a 21° edição do Bode Rei.