Copa do Mundo e festas juninas: a galera explode de emoção

Campina Grande, 18 de junho de 2019  ·  Escrito por Pâmela Vital  ·  Editado por Edson Tavares  ·  Fotos de Thiago Albuquerque

Brasil emplaca 1×0 contra a Itália e garante classificação para a próxima fase no Mundial Feminino.

Um primeiro tempo acirrado deixa os telespectadores tensos a cada jogada.

Na tarde desta terça feira, 18, a seleção feminina de futebol participou do seu terceiro e último jogo contra a Itália, antes das oitavas de final da Copa do Mundo. A cidade de Valenciennes, na França, foi palco de uma decisão acirrada entre o Brasil e uma de suas adversárias mais fortes do Grupo C.

A partida teve direito a várias chances de pontuação, gols anulados devido à posição de impedimento da jogadora da seleção italiana, faltas e cartão amarelo, o que resultou no suado 1×0 para o time da capitã Marta, eleita seis vezes a melhor do mundo.

A equipe do Repórter Junino esteve presente em um dos locais de maior movimentação de Campina Grande, o Partage Shopping, para assistir à partida. No telão, disponibilizado em sua Praça de Alimentação, diversos clientes aproveitaram a promoção “Fome de Terça”, com descontos especiais nas lanchonetes e restaurantes, como um atrativo a mais para saírem de casa sob a persistente chuva e se confraternizarem.

Com o público majoritariamente feminino, aos poucos, as mesas em frente à La Suissa, Pizza Hut e o Bonaparte foram sendo preenchidas por torcedores ainda tímidos, porém esperançosos. “Estávamos na UFCG quando soubemos que o shopping estaria mostrando o jogo. Viemos correndo e tivemos sorte ao ver o anúncio de que, em alguns momentos, exibiriam a partida”, falou a professora de língua portuguesa Luana Alves, 27, acompanhada pela estudante de engenharia elétrica, Marta de Lima, 21, ao ser questionada sobre o local de escolha para acompanhar a disputa.

Enquanto garantiam o combustível para torcer pela seleção feminina, Marta afirmou que já conhecia um pouco do trabalho do time, pois seu pai era torcedor ferrenho de ambas as seleções, independentemente de gênero. “Muitas pessoas vieram a conhecer não apenas Marta ou Formiga, mas todas as jogadoras, depois dessa grande veiculação, mas meu pai foi quem sempre estimulou a igualdade entre nós; e acho que foi por isso que sempre buscamos saber sobre as meninas”, comentou.

Ela ainda lamentou não ter sido declarado ponto facultativo nos Órgãos Públicos e empresas privadas, da mesma forma que acontece na Copa do Mundo masculina. “Lutamos para sermos vistas com respeito pelos homens, temos os mesmos direitos, mas são momentos como esses que não vemos essa realidade virar uma prática”, falou.

O primeiro tempo passou e era possível ver as expressões de lamento nas faces dos telespectadores, uma vez que o placar estagnava no mero 0x0. Com um empate, o Brasil poderia dizer adeus à chance de continuar na competição e, assim, o sonho sonhado junto, desapareceria.

Torcedora e jogadora de futsal, Rayana Natiele, concedendo entrevista durante intervalo do jogo.

Então, o intervalo chegou, trazendo a jogadora de futsal, Rayana Natiele, 18, com seu grupo, para a mesa ao lado da equipe RJ. Unindo o útil ao agradável, a bandeja com um combo de hambúrguer, batata e refrigerante se estendia na mesa a sua frente, refletindo o marketing bem feito da promoção do shopping.

Conversando sobre o que achava da iniciativa de veículos de comunicação finalmente estimularem e exibirem jogos de times femininos, Rayana falou: “Faço parte das mulheres que gostam de futebol e sei o quanto falta para haver a real atenção para o esporte. Nós ainda somos consideradas como nada, mas são iniciativas como essas, de mostrar a todos a nossa competência, que poderemos mudar essa visão”. Continuou dizendo sobre a importância do gesto simbólico de Marta em negar um patrocínio de empresas por um valor inferior ao dos jogadores. “Ela está mais que certa! Somos tão boas quanto eles, não há motivo para separação”, enfatizou.

O início do segundo tempo foi tenso. Torcedores já faziam um bolão, alguns até de forma negativa para o Brasil, até que a árbitra assinalou o pênalti em prol da seleção canarinho. Com um chute certeiro no canto direito da trave, Marta completou seus 17 gols em Mundiais, sendo o sétimo de bola parada.

A multidão foi ao delírio. Gritos de incentivo reverberavam por toda a praça, tirando do seu posto, por instantes, até mesmo quem estava trabalhando. A timidez havia dado lugar à alegria. Quanto mais a noite se aproximava, mais curiosos se juntavam em frente ao telão, para ver os minutos finais do jogo.

Não foi para menos. Marta, Cristiane, Debinha, Andressinha, Ludmilla, mulheres que decidiram correr atrás de seu sonho, garantiram o placar final de 1×0, para felicidade da nação brasileira e a classificação para a próxima fase do torneio.

Após o encerramento, a equipe de reportagem voltou a se encontrar com uma sorridente Nayara, que, ao descer as escadas rolantes, despediu-se dizendo: “Tá vendo? Não acertei o bolão de 2×0 só por um, viu? Fica pra próxima!”. Agora cabe à seleção masculina continuar o sentimento de vitória, goleando a Venezuela na Copa América, logo mais, às 21h30, no estádio da Fonte Nova, em Salvador.

Vibração do gol de pênalti batido por Marta, capitã do time.

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