Documentários sobre o “invisível” do São João são produzidos pelo Repórter Junino

Campina Grande, 3 de julho de 2019  ·  Escrito por Rafael Costa e Steffanie Alencar  ·  Editado por Fernando Firmino  ·  Fotos de Yago Paolo e Rafael Costa

 

 

 

Yago Paolo, do curso de Jornalismo, é o diretor do documentário sobre São João Alternativo. Foto: Rafael Costa

Em meio à correria do mês de junho, os estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB e de Comunicação Social – linha Educomunicação da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, integraram a equipe do projeto Repórter Junino para a produção de documentários voltados para temáticas que abrangem o São João de Campina Grande.  Ao todo, foram gravadas cinco produções, que serão lançadas ao decorrer do mês de julho. Estes documentários têm o apoio do edital do Proext 2015/MEC/SESu (Programa Nacional de Extensão Universitária) do Ministério da Educação executado pelo Projeto Repórter Junino.

O Repórter Junino é um projeto que está há 14 anos fazendo a cobertura dos festejos juninos e da cultura popular, trabalhando com a temática da cultura nordestina e servindo como laboratório para alunos que desejam ingressar no mercado de trabalho. Sob supervisão dos professores Fernando Firmino, um dos idealizadores do projeto, e do também professor da Universidade de Estadual da Paraíba, Kleyton Canuto, os alunos organizaram toda a produção necessária para que as gravações fossem feitas.

A ideia de produzir os curtas surgiu no ano de 2018 quando o professor Fernando Firmino convidou o professor Kleyton Canuto para coordenar a equipe de audiovisual do Repórter Junino. “Na ocasião, montei uma equipe com cerca de 15 pessoas e discutimos uma pauta diferente do que a cobertura dos festejos comumente abordava”, comenta Kleyton.

O professor diz que a cobertura da festa pode ser bem maior do que a mídia campinense e nordestina costuma cobrir. “O principal consenso que tínhamos era que o São João é muito maior do que o Parque do Povo ou as festividades oriundas do comércio de eventos local e que isso não era evidenciado, havia uma fronteira invisível por parte da mídia hegemônica. Então, procuramos temas que tocassem nessas fronteiras invisíveis e surgiram as propostas de documentários”, explica.

 

Parte da equipe dos documentários viajando pelo interior da Paraíba para captação de imagens da festa rural e suas manifestações mais genuínas.

O Projeto

O projeto, que vem sendo pensado desde o ano passado, só veio ganhar forma neste ano devido à complicações logísticas que envolviam a produção de um produto midiático como esse na época, porém, o professor conta que apesar das dificuldades os documentários estão em um processo bem avançado e que toda a logística que atrapalhou a execução no ano passado ficou mesmo no passado. “Nesse ano procurei me antecipar, reiterar a participação por parte da equipe que estava comigo ano passado e agregar mais alunos interessados, além de selecionar outros cinco alunos via edital de chamada”, ao todo a equipe conta com 28 alunos dos cursos de Jornalismo e Educomunicação, da UEPB e UFCG, respectivamente.

Sobre os temas abordados pela equipe responsável pelos documentários, foram escolhidos festas de São João nos bairros e na zona rural, transsexualidade e os festejos das religiões não cristãs nesta época e também o São João alternativo, que busca mostrar outros ritmos nordestinos além do forró e todo engajamento do ativismo cultural da cidade.

Comidas típicas e milho assado fazem parte dos registros dos documentários

Yago Paolo, responsável pela produção do documentário sobre o ‘São João alternativo’,  conta a importância de estar trabalhando em um projeto que preserva a cultura dos festejos juninos: “É de suma importância registrar um São João alternativo ao modelo que encontramos em Campina Grande. O resgate histórico do tradicionalismo das festas juninas e a inserção de práticas regionais, presentes no cenário das gravações, engrandece a nossa cultura e deve ser exaltado”, explica o estudante.

Outra aluna que está engajada nas produções é Sarah Cristinne, que participou das gravações do documentário sobre os festejos juninos na zona rural e relatou um pouco de sua experiência com o curta. “Seu Madruga me ensinou a passar no arame farpado, me disse quando é que o milho tá bom pra tirar, me ensinou muita coisa”, conta a aluna, descrevendo o aprendizado que adquiriu através de um dos personagens do documentário pelo qual estava responsável.

Kleyton mostra-se empolgado com a equipe que montou para, por fim, concluir um ciclo na universidade onde leciona. “Esse projeto será minha última ação enquanto professor da UEPB, nesta minha passagem. Espero deixar um bom material para vocês, além de ter a honra de compartilhar o pouco de conhecimento na área que tenho”, e mostra-se bastante motivado com o resultado que está por vir. “Minhas expectativas são as melhores e sei que vão correspondê-las, agora que conseguimos dar fluidez e dinamizar a logística das produções”, conclui.

O coordenador do Repórter Junino, Fernando Firmino, reforça a pertinência desses documentários para o projeto: “O professor Kleyton Canuto com sua equipe de alunos está trazendo para o projeto Repórter Junino uma vertente que sempre queríamos adotar, que é o de produção audiovisual, tendo em vista nossa parceria com Canal Futura e o edital Proext 2015 e o potencial que o audiovisual tem. Fico feliz que este ano tenhamos concretizado, por meio dessa equipe engajada, cinco documentários,” enfatizou.

Os documentários já estão em fase de pós-produção, mas ainda sem data para serem lançados, porém, todo material produzido estará disponível no site do Repórter Junino ao decorrer do mês de julho, conforme estratégia traçada pela equipe responsável pelos documentários.

Gravação com o vendedor de fogos de artifício, Zé Galo, do distrito de São José da Mata, em Campina Grande. Ele mantem a tradição dos fogos. Foto: Rafael Costa

 

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