Amor pelo forró: O encanto da “Orquestra Sanfônica” no Parque do Povo

Campina Grande, 22 de junho de 2019  ·  Escrito por Renato Douglas  ·  Editado por Edson Tavares  ·  Fotos de Matheus Pereira

O talento e o amor pela tradição nordestina estão presentes nesse grupo potiguar, formado por músicos de várias idades.

 

Gerações que respiram cultura e amor pelo forró. São eles, os jovens do grupo “Orquestra Sanfônica de Parnamirim – RN”, que desembarcou no quartel general do forró após uma apresentação na abertura do “São João do Carneirinho”, tradicional festa realizada em Campina Grande – PB.

A sanfona que perpassa gerações.

O grupo é misto e formado por crianças e jovens que desejam desenvolver a musicalidade. São “pequenos grandes” artistas, que, apesar da pouca idade, mostram ter talento de sobra, quando o assunto é executar um bom forró e fazer quem está passando por perto apreciar e logo se animar para seguir no ritmo da sanfona e puxar um “dois pra lá, dois pra cá” com o pés.

“Eu estava passando aqui perto da pirâmide, vi esse grupo de adolescentes e crianças com sanfonas e zabumba e logo corri para apreciar esses artistas. Porque são sim, artistas. Isso aqui é cultura pura. E é lindo ver quando vêm e incentivando desde quando crianças a terem um acesso a isso”, falou João Morais, 32, sobre o grupo. E ainda completou: “Minha intenção era olhar e tirar algumas fotos, mas acabei dançando, embalado pela energia que esses jovens transmitem.”

Renato Barbalho, coordenador do “Orquestra Sanfônica”, conta que o projeto recebe total apoio da prefeitura da cidade e fala do prazer e alegria que é estar no Maior São João do Mundo, mesmo espontaneamente, já que não foram convidados: “já tocamos agora há pouco, na abertura do São João do Carneirinho, e viemos ao Parque do Povo pra dar essa oportunidade às crianças do projeto que ainda não conheciam o São João de Campina Grande. Esse projeto é uma iniciativa social, que visa manter essa nossa cultura nordestina de forró sempre viva, ainda mais num meio junino como esse, aqui em Campina, que tem tudo a ver.” Ele ainda fala do importante papel social que a música pode exercer na sociedade: “isso também é para mostrar à sociedade que o jovem, a criança e o adolescente têm outros caminhos, a não ser criminalidade. Então esse é o intuito do projeto, que já estamos desenvolvendo há mais de 4 anos, na cidade de Parnamirim-RN. E temos ainda a esperança de, no ano que vem, poder estar aqui em algum desses palcos, porque hoje estamos aqui no improviso.”

Renato Barbalho idealizador do projeto, conta da felicidade de ver jovens tendo esse amor pela cultura nordestina.

O talento nato de todos que participam do grupo é visível; em alguns casos, é um dom que já vem de família e passa de geração em geração. Um exemplo é o jovem Zé Hilton Filho, de 20 anos, que herdou o dom de tocar sanfona do seu pai, o conhecido compositor e sanfoneiro Zé Hilton do Acordeon, que já compôs grandes sucessos do forró como “Tentativas em vão”, sucesso na voz de Wesley Safadão, e a música “O que tem que ser será”, que foi uma das músicas de forró mais conhecidas do ano de 2004, com a banda Aviões do Forró. “O que me incentivou a tocar foi o pessoal em volta, o meu pai que também toca, então já vem de família, né? Eu comecei a pegar o instrumento desde quando tinha 5 anos de idade e até hoje eu estou por ai, tocando em vários lugares.” E o jovem faz questão de demonstrar toda a admiração que sente pelo pai: “Inclusive, meu pai ganhou, há dez anos atrás, aqui em Campina Grande, um concurso, e o prêmio foi  uma sanfona Leticce, do Amazan” pontuou o jovem talento.

Yasmin Brito encanta com seu canto e interpretação.

O gosto pela música nordestina, faz os pequenos despertarem a vontade de participar do projeto, o que é bem evidente na pequena Yasmin Brito, de apenas 11 anos de idade. Ela é uma das principais vocalistas do grupo e nos conta quanto o projeto ajuda na sua desenvoltura como artista:  “Desde muito pequena, eu comecei a tomar gosto pela música, principalmente a nordestina.” E concluiu: “Essa desenvoltura minha é muito por causa do projeto e também porque eu sinto a música dentro de mim. Então isso me ajuda a ter segurança no palco.”

Já o pequeno Mateus da Silva, de 9 anos, que está aprendendo tocar sanfona no projeto, não foi de muitas palavras, mas no pouco que falou, deixou claro que o desejo pela música nordestina veio desde muito cedo, quando sua mãe o incentivou a entrar o grupo. “É… porque minha mãe escutava muita música, aí a gente se importou pela música do forró e entramos no projeto orquestra sanfônica”,  concluiu.

E é assim que funciona: o forró segue vivo e encantando cada geração. Todos se sentem contagiados pelo ritmo da zabumba, do triângulo e da sanfona.

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