O amor, que “arde sem se ver”, aqueceu o coração de 164 casais, na noite dos namorados, em Campina Grande.
O dia dos namorados (12) foi marcado pela 30ª edição do maior casamento coletivo do mundo, na pirâmide do Parque do Povo. Nesta celebração, 164 casais tiveram a oportunidade de oficializar sua união, na presença da juíza Ivna Mozart, que presidiu a cerimônia. Uma das novidades deste ano foi a celebração da primeira união de duas mulheres, que, superando tabus, realizaram o grande sonho de se unirem oficialmente.
O poema de Luís Vaz de Camões, que eternizou a definição de que “Amor é fogo que arde sem se ver”, está sendo retratado de forma simples, através da história de 3 dos pares que se casaram hoje. No segundo verso do poema de Camões, o poeta diz que “amor é ferida que dói e não se sente”, o que de forma sutil faz menção à história de Kamila Maciel (20) e Raila Barbosa (25), o primeiro casal de mulheres a se unir em matrimônio, na pirâmide do Parque do Povo. Elas se conheceram em um curso técnico que faziam juntas; depois de um tempo, e por iniciativa de Kamila, começaram a namorar escondido, devido ao fato de seus familiares não apoiarem a relação. Em consequência das diversas vezes que Kamila falava que gostaria de se casar, Raila acabou por organizar os papéis para inscrição do casório. Elas relatam que o casamento coletivo é uma oportunidade de mostrar a diversidade e incentivar outros casais que são oprimidos pela sociedade.
Já o sétimo verso do poema, em que o poeta português diz “é nunca contentar-se de contente” combina bem com o casal Márcio Santos (30) e Maria das Graças (30). Ela conta que se conheceram através do irmão dele e começaram a ter uma maior proximidade; um dia, antes de ir à igreja, Maria foi à casa dele e acabou rolando o primeiro beijo, resultando em uma paixão que dura nove anos; eles têm dois filhos, um de sete anos e outro de três anos, e neste dia dos namorados estão muito felizes por poder realizar o sonho de se unirem legalmente.
O nono verso “é querer estar preso por vontade” traz semelhança com a história de Roseane Maria (22) e Alisson da Silva (24). A noiva relata que, no início do relacionamento, não tentou se aproximar porque pensava que ele tinha namorada, mas, na verdade, era sua irmã. Após descobrir tal fato, começaram a conversar definitivamente e depois de um tempo iniciaram o namoro. Esta relação não teve aprovação inicial da mãe de Alisson, pois esta achava que Roseane ainda tinha contato com o antigo relacionamento, mas, com o passar dos anos, ela foi aceitando a relação. Houve muitas brigas, como em qualquer relacionamento, e também uma separação; entretanto superaram e mostraram que o amor vence qualquer dificuldade, e hoje também estão se casando no maior São João do Mundo.
A coordenadora do casamento coletivo, Giseli Sampaio, enfatizou que esse projeto ocorre há 30 anos e tem por finalidade proporcionar aos casais que residem em Campina Grande e distritos circunvizinhos a participação em uma cerimônia sem qualquer custo para eles. A prefeitura de Campina Grande, através da Secretaria de Cultura, proporciona-lhes todos os trâmites cartoriais, vestidos de noiva, ternos, bolo, festa, buquê. É um evento muito concorrido, as inscrições ocorreram em março, quando começa a ser desenvolvido esse projeto. A cada ano, o número de casais aumenta; já disseram o sim, em 15 anos, nesta cerimônia, nada menos que 4.200 casais.
Dentre os festejos juninos, é uma importante celebração ao santo casamenteiro Santo Antônio. Esse projeto vai além da questão cultural, faz parte de uma realidade de casais que se encontram em situação de vulnerabilidade e, em grande parte das vezes, não têm dinheiro para realizar uma festa de casamento.