O batuque cadenciado dos tambores marcava o ritmo da música, acompanhada pelos Povos de Terreiro presentes ao evento, e pelo público em geral.
O multicultural São João de Caruaru apresentou, no dia 16, no Palco Azulão, espaço alternativo onde todas as tribos se encontram, a Noite Afro-religiosa, com celebração da Fogueira de Xangô, numa verdadeira congregação dos chamados Povos de Terreiro, mas também com a presença de um considerável público admirador da arte sacro-musical.
A noite teve início com uma breve solenidade oficial, em que algumas personalidades da cidade foram homenageadas por integrantes dos Terreiros do município, a exemplo da secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Perpétua Dantas: “A Fogueira de Xangô é um evento que já existia, mas este ano nós ampliamos o espaço, para garantir a oportunidade dessas pessoas manifestarem sua cultura, sua matriz religiosa. Nesse tempo de fundamentalismo, de violência contra a população de Terreiro, de perseguição, a realização dessas manifestações culturais é símbolo de resistência e luta”, explicou Perpétua.
Em seguida, foi realizado o Xirê, uma roda de oração e canto, em que são evocados os orixás, para que protejam e guiem os trabalhos da noite. Na sequência, a cantora Chris Mendes subiu ao palco e a festa ganhou um clima de adesão, pois o público presente à Rua Visconde de Inhaúma, onde o Palco é localizado, integrou-se ao ritmo contagiante da música de ascendência negra.
A Banda Jurema Preta, que encerrou o evento, deu um show à parte, contagiando a todos com sua musicalidade afro, na primeira noite que evidencia a cultura africana, e que, a partir deste ano. Incorpora-se ao calendário junino de Caruaru.
Rodrigo Ferreira, que faz parte desse segmento religioso-cultural, foi enfático: “Eu vejo este evento como uma grande oportunidade de a gente difundir mais informações, informações corretas, que mostrem realmente o que é a nossa religião, o que realmente a gente vivencia, dentro dos nossos terreiros. É um momento muito importante, em que a gente, além de celebrar nossos orixás, que são o foco de nossa vida, nós podemos mostrar um pouco da cultura, nós podemos desmistificar muitas coisas ditas em torno de nossa religião e que, na verdade, não fazem parte dela. Este é um evento que nos fortalece muito”, concluiu.